14 de out. de 2012

Abrindo e Fechando Círculos de Comunicação




Durante o tempo que passam no chão, quando você faz questão de seguir a liderança de seu filho e interpretar seus interesses e iniciativas, ele geralmente terá vontade de, por sua vez, interpretar o que você fez ou disse. Este processo é designado “abrir e fechar círculos de comunicação”. Se seu filho movimenta seu carrinho e então você movimenta seu carro paralelamente ao dele ou diz “Onde estamos indo ?” ou “Minha boneca pode dar um passeio no seu carro ?”, você está abrindo um círculo de comunicação. Se ele então gesticula ou verbaliza de volta para você, elaborando uma ideia sobre o seu comportamento ao dizer “Vamos para casa !” ou simplesmente bate com o carro dele contra o seu enquanto lhe lança um olhar astucioso, está fechando este círculo de comunicação. Sua parceria divertida com seu filho baseia-se não apenas na capacidade de ele tornar a iniciativa mas também em responder e utilizar a informação que você compartilha com ele. Essa habilidade de sintonizar com um parceiro e trabalhar sobre sua resposta é o que torna a comunicação verdadeiramente interativa. Mesmo quando a resposta de uma criança é um simples “Não” ou “Psiu”, ela está fechando o círculo de comunicação que seu parceiro abriu.

Fonte: Texto retirado do Livro: Filhos Emocionalmente Saudáveis, Íntegros, Felizes e Inteligentes – Greesnpan.

Estimulando Habilidades Motoras Finas e Grosseiras




O tempo no chão (floortime) é uma grande maneira de praticar de forma indolor tarefas motoras finas. Exercícios organizados, tais como sentar a uma mesa e escrever as letras do alfabeto, podem ser terrivelmente difíceis para algumas crianças. Por outro lado, criar um cardápio de faz-de-conta para apresentar aos fregueses de seu restaurante de faz-de-conta podem imitar um exercício motor fino semelhante de uma forma inteiramente diferente. Na medida em que você usa sua ingenuidade e trabalha tais atividades no ritmo da sua brincadeira de faz-de-conta, seu filho certamente irá divertir-se muito.

Atividades motoras grosseiras representarão obviamente uma grande parte de seus jogos na hora do chão. Saltar, pular corda e dançar podem caber perfeitamente em uma peça infantil. Cenas de caça, rodeios e balés são bons ingredientes de faz-de-conta também. Se tais atividades são difíceis demais para a criança com problemas motores grosseiros significativos, você poderia começar sugerindo cenários mais simples.

Fonte: Texto extraído do livro “Filhos emocionalmente saudáveis, íntegros, felizes e inteligentes” de Greenspan

Relatos de Autistas sobre a Dificuldade no Processamento Sensorial



Independente das conclusões dos trabalhos científicos que pretendem responder se há ou não alterações sensoriais nos autistas, é possível encontrar inúmeros relatos autobiográficos de autistas que descrevem em detalhes peculiaridades na forma como percebem os estímulos sensoriais. Alguns estímulos aparentemente comuns são percebidos como algo estressante, causador de medo e ansiedade. Outros, como fontes de grande prazer e satisfação.

           Temple Grandim, atualmente uma mulher de aproximadamente 50 anos, PhD e professora universitária nos EUA, há vários anos conta em livros e congressos médicos a sua história como autista. No seu livro autobiográfico, Emergence: labelled autistic (1986), ela descreve como os movimentos giratórios lhe traziam prazer e segurança:

“Preocupada intensamente com o movimento giratório de uma moeda ou tampa, não via ou ouvia nada. As pessoas ao meu redor ficavam transparentes. Nenhum som se intrometia na minha fixação. Era como se eu fosse surda. Mesmo um barulho alto não me despertava do meu

mundo. Mas quando eu estava no mundo das pessoas, eu era extremamente sensível aos barulhos”. (Grandin & Scariano, 1986,p.23).

Temple Grandim (1992), relata que seus problemas sensoriais, estavam presentes desde a infância. Refere que sua percepção auditiva é como um aparelho de audição com o volume quebrado no máximo ou como um microfone aberto que pega qualquer barulho. Diz que não consegue modular os estímulos auditivos que estão chegando, e que o barulho de um shopping center ou de um secador de cabelo são extremamente desconfortáveis para ela. Barulhos altos e que surgem de surpresa são uma tortura (fogos de artifício, por exemplo). Diante deste panorama, segundo Temple Grandin, só existem duas possibilidades: ficar "ligada" e sofrer com a enxurrada de sons ou se desligar. Por este motivo, segundo ela, muitos autistas oscilam entre reagir de forma exagerada ou não reagir diante de um estímulo auditivo.

Em alguns momentos, uma criança com autismo tampa os seus ouvidos para evitar sons dolorosos e em outros se comporta como se fosse surda.

Grandin afirma que, ainda hoje, ocorrem momentos em que sua audição desliga (shuts off) e que isto pode ocorrer durante uma conversação ou quando esta ouvindo uma música no rádio. 

Para White & Withe (1987), pais de um autista, as anormalidades na percepção sensoriais seriam a origem dos problemas dos autistas. Ressaltam a inconsistência das respostas aos estímulos: por vezes parecem não ouvir, ver ou sentir dor; em outros momentos, reagem de forma desproporcional a um estímulo. Darren Withe, filho dos autores White & Withe (1987), descreve suas dificuldades sensoriais para perceber estímulos auditivos. Relata que seus ouvidos parecem trocar subitamente o volume dos sons ao seu redor: a fala de outra criança em um determinado momento parece tão baixa que ele nem consegue ouvir e, em outro, soa como um tiro, tendo a sensação de que vai ficar surdo. Da mesma forma, o barulho de um aspirador de pó ou de um liqüidificador é capaz de causar terror. Relata que na segunda série participou de uma ida com a escola para o zoológico e que, nesta ocasião, o barulho do motor do ônibus e os barulhos dos animais quase o fizeram "sair da própria pele". Mas que na volta do passeio, ao contrário, não conseguia ouvir o barulho do motor do ônibus. Darren conclui dizendo que estes sintomas melhoraram com o tempo, mas que antigamente pensava que estas alterações aconteciam com todas as pessoas e por isso não comentava com ninguém sobre este assunto.

            Donna Williams (1996) descreve de forma bastante rica e detalhada os problemas que apresenta como autista para processar a informação sensorial. Refere uma dificuldade para acompanhar o fluxo de informação que chega a ela através dos sentidos ("problema de conexão"), e que parte deste problema se apoia na dificuldade para processar simultaneamente estímulos sensoriais de diferentes modalidades. Exemplifica dizendo que é incapaz de processar simultaneamente as informações de um estímulo tátil (alguém tocando o seu braço) e as informações de um estímulo visual (alguém apontando para algo). Nesta situação, caso processe o estímulo tátil, o estímulo visual fica sem significado, mesmo que haja uma vaga percepção de cor ou forma. Prossegue defendendo a existência de mecanismos involuntários (não conscientes) de compensação para amenizar os problemas no processamento da informação. Cita que em alguns momentos parte do seu sistema de processamento de informação desliga (shutdowns), deixando o seu cérebro disponível para processar de forma completa um canal sensorial de cada vez. Este mecanismo de compensação previne ou corrige uma sobrecarga sensorial, no qual o volume de informação supera a capacidade de processamento. Para ilustrar este mecanismo de shutdowns, a autora pede para o leitor imaginar a seguinte situação: uma loja de departamentos muito grande na qual trabalha somente um funcionário. Se um cliente necessitar de algo no departamento de sapatos enquanto o funcionário estiver ocupado com um pedido no departamento de brinquedos, certamente o cliente do sapato não encontrará ninguém. Os shutdowns seriam como fechar determinados departamentos da loja para poder suprir adequadamente a demanda em outro. Relata que muitas vezes as atividades repetitivas tem como objetivo (mesmo que não consciente) fechar canais sensoriais que estejam funcionando como agente distrativos. No seu caso, correr em círculos funcionava desta maneira, diminuindo a sobrecarga sensorial.

         Com relação à hipersensibilidade sensorial, Donna Williams (1996) relata que em determinadas situações (principalmente naquelas onde há sobrecarga sensorial) um estímulo tátil, visual ou auditivo pode se tornar tão intenso e doloroso que se torna naturalmente aversivo. Trata-se de uma situação flutuante, mas que quando ocorre traz em si uma dificuldade de concentração e impossibilidade para aprender algo novo ou relaxar. Os autistas que experimentam de forma muito freqüente ou constante este estresse sensorial, muitas vezes se sentem aliviados ou mais calmos durante atividades repetitivas como balançar o tronco ou as mãos.

Cesarone & Garber (1991) relatam peculiaridades sensoriais encontradas em dois autistas de alto funcionamento (high functioning) de 27 e 13 anos. O mais velho (Jim), relata uma alteração da sensibilidade tátil, especialmente na face, que o deixa confuso com relação ao local e natureza do estímulo. Refere-se ao estímulo tátil como algo muito intenso, por vezes doloroso. Para Jim, processar o estímulo sensorial é algo muito complicado. Relata que, por vezes, os canais sensoriais se confundem, e que fica difícil dizer por qual via sensorial um determinado estímulo está chegando. Exemplifica citando o fato de que, em alguns momentos, os sons chegam como cores ou podem ser acompanhados por uma vaga sensação de forma, textura, odor ou sabor. Refere que um determinado estímulo interfere no processo de percepção de outro: para ler uma placa de trânsito, desliga o rádio; para testar o gosto de algo na cozinha, desliga os eletrodomésticos. Jim teoriza que podem existir estímulos "gatilho" capazes de desorganizar de imediato o processo sensorial. No seu caso, diz que sons de baixa freqüência (como os encontrados em determinadas músicas) são capazes de desencadear a desorganização sensorial, tornando a percepção de outros estímulos muito confusa.

Albert, o outro autista descrito por Cesarine & Garber (1991), refere que os estímulos táteis são muito intensos e que doem. Para Temple Grandin (1992), os estímulos táteis também trazem dificuldade para o dia-a-dia. Relata que determinados tecidos ou roupas causam grande desconforto, e que é muito difícil se adaptar à sensação de usar saia quando está acostumada com a sensação de usar calça.

Com relação a estes relatos autobiográficos, é importante que fique claro que a maioria se origina de autistas de alto funcionamento (high functioning) , com capacidade verbal para expressar como percebem determinados estímulos sensoriais. Não necessariamente esta percepção corresponde à forma como representantes de outros subgrupos percebem os estímulos sensoriais. De qualquer modo, estes relatos autobiográficos abrem caminho para se compreender determinados comportamentos que, a princípio, parecem sem sentido para os não-autistas.

No dia-a-dia da prática clínica, também surgem relatos com relação às peculiaridades sensoriais. Observações de pais e relatos de autistas reforçam as questões levantadas acima.

Autistas de alto funcionamento perguntam por que os sons doem tanto nos seus ouvidos. Dizem odiar o som dos fogos de artifício, do liqüidificador e da descarga do banheiro. Recentemente, uma adolescente relatava que o barulho da sala de aula lhe era insuportável e referiu melhora dos seus sintomas quando passou a usar um protetor de ouvido de natação para ir à escola.

Pais referem que determinados estímulos táteis (como por exemplo, a presença de uma etiqueta na roupa) é capaz de causar desespero nos seus filhos. São observações muito importantes de serem compreendidas, pois muitas vezes são fatores desencadeantes de graves distúrbios do comportamento (como ataques de birra). A procura de uma relação de causa e efeito entre um determinado estímulo sensorial e um comportamento inadequado, é fundamental no sentido de elaborar estratégias para amenizar estes problemas no dia-a-dia.

Certamente este tipo de avaliação tem que ser realizada no ambiente real da criança. Dificilmente em um ambiente estranho, no qual se está realizando um experimento, representará de modo fiel o ambiente natural da criança.

Fonte: PROBLEMAS SENSORIAIS E DE ATENÇÃO NO AUTISMO: UMA LINHA DE INVESTIGAÇÃO (tese de Carla Gikovate) – parte do texto. Recomendo !!!

TDA/H - Dicas para ajudar com as Tarefas e Estudos em Casa


A criança deve ser estimulada a realizar as tarefas escolares e a estudar em casa. A família pode desempenhar importante papel neste sentido, esclarecendo sobre as conseqüências de estudar ou não, despertando o interesse e tornando o estudo compatível com as metas da própria criança. Além disso, é importante não cobrar resultados, mas sim desempenho. As dicas abaixo, fornecem diretrizes para a família auxiliar a criança com as tarefas e com o estudo em casa.
 
Orientações para Auxiliar as Tarefas Diárias
1. Ouvir e respeitar a opinião da criança em relação a local e horário preferidos para a realização
das tarefas escolares e para o estudo; se o local inicialmente escolhido for inadequado, incentivar
gradualmente mudanças na direção desejada.
2. Alternar estudo e tarefas escolares com outras atividades, como assistir televisão e brincar.
3. Respeitar limites de tempo de concentração da criança, não exigindo além do que esta pode
realizar.
4. Auxiliar no planejamento de tarefas que exigem maior tempo de concentração (ex. dividir livro
em capítulos, lendo um ou dois de cada vez).
5. Planejar a realização de tarefas escolares de forma a não coincidir com atividades prazerosas
para a criança (ex. fazer tarefa em horário diferente do horário do programa de televisão favorito).
6. Treinar sempre, repetidamente dia após dia, a criança com TDAH, deve aprender a reavaliar
e mudar seu plano inicial, é uma das tarefas mais importantes que os pais podem fazer para
ajudar.
7. Reforçar a criança a cada passo do planejamento executado com sucesso; aumentar gradualmente
o nível de desempenho exigido para a liberação do reforço.

Fonte:
Transtorno de Déficit de Atenção / Hiperatividade (TDAH): Orientações para a Famíla

Rosimeire C. S. Desidério / Maria Cristina de O. S. Miyazaki

Porque é que a Terapia Ocupacional é importante para as crianças com autismo?

Neste artigo a terapeuta ocupacional Corinna Laurie, que exerce funções em contexto escolar e é diretora da “ Evolve Children’s Therapy...