18 de mar. de 2013

Alimentação e Bebê



O ponto essencial da intervenção nos primeiros meses de vida é a satisfação das necessidades básicas. Umas destas necessidades é a alimentação. Precisamos tentar tornar o momento da alimentação prazeroso por meio de um contato corporal agradável e do olhar de um para o outro. A posição em que a criança vai ser alimentada deve ser adequada e confortável para ela e para a mãe. Uma postura inadequada, como, por exemplo, quando a criança está com retração de cabeça (cabeça para trás), pode ser a causa de muitas dificuldades para engolir ou para conseguir ter o contato visual com a mãe ou com a comida. Devemos sempre ter em mente posições que ajudem a criança a se organizar para frente (enrolamento para frente), seja no colo, na “calça da vovó” (calça de brim de adulto recheada com pedaços de espuma) ou numa cadeira de bebê, se possível.

Se as dificuldades na alimentação foram grandes, precisaremos da ajuda ou orientação de um fonoaudiólogo como também de um médico para que as necessidades da criança sejam supridas.

É importante observarmos e respeitarmos o paladar da criança, a textura adequada da comida e o tempo de que ela precisa para se alimentar. Nesta fase, a hora de comer deve ser usada como ponto de ligação da criança com a mãe, e não se transformar em um momento de “brigas” com a criança. Se estas dificuldades interferem na formação do laço afetivo da criança com a mãe, uma outra pessoa poderá se encarregar de alimentá-la.

Outra necessidade básica da criança é o movimento. Se uma criança ainda não faz trocas posturais sozinha, é importante planejar variações posturais durante o seu dia, de maneira que, de tempos em tempo (por exemplo, a cada meia hora), bruços, sentada ou em pé no colo do adulto. Estas mudanças proporcionam à criança novos estímulos táteis, proprioceptivos, vestibulares e visuais.

Algumas vezes precisaremos de mobília adaptada para proporcionar uma boa postura e prevenir deformidades futuras. É importante cuidar para que braços e mãos não fiquem “largados” e estejam sempre apoiados sobre uma almofada, mesinha ou o próprio corpo. Isto lhe trará maiores chances de realizar movimentos com os braços e as mãos.

A criança precisa sentir-se bem e segura na posição em que for colocada, especialmente se não formos ficar juntos com ela naquele momento.

É importante que a criança, aos poucos, aprenda a aceitar novas posturas e novas formas de ser manipulada para progredir no seu desenvolvimento. Ficando por muito tempo em posições inadequadas, a criança não poderá progredir nem interagir com o seu ambiente.

Por meio dos manuseios nos cuidados diários, a criança vai ganhar os estímulos proprioceptivos necessários para o seu desenvolvimento psicomotor.

Os momentos de higiene e troca são muito ricos em interação. São a possibilidade de fazer novas aprendizagens sensoriais, motoras, sociais e intelectuais. Por isso, é importante que a criança seja manuseada de forma adequada, e que tenhamos tempo disponível, pois o bebê vai precisar de tempo para se adaptar às situações.

A repetição destes momentos de higiene e troca durante o dia vai ajudar a criança a reconhecer estas situações, aceitá-las, e, muitas vezes, nestas circunstâncias é que aparecerá o primeiro sorriso. Para tanto, é preciso que não haja mudanças nos lugares onde o banho e as trocas acontecem. Alguns objetos como caixinha de música, luz ou bonequinhos podem tornar estes lugares muito queridos. E é especialmente importante que haja rotina. Observamos sempre suas expressões corporais, suas mímicas e seu choro, pois é deste modo que a comunicação vai acontecendo.

As trocas posturais e as manipulações nas horas do banho, do vestir, do carregar, e mesmo nos exercícios durante as terapias que a criança freqüenta podem muitas vezes provocar choro. Este choro geralmente acontece pelas dificuldades que a criança pode apresentar em integrar as informações proprioceptivas, táteis e vestibulares que está recebendo, e isto gera desconforto, susto e mesmo dor, que podem levar ao medo do movimento. Choro é comunicação. Devemos atendê-lo prontamente, e, assim, a criança vai percebendo que pode agir sobre o ambiente – comunicar-se. Com o tempo vamos conhecendo melhor a criança e podemos saber se o choro é de “reclamação”, dor ou mesmo de pavor. Saberemos, então, respeitá-la e até onde poderemos ir naquele momento.

Para ajudar a criança a integrar estas informações vestibulares, táteis e proprioceptivas, estes manuseios precisam acontecer muitas vezes por dia dentro de uma rotina conhecida pela criança e durante o tempo que for suportável para ela.

Poderemos utilizar algumas técnicas que facilitam este processo de integração dos estímulos, como, por exemplo, enrolar a criança numa pequena manta ou fralda e carregá-la desta maneira. Poderemos oferecer um tipo de estímulo de cada vez (por exemplo, só estímulos táteis sem muitos sons; observar se não estamos falando demais; observar se a luz do ambiente não é muito forte) o que pode ajudá-la a se organizar.

O balanço proporciona um estímulo vestibular que auxilia na integração das informações sensoriais pelo cérebro. Podemos, assim, fazer do balanço um hábito antes de manipular a criança, preparando-a para as manipulações. O balanço pode acontecer no próprio colo do adulto ou colocando a criança num cobertor.  

Muitas crianças gostam e organizam-se melhor depois de uma tapotagem ou vibração óssea. Temos tido também boas esperiências com a massagem Xantala (massagem indiana para crianças). O importante é observar a criança e fazermos aquilo que ela gosta, pois assim poderá integrar os estímulos que está recebendo. Jane Ayres diz que “gostar significa integrar os estímulos”.

Todo o manuseio do bebê se torna mais rico e agradável quando os pais conversam com ele, cantam para ele suas canções preferidas, e fazem brincadeira. Logo o bebê será capaz de reconhecer com quem está e de adaptar-se a esta pessoa.

Um momento agradável de interação entre pais e a criança é o brincar juntos. São brincadeiras corporais como balançar, brincar com as mãos, pés e barriga que proporcionam grande satisfação nesta fase.

Podemos introduzir alguns objetos como um bichinho de borracha ou boneca de pano, um chocalho, uma boa macia, um móbile ou um brinquedo musical, que podem ficar pendurados como móbiles próximos da criança e que, por isso, já chamam a sua atenção. Devemos ter cuidado em escolher objetos que não machuquem quando a criança bater neles acidentalmente.

Uma fralda, um travesseirinho ou uma chupeta podem acompanhar a criança quando for levada a lugares diferentes.

Precisamos encorajar e dar oportunidades ao bebê (deitando-o de lado, por exemplo) para olhar para o rosto das pessoas e para os objetos, assim como para começar a acompanhar visualmente os deslocamentos dos objetos. Deste modo, terá chances de, antes mesmo de pegar os objetos com as mãos, “pegá-los com os olhos”.

Este é o começo da interação !


Atividades e Brincadeiras para o Bebê

1.    Carregá-lo no colo.
2.    Balançá-lo no colo levemente.
3.    Tocar no seu corpo, suas mãos e seus pés.
4.    Chamar sua atenção falando com ele e aproximando nosso rosto do dele de forma que ele possa observar o movimento dos nossos lábios e tentar imitá-lo.
5.    Cantar para ele as canções que já tenha ouvido durante a gravidez ou outras e ir observando suas preferências.
6.    Usar uma caixinha de música no trocador da criança, estabelecendo um ritual nos momentos de troca.
7.    Fazer do banho um momento de grande prazer, mas se a criança chora no banho, tentar iniciar o banho com a criança posicionada de barriga para baixo, apoiada sobre nossa mão e antebraço, e imersa na água para não sentir frio.

Fonte: O bebê, o pequerrucho e a criança maior (Ursula Heymeyer e Loraine Ganen)

A Importância de se contar histórias infantis



Ao entrar no universo infantil, o adulto fascina a criança. Elas adoram ouvir histórias. Ficam na expectativa de saber se a princesa de cabelos dourados vai fugir da torre. Torcem pelos irmãos que enfrentam a bruxa malvada.

Envolvem-se e encantam-se. Os pais deveriam ler sempre para os filhos.É um momento especial.A criança depara com os adultos falando com voz diferente, um brilho alterado no olhar, movimentos ou expressões faciais incomuns. A mudança no comportamento dos pais fascina os pequenos.

O resultado desse momento tão particular não poderia ser diferente: a hora do conto se eterniza na memória.
Os pais devem valorizar essa rotina, pois contar histórias é uma forma de aprendizado.

-Entonação -Nada é mais entediante para uma criança do que uma leitura monótona. A voz dramatiza a história.Mas cuidado para não exagerar.

-Ler ou contar -Tanto faz.Improvisar exige mais criatividade.Mas a leitura é também uma ótima ferramenta. Cria no filho a idéia de que as histórias moram nos livros.
 
-Cenário -Não é preciso muita elaboração para criar cenas. Um simples lápis que se transforma em vara de condão ou um lenço que vira uma capa mágica são capazes de encantar a criança.
 
-Estabeleça um momento do dia para a história, como antes de dormir. Mas não há regras,pode também contar as histórias durante as viagens de carro e também aproveita as refeições para prender a atenção das crianças.
 
-Não obrigue a criança a ouvir histórias quando ela não quer.
 
-Tente não mudar o enredo das histórias. Crianças pequenas pedem que se repita várias vezes a mesma história. Esperam determinadas partes só para confirmar que as ouviram antes. É assim que também vão compreendendo melhor o conto.
 
Dicas de livros para cada idade

Entre um ano e meio e três anos: Nas crianças menores,entre os brinquedos livros de papelão, plástico ou pano, contendo gravuras que permitirão a criança explorar o ambiente pelo tato e nomear os objetos.

 
Até os 3 anos-O enredo deve ser curto, contendo humor e mistério, com repetição dos elementos para a manutenção de sua atenção.As crianças assimila melhor enredos com crianças, bichinhos, brinquedos ou animais com características humanas, ou seja, que falam e têm sentimentos.
 
Dos 3 aos 6 anos-as histórias devem abusar da fantasia com reviravoltas no enredo e também de crianças ou animais como personagens. Os contos de fada são imbatíveis.
 
Aos 7 anos, leia aventuras em ambientes conhecidos, como a escola, o bairro, a família. As fábulas continuam em alta.Revistas em quadrinhos.
 
Aos 8 anos- as fantasias mais elaboradas (Mágico de Oz, Alice no País das Maravilhas, Harry Potter) são ideais.
 
A partir dos 9 anos- histórias de explorações, viagens, as invenções, os enredos humorísticos prendem a atenção, assim como os contos de mitos e lendas.
 

7 de mar. de 2013

Problemas de coordenação motora elevam risco de criança ter depressão



Dificuldades na realização de atividades do cotidiano, como escrever ou correr, podem desencadear problemas emocionais de jovens em idade escolar

Crianças que apresentam sintomas de transtorno do desenvolvimento da coordenação (TDC) aos sete anos de idade podem correr maior risco de sofrer de depressão e outros problemas de saúde mental a partir dos dez anos. Essa é a conclusão de um estudo divulgado nesta segunda-feira no periódico Pediatrics e desenvolvido na Universidade de Bristol, na Grã-Bretanha.
 
Crianças com transtorno de desenvolvimento da coordenação (TDC) têm problemas de habilidade motora e encontram dificuldades em realizar atividades do cotidiano, como amarrar o cadarço, andar de bicicleta, escrever e praticar esportes.
Nessa pesquisa, foram analisados dados de 6.902 crianças que haviam participado do Estudo Longitudinal de Pais e Filhos Avon. Os especialistas se basearam no Manual de Diagnóstico e Estatística para Distúrbios Mentais e aplicaram testes para determinar se as crianças tinham o transtorno de desenvolvimento da coordenação. Os participantes e seus pais também responderam a questionários sobre as características de comportamento e saúde mental das crianças.
Ao todo, 346 crianças analisadas apresentavam o transtorno aos sete anos de idade. Aos dez anos, elas tinham duas vezes mais chances de terem depressão e quatro vezes mais riscos de apresentarem outros problemas de saúde mental.
 
De acordo com os autores do estudo, grande parte dessas dificuldades não se deve ao transtorno em si, mas aos problemas que ele acarreta, como falta de autoestima, problemas de relacionamento e dificuldades no desenvolvimento escolar. Para os especialistas, a prevenção e os cuidados com a saúde mental de uma criança devem fatores chave na abordagem dos jovens com problemas de coordenação motora.

CONHEÇA A PESQUISA

Título original:
Mental Health Difficulties in Children With Developmental Coordination Disorder

Onde foi divulgada: periódico Pediatrics

Quem fez: Raghu Lingam, Marian J. Jongmans, Matthew Ellis, Linda P. Hunt, Jean Golding e Alan Emond

Instituição: Universidade de Bristol, Reino Unido

Dados de amostragem: 6.902 crianças

Resultado: Crianças que, aos sete anos de idade, sofrem de problemas de desenvolvimento de coordenação motora têm duas vezes mais chances de apresentarem depressão e quatro vezes mais riscos de demonstrarem outros problemas mentais aos dez anos de idade

Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/saude/problemas-de-coordenacao-motora-elevam-risco-de-crianca-ter-depressao



Saiba mais:


TRANSTORNO DO DESENVOLVIMENTO DA COORDENAÇÃO (TDC)
O Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação (TDC) ocorre quando há atraso no desenvolvimento de habilidades motoras ou dificuldades para coordenar os movimentos, que resultam em incapacidade da criança para desempenhar as atividades diárias.

O diagnóstico pode ser feito pelo médico, que vai se certificar de que:

1) os problemas de movimento não são devidos a qualquer outro transtorno físico, neurológico ou comportamental conhecidos;

2) se mais de um transtorno está presente. As características das crianças com TDC geralmente são notadas primeiro por aqueles mais chegados a elas, pois as dificuldades motoras interferem no desempenho acadêmico e/ou nas atividades de vida diária (ex.: vestir, habilidade para brincar no parquinho, escrita, atividades de educação física).

Acredita-se que o TDC afete 5% a 6% das crianças em idade escolar e tende a ocorrer mais freqüentemente em meninos. O TDC pode ocorrer sozinho ou pode estar presente na criança que também tem distúrbio de aprendizagem, dificuldade de fala/linguagem e/ou transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH).
Fonte: CanChild Centre for Childhood Disability Research
Tradução: Lívia C. Magalhães, Ph.D., TO (UFMG). Revisão: Jacinta Ribeiro

Porque é que a Terapia Ocupacional é importante para as crianças com autismo?

Neste artigo a terapeuta ocupacional Corinna Laurie, que exerce funções em contexto escolar e é diretora da “ Evolve Children’s Therapy...