18 de jul. de 2013

INTEGRAÇÃO SENSORIAL E DISTÚRBIOS ESCOLARES



À aproximadamente 40 anos, A Jean Ayres, terapeuta ocupacional, americana empenhou-se em tentar descobrir as razões que fazem com que a criança não consiga aprender como as outras e os problemas que isso acarreta.
Focalizou seu trabalho em distúrbios de aprendizagem, perceptivos e de comportamento, deu início a um longo processo que continua até hoje.
Muitas crianças têm problemas de aprendizagem e comportamento devido a um distúrbio de funcionamento cerebral conhecida como DISFUNÇÃO CEREBRAL MÍNIMA (DCM). Estas crianças geralmente parecem normais e algumas se situam na faixa média ou até superior nos testes de inteligência.
Estas crianças não conseguem integrar os estímulos sensoriais à nível encefálico como as crianças normais e podem gerar problemas de comportamento, de aprendizado, de linguagem, no brincar, habilidade de entender e relacionar-se com outras pessoas.

É mais comum em meninos do que em meninas. As causas da DCM podem ser: infecções, traumas, problemas durante a gravidez, fatores genéticos, experiências precoces na vida da criança, traumas emocionais, disfunção auditiva e disfunção visual.

As crianças com DCM podem ser erroneamente classificadas como preguiçosas, mimadas, desatenta, etc e futuramente sofrem insucesso na aprendizagem ou no relacionamento com outras pessoas
A Integração Sensorial pode ser compreendida como a capacidade de organizar informações sensoriais do próprio corpo e do ambiente de forma a ser possível o uso eficiente do corpo no ambiente.

Desenvolvimento da Integração Sensorial de 0 a 7 anos

0 a 2 anos
Aprende através de estímulos sensoriais, adapta comportamento reflexo à ação com objetivo, brincar exploratório, atinge a homeostase exploratória, auto-regulação de alerta e atenção.
Nesta fase é importante o contato físico, abraços apertados,músicas,massagem principalmente na planta dos pés, balança, gira-gira, guerra de travesseiros.

2 a 4 anos
Integração dos lados do corpo, cruzamento da linha média, desenvolvimento das reações de equilíbrio, desenvolvimento de esquema corporal, planejamento motor grosso, imitação no brincar.
Nesta fase é importante jogos direcionados a desenvolver a habilidade entre as duas partes do corpo (jogar bola para pegar com a mão direita ora com a esquerda e ora com as duas o mesmo se repete para com os pés e outras partes do corpo), sentar a criança sobre o skate e desliza-la, coloca-la em balanças de cavalo, brincar na rede, brincadeiras em frente ao espelho para imitar, andar em cima de pneus, pular com os dois pés dentro e fora do pneu e depois dificultar par pular com um pé de cada vez, etc.

5 a 7 anos
Melhora da habilidade de discriminação sensorial e de planejamento motor fino, estabelece a lateralização e o brincar passa a ser social.
Aqui a criança já é capaz de pular corda, andar de patins, skate, bicicleta, jogos com bola passam a ter maior habilidade, jogos com raquete, etc

Assim a criança que pula fases ou não as vivenciam de maneira positiva podem vir a apresentar distúrbios de aprendizagem futuramente.
Não existe uma regra. Pode ser que haja crianças que passem sem apresentar distúrbios mas há a chance de uma criança que não tenha vivenciado estas fases e apresentem alguma dificuldade na escola ser decorrente de uma disfunção de integração sensorial.


Existem testes específicos que devem ser aplicados por um profissional habilitado e a criança apresenta melhoras rápidas e importantes ao ser submetida ao tratamento de integração sensorial.

Ao perceber sintomas procure uma terapeuta ocupacional especializadas em distúrbios infantil.

Desenhar ajuda a desenvolver percepção, emoção e inteligência


No começo, o que fica no papel são alguns rabiscos sobrepostos em várias camadas. A mão tenta equilibrar o lápis, ainda sem muita firmeza, e o limite físico da folha é quase sempre ultrapassado. Tudo é espaço para expressão e não há limites para o movimento. Uma parede vazia, o assento de um sofá e até o próprio corpo viram lugares para o registro dos primeiros traços da criança. Se a mãe não ficar de olho, logo o braço ganha um protótipo de tatuagem ou o tapete, uma pintura abstrata.

Quando dá seus primeiros passos no desenho –que neste momento inicial recebe o nome de garatuja– a criança está mais interessada no efeito surpreendente que produz ao passar o lápis sobre o papel do que em representar qualquer coisa. Predomina a imaginação.

Segundo Lourdes Atié, socióloga e especialista em educação infantil pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), é possível que, ao ser questionada sobre o significado do que desenhou, a criança até descreva uma história mirabolante, mas nem sempre sabe realmente o que quis dizer com aquilo. Na maior parte das vezes, a descrição da cena vem só para satisfazer o adulto.

Para Lourdes, os pais também não devem ficar o tempo todo perguntando o significado do desenho, elogiando-o ou criticando-o. "O ideal é deixar a criança à vontade para criar o que quiser e, sozinha, manifestar a vontade de falar ou não sobre o resultado com o adulto".

Evolução
É com o passar do tempo –e com os estímulos oferecidos à criança– que o desenho evolui, passa a ter formas mais precisas até que enfim apresenta figuras mais nítidas e bem definidas.

"O desenvolvimento da criança permite que ela faça desenhos que se estruturam progressivamente de modo mais elaborado. No entanto, o desenvolvimento intelectual e o físico são condições necessárias à evolução do traço, mas não suficientes, pois, na falta de oportunidades para desenhar e de orientações adequadas, o desenho fica estagnado ou estereotipado", diz Rosa Iavelberg, especialista em desenho e professora da Faculdade de Educação da USP.

De acordo com Teresa Ruas, terapeuta ocupacional especializada em desenvolvimento infantil, diversos comportamentos expressam aspectos importantes do desenvolvimento: a forma como a criança pega o lápis, como explora a extensão do papel, a escolha, a identificação e a nomeação das cores, a designação do que foi desenhado.

Teresa afirma que não se pode esquecer das influências ambientais e da personalidade da criança. "Tem aquela que adora desenhar e tem aquela que não gosta muito". Segundo ela, a preferência ou não pelo desenho não tem um significado, apenas mostra que cada pessoa é um individuo único e difere da outra em termos de características, desejos e motivações.

Rabiscar, desenhar, escrever
E quais são os benefícios de desenhar? Os primeiros registros gráficos são importantíssimos na vida da criança, eles são o embrião do processo que a levará, de fato, a desenhar, a pintar e, mais tarde, a escrever.

O desenho é um passaporte para um mundo de imaginação, livre expressão e autoconhecimento. "Assim como a brincadeira é a linguagem que a criança tem para se relacionar com o mundo, desenhar também é", declara Lourdes.

Segundo Rosa, da USP, o desenho permite que ela se manifeste de maneira autoral, crie realidades e participe de trocas simbólicas com outras crianças e adultos por meio dessa linguagem.

"Ela aperfeiçoa seus desenhos e pinturas porque cada novo trabalho tem como ponto de partida as experiências anteriores. Ao mesmo tempo em que se projeta no que cria, a criança incorpora experiências de participação social por intermédio da sua arte, porque faz interlocução com quem lê suas produções, com o que produzem seus colegas e, se tiver oportunidade, com desenhos e pinturas de artistas”, diz Rosa. Quando é estimulada a desenhar, desenvolve percepção, emoção e inteligência.

O desenho infantil é o resultado de tudo o que a criança aprendeu e da conquista da organização dos gestos e dos materiais utilizados para a confecção de suas produções. Os primeiros rabiscos servem de base para que futuramente a criança tenha uma maior facilidade em ampliar o seu conhecimento de arte. E para que isso aconteça devem ser oferecidas a ela várias possibilidades para que se expresse e, assim, melhore suas habilidades motoras e enriqueça seu repertório.

Não limite, estimule
Deve-se oferecer à criança contato com materiais bem diversificados. Papéis de várias texturas, pincéis, lápis e canetas de espessuras diferentes, tintas coloridas, a variedade estimula novas ideias e perspectivas. A cada oportunidade de testar um novo material, um novo posicionamento diante da atividade surgirá.

"O potencial de criação que uma criança tem é enorme e ela não tem preconceitos quando se expressa", declara Soraya Lucato, educadora e artista plástica que trouxe para o Brasil o Cloliê, método que utiliza a pintura para incentivar a livre expressão.

Normalmente, é o adulto quem diz “não é assim que se faz”, “você pintou o sol de azul, mas ele é amarelo”, “você esqueceu a porta da casa, toda casa tem porta”. “E se ele não quiser mesmo colocar a porta no desenho?”, questiona Soraya. "De repente, não é mesmo para ninguém entrar nessa casa, de repente a entrada é pelo telhado ou por uma passagem secreta".

Portanto, resista à tentação de impor regras e padrões quando seu filho estiver exercitando o desenho. Deixe-o o mais livre possível na atividade. "Quem padroniza, limita. A criança fica feliz quando não é cobrada, diz a socióloga Lourdes. Segundo Soraya, a partir do momento em que a criança descobre o próprio traço e que é capaz de fazer coisas sem compromisso estético, além de romper barreiras no desenho, leva isso para a vida, como experiência.


O que é brincar ?


Brincar é uma das formas mais naturais de expressão dos bebês e das crianças. A gente sabe que é gostoso, importante e legal, mas sempre pairavam algumas dúvidas em minha cabeça. E aí fiz um bate-bola com a Teresa Ruas, especialista em desenvolvimento infantil. Vejam ;)
- Muitas mães se sentem aflitas dizendo que não conseguem brincar com seus filhos. O que é, exatamente, brincar?
Brincar é um momento de livre interação, de descobertas, de experiências, de vivências e de muita aprendizagem … seja ele com os pais, com um brinquedo, com materiais diversos ou simplesmente sozinha. Não existe uma receita pronta ou um conjunto de atividades específicas que caracterizem o brincar, pois ele existe de diferentes formas.
- Podemos considerar que o cuidar, como trocar fralda, dar banho e alimentar, por exemplo, também seja brincar?
Estas atividades acontecem todos os dias e tem certas regras para serem realizadas, por isso a caracterizamos como atividades da vida diária. Ou seja, atividades que acontecem cotidianamente e são voltadas para o auto cuidado/ cuidado pessoal. Mas nada impede que essas atividades recebam uma quantidade de ludicidade (característica presente no brincar). Um exemplo é quando imaginamos com a criança que a colher é um avião e a comida tem que parar no aeroporto (boca).
- Brincar com os pais é tão bom para o desenvolvimento como brincar com outras crianças?
Brincar é essencial para o desenvolvimento de qualquer ser humano, não apenas para a criança. Brincar com os pais, com outras crianças, sozinho ou com os primos são experiências diferentes, são vivências de relações afetivas diferentes e extremamente importantes!
- O que pode acontecer a uma criança que é privada de brincar?
Muitos problemas e dificuldades ao longo de todo o seu desenvolvimento. As pesquisas pontuam atrasos no desenvolvimento neuropsicomotor e cognitivos, dificuldades afetivas e na interação social, assim como problemas de aprendizagem, entre outras.
- O que é necessário para brincar? Brinquedos? Canções? Que tipo de brinquedos?
O momento de brincar envolve um contexto lúdico, de imaginação, de criação e de descobertas. Se este período estiver permeado de recursos que auxiliam ainda mais a imaginação, a aprendizagem característica da idade que a criança se encontra e a criação, como brinquedos, canções e materiais do dia a dia da criança e de sua família,  a criança potencializará ainda mais este momento lúdico.

A importância de brincar

A brincadeira ajuda no desenvolvimento da criança e aproxima pais e filhos

Houve uma época em que a genética era considerada a única responsável pelo desenvolvimento das crianças. Por isso, era muito comum mães e pais deixarem seus filhos brincando sozinhos, em um canto da sala. Hoje, os especialistas acreditam que as experiências vividas pelas crianças em seus primeiros anos de vida e o papel dos adultos nessa fase são fundamentais para que elas cresçam de forma saudável. Além disso, essa interação afeta diretamente o comportamento que as crianças apresentarão na vida adulta.
Um dos momentos de maior interação entre pais e filhos é, sem dúvida, a brincadeira. Transformar a hora do banho em um momento especial, contar histórias antes de dormir e brincar de casinha são alguns bons exemplos de atividades que ajudam a tornar os pais agentes ativos no desenvolvimento dos seus filhos. Quando conduzidas por adultos, as brincadeiras podem ficar mais ricas pelas experiências e conhecimentos que eles possuem e passam adiante para os pequenos em um momento de descontração.
É importante lembrar que, além da brincadeira dirigida, a que é livre e sem regras também é fundamental para o desenvolvimento das crianças. É nesse momento que elas soltam livremente a imaginação e exploram o mundo ao seu redor. Uma criança que não brinca e que não passa por experiências lúdicas prazerosas, de descoberta e de conhecimento de suas habilidades e dificuldades na infância, tem uma grande probabilidade de se tornar um adulto com dificuldades sociais e afetivas.
Aceite o convite do seu filho, brinque e deixe a imaginação liderar os momentos que vocês têm juntos. E lembre-se: ter pouco tempo disponível não é um problema, desde que você se entregue por inteiro.
 
Fonte: http://mundogloob.globo.com/programas/area-dos-pais/materias/importancia-de-brincar.html      Por Teresa Ruas é terapeuta ocupacional especializada em desenvolvimento infantil

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