18 de dez. de 2013

O importante é ser feliz


Reflexão para pais de crianças deficientes e autistas
  
Gostaria de abordar um assunto, que causava muita ansiedade nas mães e pais de alunos deficientes mentais que eu atendia – O que seus filhos seriam capazes de aprender, se chegariam à alfabetização, e se poderiam exercer alguma atividade profissional no futuro. O que observava era que os responsáveis, faziam um enorme relato das limitações dos filhos, e esqueciam de ver suas potencialidades.

Certo dia, uma mãe se aproximou e começou seu relato, onde não restaria quase nada que seu filho pudesse fazer. Ela estava angustiada e só enumerava as limitações da criança deficiente. Deixei-a falar e depois olhando-a fixamente respondi – Bem, eu já sei o que seu filho não pode fazer, agora quero saber o que ele sabe fazer, que talento ele possui? Diante de seu silencio, pude perceber que ela não estava atenta ou sequer imaginava que seu filho pudesse ter algum talento.

Depois de muito pensar ela disse – “A única coisa que ele gosta de fazer e jogar botão”. Perante a resposta da mãe respondi que íamos começar a estimular seu cognitivo, a partir do que ele gostava de fazer, ou seja, através de uma partida de botão, poderíamos desenvolver suas eficiências para que estas suprissem suas deficiências.

Em outra ocasião, uma mãe bastante preocupada, me disse que seu filho deficiente mental ainda não havia se alfabetizado, e gostaria muito que ele fosse engenheiro. Olhei-a e disse O que e mais importante para você, a felicidade de seu filho ou ele conseguir ter uma profissão?`

Esses relatos aconteceram há alguns anos atrás e o leitor, talvez pense que esta situação hoje em dia seja diferente. Ledo engano. Em uma conversa com pessoas próximas, pude perceber que infelizmente para alguns pais, o importante não e ser feliz, e sim ter uma profissão formalmente reconhecida pela sociedade.

Existe um casal, que tem uma filha que nasceu com um problema em uma área do cérebro, e necessitava de uma cirurgia. Esta criança, que encontrei em uma festa de aniversario (quando tinha feito a primeira inserção cirúrgica), apresentava ensejos de socialização, tentando se aproximar das outras crianças, mas parecia segundo minha observação informal, ter alguma dificuldade para se inserir ao grupo. Passado algum tempo, foi submetida à segunda cirurgia bem delicada, que consistia em inserir no cérebro uma válvula. A operação foi realizada com sucesso. A partir daí, soube que os pais alem da escola regular, ainda contrataram um professor particular para que ela conseguisse acompanhar a turma. Esta situação causou um estresse tão grande na menina, que ela começou a apresentar um quadro caracterizado por crises convulsivas e vômitos.

Volto a questão primordial – O que os pais de filhos deficientes não devem preferir filhos felizes aceitos em suas limitações e sendo estimulados em suas deficiências, ou adultos frustrados tentando alcançar metas as vezes impossíveis para eles? Espero sinceramente que escolham a segunda opção.


Fonte: Muito Especial | Maria da Salete Ferreira Dias

10 de dez. de 2013

A importância de deixar o bebê brincar no chão


Algumas mães relutam um pouco em colocar seus bebês no chão para brincar, mas a partir do quarto mês de vida, a gente começa a ganhar novas habilidades motoras, como rolar o corpo para os lados e, mais tarde, conseguir sentar sozinho. Então, pra estimular estas movimentações, nada melhor do que deixar a gente brincar no chão sobre um edredom ou tapete lúdico para gente brincar e explorar o ambiente à vontade.
E nada de receio, mamães de plantão. Com os cuidados certos e a gente só tem a ganhar com essa atividade.
Se até agora o seu bebê passou a maior parte do tempo entre berço, carrinho e colo, é hora de expandir esses horizontes. Os sabidos fizeram um estudo que comprova que as criança que cresce com liberdade para se movimentar, o que inclui brincar no chão, têm um desenvolvimento mais rápido.
É que brincar no chão, além de desenvolver a motricidade e fazer com que ossos e músculos sejam fortalecidos, também estimula a percepção e ainda serve de treino para gente aprender a engatinhar.

Como estimular seu bebê?

Mamãe me coloca de bruços sobre um edredom macio. Uma boa idéia é forrar o chão com um piso emborrachado e divertido, como aqueles que se encaixam em módulos e formam um grande quebra-cabeça ou um daqueles tapetes lúdicos.
Ela ainda coloca meus brinquedinhos à minha volta e, quando eu consigo alcançar um deles, a mamãe e o papai fazem a maior festa comigo. Mas eles estão sempre atentos e quando eu me mostro cansado, eles não insistem ;)
Cuidados necessários
Não precisa ficar com medo de colocar seu bebê para brincar no chão, é só garantir que o ambiente seja seguro e limpo. Evite lugares perto de escadas, janelas e quinas de móveis.
Cuidado com objetos que quebram com facilidade ou que sejam perigosos de alguma forma ao alcance da criança. Proteja todas as tomadas da casa, guarde os tapetes escorregadios e recolha os fios de aparelhos elétricos que as vezes ficam à mostra.
O ambiente deve ser limpo com pano úmido, mas não precisa exagerar na dose. A gente precisa também de um pouco de vitamina “S” de sujeira ;) Lembre-se que um lugar “esterilizado” demais dificulta a criação dos tais anticorpos que defendem o nosso organismo.
Se o seu bebê já sabe sentar sozinho, como é o meu caso, coloque algumas almofadas em volta para quando seu bebê perder o equilíbrio e tombar, não machucar a babeça ou o rostinho.
Eu sempre tombo e isso é irritante. Eu choro, mas é pela frustração por ter tombado. Mas mamãe sempre se mostra tranquila quando isso acontece, daí vejo que não tem problema e continuo tentando.

5 de dez. de 2013

Mas … e o que é BRINCAR?


Muitos autores estudaram o brincar e falam sobre o seu potencial para desenvolver a imaginação, a criatividade, a organização do pensamento, competências motoras e sensoriais, a atenção, a linguagem, aprendizagem de conceitos, a capacidade para ultrapassar medos e conflitos emocionais, etc.
Então como é que podemos definir o BRINCAR? E o que é que o distingue de JOGAR, TRABALHAR ou outros comportamentos?
São 6 os factores que definem as características do Brincar:
1. Motivação intrínseca: a criança quando brinca está intrinsecamente motivada e não se baseia em normas sociais, espectativas dos outros ou recompensas externas. Quando BRINCA a atividade é feita porque quer e porque lhe dá prazer.
2. O BRINCAR está focado nos meios e não no produto final: a criança quando BRINCA auto define os seus objetivos que pode ir alterando à medida que BRINCA. Por isso Brincar é espontâneo. O facto de estar focada nos meios e não no produto final diferencia o BRINCAR da realização de trabalhos.
3. Ao BRINCAR a criança esta centrada nela própria em vez de estar nos objetos: isto diferencia os comportamentos exploratórios do BRINCAR. O comportamento exploratório centra-se num objecto pouco conhecido e é Guiado pela necessidade de obter informação sobre ele:” O que é que este objecto faz?”. No BRINCAR o comportamento é centrado no próprio e é guiado pela questão: ”O que é que eu posso fazer com este objecto?”.
4. O BRINCAR não é limitado pelos objetos: O BRINCAR não se limita à atividade qual a qual se assemelha. Por exemplo a criança não está só a cozinhar, mas está a brincar aos restaurantes. Os objetos são tratados como se fossem outra coisa há uma qualidade de faz de conta no BRINCAR que os distingue de outros comportamentos.
5. O BRINCAR é livre das regras impostas externamente: isto diferencia o BRINCAR de fazer jogos e a flexibilidade é a característica principal.
6. Ao BRINCAR a criança envolve-se ativamente: BRINCAR é diferente de estados passivos ou de fazer atividades com aborrecimento e pode incluir BRINCAR com as ideias ou com as palavras (por exemplo quando as crianças inventam uma língua nova)
Sabemos que o brincar tem um poder mágico para abrir o potencial da criança, especialmente quando está limitada pela doença ou qualquer outro problema.
Observemos as nossas crianças que sabemos com um horário tão ocupado de atividades e tentemos perceber: Será que brincam? Terão oportunidade para deixar que o potencial Mágico do BRINCAR possa abrir todo o seu potencial?

Atividade extraescolar, seu filho precisa?



As atividades extraescolares têm aproveitado, cada vez mais, a brecha deixada pela sobrecarga de tarefa dos pais, escassez de ajuda doméstica e falta de espaço público e segurança (só para citar alguns exemplos) e se transformado num grande negócio. Um negócio que vende a ideia de que a criança precisa descobrir potencialidades, aprimorar habilidades e adquirir conhecimentos para estar mais preparada para enfrentar o mundo competitivo. De fato, a criança precisa de todos estes recursos, e é por isto que estas atividades são tão atraentes. Elas vão de encontro com a demanda de muitos pais que buscam freneticamente suprir as necessidades do filho para que ele seja completo e não fique em desvantagem. Um modelo perfeito nos mundo dos negócios, mas delicado sob o ponto de vista emocional, especialmente no que tange às crianças pequenas, que ainda estão no ensino infantil.
Para não cair nas armadilhas do consumismo, precisamos, em primeiro lugar, lembrar que uma atividade extraescolar não pode, em hipótese alguma, ocupar o lugar da brincadeira e do descanso da criança. Através do brincar a criança expressa sua criatividade, elabora conflitos e aprende a lidar com a realidade (interna e externa). Através do brincar a criança descobre potencialidades, aprimora habilidades e adquire conhecimentos, o que nem sempre é conseguido através das atividades extraescolares, mesmo que elas tenham caráter lúdico ou recreativo. Isto porque nem sempre a atividade consegue ir de encontro com a necessidade que a criança tem naquele momento.
Quando o tempo para brincar e descansar estão garantidos, pode-se pensar em uma (ou mais) atividade extraescolar. Contudo, antes de agendá-la, é fundamental avaliar de quem é a necessidade daquela atividade, dos pais ou da criança? Não é incomum os pais quererem propiciar ao filho a oportunidade de fazer uma atividade que não puderam fazer na infância, ou uma que gostavam tanto (e às vezes ainda gostam), que imaginam que seu filho irá gostar também. Há situações em que um determinado hobby é “tradição de família” e os pais sentem-se na obrigação ou têm o desejo de perpetuá-lo (como a prática de algum esporte ou instrumento musical). Também, é frequente ver pais que preferem que seus filhos se ocupem com atividades dirigidas e/ou com pessoas que julgam ser mais capacitadas para estar com a criança do que cuidadores domésticos. Muitas vezes, atividades regradas demais, especialmente para crianças menores de seis anos, são difíceis de serem seguidas e professores podem ser menos habilidosos e carinhosos com a criança do que uma pessoa sem formação, mas que cuida e brinca bem. Cuidado: o interesse dos filhos nem sempre é o mesmo interesse dos pais e a necessidade de uma pessoa pode não ser a necessidade de outra. Por isto, para que a atividade escolhida seja uma rica experiência para a criança, é importante:
1)  Questionar quais os benefícios que a atividade poderá trazer à criança, levando em conta sua idade e personalidade. Algumas atividades não são indicadas para crianças muito pequenas (mesmo estando à venda no mercado infantil) porque exigem mais do seu desenvolvimento físico e/ou emocional é capaz de responder. Por esta razão, é interessante avaliar alternativas que tragam benefícios idênticos ou similares para a criança (se o objetivo é uma atividade física para gastar energia, talvez uma quadra com outras crianças supra a necessidade de uma aula formal de esporte; se o objetivo é estar com outras crianças, uma opção é brincar com colegas da escola fora do período escolar).
2)  Averiguar o interesse da criança pela atividade. Ela viu/experimentou a atividade em algum lugar e que conhecer melhor? Ela tem demonstrado interesse por algum assunto em especial, como pintura, que poderia justificar sua inscrição em aula de arte?
3)  Não fazer comparações – as crianças são diferentes umas das outras, têm ritmos, necessidades e interesses distintos. Não é porque os amigos da escola fazem determinada atividade que seu filho também tem que fazer. Uma criança que brinca em seu tempo livre e que não faz nenhuma atividade fora da escola não é uma criança pouco investida, desinteressada ou atrasada; ao contrário, é uma criança que consegue, através da brincadeira, suprir suas necessidades físicas e afetivas (em alguns casos até mais do que uma criança que tem a agenda lotada sem tempo para brincar e descansar, o que não é incomum entre as crianças cujas famílias têm maior poder aquisitivo e menos tempo disponível para estar com os filhos).
4)  Avaliar a disponibilidade financeira e logística da família para a viabilização da atividade.
5)  Pesquisar pelo menos duas opções de atividade com o mesmo propósito e pelo menos dois locais que oferecem tais atividades. É interessante que os pais façam uma pré-avaliação (buscando indicações, conversando com os profissionais, visitando o local) antes de apresentar as possibilidades ao filho. Feita a pré-seleção, a criança deve poder experimentar algumas aulas antes de sua matrícula ser efetivada. Nos momentos de experimentação é interessante a presença do pai ou mãe (a escolha de atividades, com raríssimas exceções, é tarefa dos pais) para que eles possam avaliar o ambiente, a habilidade do professor com seu filho e as outras crianças, o grau de interesse e envolvimento do filho (muitas vezes a criança não quer participar da aula, mas quer assistir e voltar a assistir – esta avaliação deve ser feita com o professor e também com a criança sobre o quanto participar, num primeiro momento, pode ser apenas olhar).
As atividades extraescolares podem trazer muitos benefícios para a criança e a família, mas pode ser um perigo quando ela acontece num momento e de uma maneira que não são os melhores para a criança. Por isto, não basta escolher uma atividade extraescolar para o filho; é necessário acompanhar seu interesse e desempenho, sempre. Fazer por fazer não melhora competência. O ganho só é obtido quando a experiência propiciada pela atividade vai de encontro com as demandas da própria criança, quando o olho dela brilha antes, durante e depois da aula, de satisfação. Fique atento.

Porque é que a Terapia Ocupacional é importante para as crianças com autismo?

Neste artigo a terapeuta ocupacional Corinna Laurie, que exerce funções em contexto escolar e é diretora da “ Evolve Children’s Therapy...