11 de out. de 2016

Ocupação: Brincar


Você já assistiu a esta discussão, um pai ou mãe zelosos pela evolução académica dos seus filhos a afirmarem serem completamente a favor dos TPCs em exagero, das horas extraordinárias dentro da sala de aula, dos exames e da pressão excessiva a eles associados – afinal esse é o trabalho delas, das crianças!
Bem, você já assistiu a uma dessas de certeza, mas este texto não é para provar o que está certo ou errado, é apenas para explicar o que é o Brincar e porque é que as crianças precisam! de Brincar.
Contudo, deixam-me fazer um ponto prévio para corrigir-me! Afinal, não são só as crianças que precisam de brincar! Embora possamos pensar que brincar é coisa só para os mais pequenos a verdade é que todos nós – crianças, adolescentes e adultos – brincamos! E a forma de brincar será certamente diferente nas diferentes etapas da nossa vida, alguns até lhe mudam o nome, deixamos de Brincar e passamos a ter momentos de Lazer ou Recreação. Se usarmos o termo Lazer ou Recreação para representar o “brincar dos adultos” podemos afirmar que adultos não brincam, mas só desta forma, mudando-lhe o nome! Mas adultos brincam, devem brincar e todos nós temos essa capacidade de brincar ao nível dos mais pequenos. Pronto😉
E agora as crianças! Falar sobre o brincar nas crianças pode reduzir-se a uma única frase: 
    Todas as crianças querem, gostam e precisam de brincar, porque brincar não é um Direito, Brincar é um bem de primeira necessidade!
Brincar é uma ocupação histórica, tem milhões de anos, acompanha o desenvolvimento da espécie humana e tem-se modificado com ela! Podemos encontrar crianças a brincar em todos os cantos do mundo, em todas as culturas, em todas as línguas, em quaisquer condições climatéricas, sociais ou económicas. Crianças de famílias abastadas brincam, crianças que não têm família brincam, crianças sem tecto brincam, crianças com doenças graves brincam, crianças com autismo brincam, crianças com Necessidades Educativas Especiais brincam, podem ter todas capacidades diferentes, obstáculos diferentes e o brincar delas pode ainda não estar ao nivel do que queremos, mas BRINCAM!! E nós não podemos retirar-lhes isso.

Mas o que é o Brincar afinal?

Definir o brincar de forma geral é praticamente impossível. O que define o Brincar para mim é certamente diferente da sua propria definição, é  também isso que torna o brincar uma ocupação tão importante porque é significativa ao ponto de ter um significado pessoal para cada um de nós! Mas deixem-me partilhar o que diz oNational Institute for Play:
    “Brincar é uma forma de estar imensamente prazerosa. Brincar dá-nos energia e anima-nos. Alivia o peso dos nossos ombros, renova um senso natural de optimismo e abre-nos novas possibilidades”.
  Abre-nos novas possibilidades e desenvolve novas capacidades! O ato de brincar é uma ferramenta importante que influencia a vida de uma criança. é através do brincar que as crianças aprendem a dar forma e a compreender o mundo que os rodeia. O “trabalho” das crianças é brincar, para assim atingir os objetivos que lhe estão destinados: crescer e aprender!
Este “trabalho” ou “ocupação” permite desenvolver a coordenação motora, maturidade emocional, desenvolve as competências sociais, bem como a autoconfiança necessária para explorar novos ambientes e novos desafios.
Os terapeutas ocupacionais têm experiência em avaliar o desenvolvimento neurológico, muscular e sensorial, bem como, identificar potenciais barreiras a um desenvolvimento saudável.

O que pode fazer um Terapeuta Ocupacional?

  • Ajudar a adaptar brinquedos ou modificar o ambiente de forma a que a criança consiga participar nas atividades relacionadas com o Brincar;
  • Recomendar brinquedos e atividades que componham o “desafio certo” para a criança;
  • Aconselhar sobre como exigir, gradualmente, ações mais complexas para desenvolver o seu filho;
  • Oferecer oportunidades de jogo que incentivem a  resolução de problemas;
  • Recomendar estratégias de jogo de acordo com as rotinas e prioridades da família;
  • Observar, identificar e desenvolver estratégias de jogo que promovem um estilo de vida saudável;
  • Sugerir brinquedos que ajudarão a criança a desenvolver habilidades específicas, enquanto se diverte;
  • Capacitar os membros da família a envolverem-se mais no jogo da criança;
  • Colaborar com os educadores e cuidadores para aumentar as oportunidades de Brincar em casa, durante o recreio na escola, e durante passeios da comunidade;

O que podem fazer os Pais e a Famíla?

  • Incentivar a participação em jogos ricos em sensações, usando bolas, brinquedos de areia e de água, escorregas, baloiços, tintas de dedo, e ímans. Durante o jogo sensorial, as crianças usam os seus sentidos para integrar as sensações do músculos, tato, audição, cheiro, visão e movimento;
  • Incentivar o jogo de manipulação, como o uso de massinhas, LEGOs e jogos de tabuleiro. Brinquedos como quebra-cabeças, encaixes e contas/enfiamentos ajudam a melhorar a destreza e coordenação olho-mão da criança;
  • Promover o Brincar imaginativo ou “a fingir”, brincando com coisas como bonecas e peluches, móveis de brinquedo, fantoches e telefones. Este tipo de brincadeira estimula a criatividade e jogo de “faz de conta” e oferece uma oportunidade para desenvolver as capacidades sociais.
  • Escolha os brinquedos que são apropriados para o nível de maturidade e/ou idade da criança. Eles não tem que ser caros ou complicados para serem benéficos. Objetos comuns, como potes e panelas, caixotes vazios, carretéis de linha, laços, e colheres de madeira são facilmente acessíveis e incentivam as crianças a usar a sua imaginação.
Lembre-se que ao escolher um brinquedo para uma criança deve sempre ter atenção aos perigos associados. Os brinquedos não devem ter peças pequenas que se quebram facilmente ou podem ser engolidas.
Enquanto supervisiona a segurança do seu filho, brinque com ele! Vai ver que dentro de si, ainda há uma criança que sabe Brincar!!
Fonte: https://marcoleaoto.wordpress.com/2016/09/20/ocupacao-brincar/

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Neste artigo a terapeuta ocupacional Corinna Laurie, que exerce funções em contexto escolar e é diretora da “ Evolve Children’s Therapy...