3 de out. de 2017

Preparando-se para a Escrita: Descanse o Lápis e Vá Brincar nas Barras!

As mãos da criança são uma importante ferramenta para o aprendizado. Com as mãos, ela controla o mundo à sua volta, constrói e cria tudo que imagina, e também se expressa – primeiro com gestos, depois com rabiscos e, por último, com a palavra escrita.
Os pais sabem da importância da coordenação motora fina – especialmente para a escrita –, e talvez por isso haja tantas perguntas relacionadas a esse assunto. Eis a minha resposta…
Deixe o lápis de lado por um tempo e vá brincar nas barras.

A ORDEM NATURAL DAS COISAS

O controle muscular e a coordenação da criança se desenvolvem de forma natural, ordenada – de cima para baixo e de dentro para fora –, começando na cabeça e avançando em direção aos dedos dos pés, e do tronco para os membros superiores (braços) e inferiores (pernas). Essa ordem de prioridade, estabelecida pelo cérebro, garante que os músculos maiores, necessários para a coordenação e locomoção (mover-se do ponto A ao ponto B), estejam bem organizados e no controle, antes de comandar os mais de 60 músculos combinados das mãos (para não falar da enorme quantidade de ossos, centenas de ligamentos e tendões etc. etc.).
Assim, você pode perceber que, na hierarquia do desenvolvimento, as mãos vêm por último.

O QUE É DESENVOLVIMENTO MOTOR FINO?

Mas isso não significa que as mãos do seu filho não estão se desenvolvendo conforme ele cresce. As mãozinhas das crianças começam com uma pegada simples, reflexa, que utiliza toda a mão. Com o tempo, os reflexos iniciais se integram, e o movimento de pinça desabrocha, permitindo à criança utilizar o dedo indicador juntamente com o polegar. A cada dia, você irá perceber mais e mais movimentos deliberados das mãos e dos dedos. Mas isso não é uma habilidade motora fina – ainda não.
Habilidades motoras finas são o controle motor de alta precisão necessário para integrar o funcionamento dos cinco dedos, possibilitando a execução de atividades detalhadas que exigem movimentos minuciosos, quase imperceptíveis, como a utilização de um lápis para escrever o nome.
Mas o ato de escrever o próprio nome não depende só do punho, por assim dizer. Na verdade, esse simples ato envolve o corpo inteiro.
O QUE É PRECISO PARA ESCREVER MEU NOME:
  1.  A parte superior do corpo deve estar fortalecida o bastante para manter a posição de pé ou sentada.
  2.  Os músculos dos ombros devem estar fortalecidos o bastante para controlar o peso do braço, e flexíveis o bastante para girar livremente a fim de posicionar o braço para escrever.
  3.  O braço deve suportar o peso do antebraço e da mão, possibilitando que a mão deslize sobre a página.
  4.  O antebraço deve fornecer um ponto de apoio firme para que o punho possa girar.
  5.  O punho deve manter a mão firme e girar para a posição adequada.
  6.  Os dedos devem se dobrar em torno do lápis, que se mantém no lugar graças ao polegar.
  7.  Juntos, os cinco dedos fazem sobre o papel uma dança de alta precisão: a) posicionando o lápis no ângulo exato sobre o papel, b) pressionando e mantendo o nível correto de pressão a fim de deixar a marca do lápis, e c) coordenando os movimentos de subida, descida, para a esquerda e para a direita sobre a página.
Se algum dos músculos nessa cadeia deixar de funcionar, escrever o próprio nome poderá se tornar uma tarefa muito difícil.
O que nos traz de volta às barras do parquinho de diversões…

BRINCAR PARA DEPOIS ESCREVER

Escalar, pendurar-se, balançar-se, bem como quaisquer outras atividades que fortalecem a parte superior do corpo e os músculos estabilizadores, são de fundamental importância como precursores das habilidades motoras finas.
Atividades que envolvem movimentos de torcer, girar, pendurar e balançar ajudam no desenvolvimento da flexibilidade e agilidade necessárias para a rotação dos ombros, cotovelos, punhos e dedos.
Empurrar, puxar e levantar o peso do próprio corpo aumentam a força física ao mesmo tempo em que auxiliam no desenvolvimento de uma compreensão intuitiva de conceitos elementares da física, como peso, pressão e resistência.
E, quando seu filho voltar da brincadeiras nas barras, “fazer bagunça” com brincadeiras sensoriais ajuda a fortalecer os músculos das mãos e auxilia na destreza. Brincar com massinhas de modelar, areia e água, barro (sim, barro!) e qualquer outra coisa que estimule o tato, proporciona uma ótima experiência sensorial para o cérebro e para as mãos, o que um dia poderá resultar em uma letra mais bonita!
Então, lembre-se: quando o assunto é preparar-se para o aprendizado da escrita, pense em brincar nas barras!
Às vezes, não é possível dar um passeio no playground para brincar nas barras. Então, aqui vão algumas das minhas atividades favoritas, que você pode fazer em casa, para ajudar no fortalecimento da parte superior do corpo e dos músculos estabilizadores. Enquanto isso, as mãos esperam sua hora chegar.

CARRINHO DE MÃO


Brincar de “carrinho de mão” pela sala ou no quintal é uma ótima maneira de fortalecer os braços (no intervalo das risadas, é claro).  Dica importante: recomendo que você segure seu filho pelos quadris, em vez de pelos pés. Isso evitará que se forme um arco nas costas, ao mesmo tempo em que diminui a carga sobre os bracinhos.

CARANGUEJO


As crianças adoram essa brincadeira, e você se surpreenderá ao ver como elas conseguem ir longe “andando” assim, com um pouco de prática. Sente-se no chão e erga o bumbum, apoiando-se nas mãos e nos pés. Então, “carangueje” o máximo que conseguir. Peça às crianças para irem para frente e para trás!

LAGARTA


Quão longe você consegue ir “andando” como uma lagarta? “Ande” com ambas as mãos, depois com ambos os pés.
Artigo de Gill Connell e Cheryl Mccarthy traduzido do inglês com permissão de Moving Smart

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Neste artigo a terapeuta ocupacional Corinna Laurie, que exerce funções em contexto escolar e é diretora da “ Evolve Children’s Therapy...