19 de fev. de 2019

Dislexia

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Tem muita gente disléxica no mundo, mais do que você imagina pois, ser disléxico é ter um cérebro diferente, que processa as informações de sons e leitura, de uma maneira mais tortuosa do que aquelas que estamos habituados. Só isso.
Vou falar aqui neste artigo sobre essa “coisa chata” da dislexia, um pouco para explicar o que é e o que não é, um pouco para você ter alguma linha para pesquisar se o sintoma que observa no seu filho pode ou não ser dislexia, um pouco para abrir o campo de discussão de um “jeito de ser, normal, que é tido como deficiência mas não o é”!
“Dislexia, antes de qualquer definição, é um jeito de ser e de aprender; reflete a expressão individual de uma mente, muitas vezes arguta e até genial, mas que aprende de maneira diferente”.
A Dislexia“é considerada um transtorno específico de aprendizagem de origem neurobiológica, caracterizada por dificuldade no reconhecimento preciso e/ou fluente da palavra, na habilidade de decodificação e em soletração.
Essas dificuldades normalmente resultam de um déficit no componente fonológico da linguagem e são inesperadas em relação à idade e outras habilidades cognitivas. (Definição adotada pela IDA – International Dyslexia Association, em 2002. Essa também é a definição usada pelo National Institute of Child Health and Human Development – NICHD)”.
Quer dizer, é uma dificuldade de se juntar letras a sons, palavras a sons, de se reconhecer palavras pois não se lhes conhece o som, enfim, e tudo isso resulta numa dificuldade extrema de leitura e escrita, aos olhos do sistema educativo imperante. Isso quer dizer que seu filho é atrasado, preguiçoso, desatento ou incompetente? Não!
Só quer dizer que a forma de ensinar que a sociedade ocidental adotou como norma não o consegue enquadrar em seus limites. Aliás, muitos são os gênios disléxicos reconhecidos pela história da humanidade, sabia?
Os disléxicos, em geral, têm QI acima da média, é um fato e, se ajudados quando crianças, atingirão o sucesso, com certeza pois, a dificuldade que têm é devida à diferença de funcionamento do seu cérebro, se comparada com a média.
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Mas, para além da dificuldade com a linguagem, a dislexia, também existe a dificuldade com cálculos, discalculia, com sons, com a escrita, disgrafia, dificuldade com a fala, dislalia, e qualquer dessas dificuldades de aprendizado deverão ser, devidamente, diagnosticadas para que se possa, de verdade, escolher a melhor maneira para ajudar a criança.
Também existem aquelas crianças que não param quietas na cadeira, que põem atenção em tudo “que lhes interessa”, que não se encaixam no modelo quadrado de ensino da nossa sociedade e que, algumas vezes são catalogadas como “hiperativos”, “tdah” ou algum outro rótulo que vai depender da escola médica à qual pertence o especialista que avalie a criança.
Se for essa a sua dúvida, lembre-se que essa discussão existe e não é conclusiva - nos EUA uma grande porcentagem de crianças é diagnosticada como tdah, e medicada com ritalina e outros e, na França, por exemplo, só em 2015 é que se aceitou (por pressão de quem, não sei) que existe o problema, com ou sem hiperatividade (leia aqui e aqui). Mas, de diagnóstico errado o mundo sempre esteve cheio, não é?
Então, se você me seguiu até aqui, dê uma olhada na lista de possíveis sinais que podem indicar a presença de dislexia, que eu copiei do site da Associação Brasileira de Dislexia.

ALGUNS SINAIS DE DISLEXIA NA PRÉ-ESCOLA

  • Dispersão
  • Fraco desenvolvimento da atenção
  • Atraso do desenvolvimento da fala e da linguagem
  • Dificuldade de aprender rimas e canções
  • Fraco desenvolvimento da coordenação motora
  • Dificuldade com quebra-cabeças
  • Falta de interesse por livros impressos

ALGUNS SINAIS DE DISLEXIA NA IDADE ESCOLAR

  • Dificuldade na aquisição e automação da leitura e da escrita
  • Pobre conhecimento de rima (sons iguais no final das palavras) e aliteração (sons iguais no início das palavras)
  • Desatenção e dispersão
  • Dificuldade em copiar de livros e da lousa
  • Dificuldade na coordenação motora fina (letras, desenhos, pinturas etc.) e/ou grossa (ginástica, dança etc.)
  • Desorganização geral, constantes atrasos na entrega de trabalho escolares e perda de seus pertences
  • Confusão para nomear entre esquerda e direita
  • Dificuldade em manusear mapas, dicionários, listas telefônicas etc.
  • Vocabulário pobre, com sentenças curtas e imaturas ou longas e vagas
Esses sinais têm, naturalmente, a ver com a maturidade da criança, a fase escolar na qual se encontra, o grau de ansiedade que suporta em casa ou na escola, por exemplo. Uma criança pequena que se sente muito pressionada por problemas na família até poderá apresentar alguns desses sinais, independente de ser ou não disléxica (bem, até nós, grandes, sob pressão, damos uma “rateada” de vez em quando, não é?).
Mas, se desconfia, consulte um psicopedagogo - saiba que não existe idade para se diagnosticar a dislexia e que, em qualquer tempo, o tratamento (que não é medicamentoso, já te aviso) fará um bem enorme ao disléxico.
Agora, onde há um disléxico asseguro que há mais, viu? A dislexia é uma condição genética e neurológica pois deriva de uma particularidade cromossômica, e que não tem cura mas tem adaptação. Portanto, se um filho tem, outros podem ter também e, talvez, até você mesma (lembra de algum desses sintomas quando você era criança?).
Bom, e nunca se esqueça que cada um de nós é um indivíduo, com suas particularidades, idiossincrasias, jeitos e feitios, inclusive alguns defeitos (kkkkk) que vieram de herança ou foram aprendidos e que nos fazem o todo que somos. E esse todo, inclusive com as nossas diferenças, é que nos torna, afinal, indivíduos muito especiais!

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