Todos sabemos que o olfacto, o paladar, o tacto, a audição e a visão são os 5 sentidos. Mas engana-se quem pensa que possuímos somente estes cinco. Existem também os sentidos proprioceptivo e vestibular.
A propriocepção é a capacidade de reconhecer a localização espacial do próprio corpo, a sua posição, a força exercida pelos músculos, e a posição em relação às outras partes sem precisar utilizar a visão. Essa percepção permite-nos, por exemplo, desviar de um objecto mesmo sem saber a que distância precisa ele se encontra, ou mesmo tocar uma parte do corpo com os olhos fechados. Os seus receptores encontram-se, em maioria, nas articulações. Graças a propriocepção podemos andar, segurar e manipular objectos e coordenar movimentos.
O sentido vestibular tem os seus receptores localizados no ouvido e são sensíveis à alterações angulares da cabeça. É responsável pelo equilíbrio do corpo, além de actuar na identificação da posição do corpo, permitindo que se saiba quando está deitado, sentado, em pé ou em qualquer outra posição. Também é graças ao sistema vestibular que conseguimos coordenar movimentos dos dois lados do corpo em conjunto, como andar de bicicleta e cortar com uma tesoura.
O cérebro recebe a informação desses estímulos sensoriais captados pelos "7 sentidos" que são interpretados, processados e organizados por ele para a formação de uma estrutura de comportamento e aprendizagem. A essa organização realizada pelo cérebro dá-se o nome de integração sensorial. Qualquer alteração na hora de processar as informações causada por diversos motivos, como uma lesão no sistema nervoso central, ou simplesmente uma imaturidade do mesmo, causa uma disfunção da integração sensorial. Esse distúrbio na recepção e organização das informações sensoriais recebidas afecta o desempenho nas diversas áreas podendo ocasionar atraso escolar, dificuldade na relação com os outros, dificuldade de atenção e concentração, auto-estima prejudicada, alteração no tônus muscular, dificuldade de equilíbrio e na coordenação motora global e fina. Alguns dos sintomas da disfunção da Integração Sensorial são interpretados e tratados erroneamente, e muitas vezes são confundidos com problemas emocionais.
Alguns comportamentos que podem indicar uma Disfunção da Integração Sensorial:
- dificuldade em manter a atenção em sala de aula ou brincadeiras mais complexas;
- comportamento hiperactivo;
- sentido táctil mal desenvolvido, aversão ao toque, não gosta de se sujar;
- dificuldade em se alimentar, não aceita alimentos com texturas diferentes;
- oscilação de humor de forma que chama a atenção;
- dificuldade em graduar a força;
- problemas de linguagem (fala, leitura e escrita;
- evita ambiente com muitas pessoas e ambientes barulhentos;
- problema na articulação da fala sem razão aparente;
- esbarra constantemente nos objetos ao redor, derruba coisas sem querer;
Quando houver suspeita de uma disfunção da Integração Sensorial deve-se procurar um Terapeuta Ocupacional qualificado ou outro profissional da saúde que tenha especialização em Integração Sensorial que realizará uma avaliação para identificar o problema. O tratamento baseia-se no princípio de uma reorganização do modo de funcionamento dos sistemas sensoriais. Para isso são utilizadas actividades lúdicas, brincadeiras e jogos que trabalham os sistemas integrados. O tratamento modifica a dieta sensorial utilizando organizadores para regulação. Os organizadores podem ser desde o toque do terapeuta, a criação de ambiente favorável e até um material para desenvolver uma função específica. A criança reorganiza o seu modo de funcionamento para as funções quotidianas. Para isto é necessário que a família e a escola estejam integrados aos objetivos do tratamento.
A família também pode ajudar. Brincar é a melhor forma de desenvolver a integração sensorial.
- jogos corporais, ir a parques com diferentes estímulos e desafios (balanço, gira-gira, ponte movediça), tendo o cuidado de respeitar o limite de cada criança.
- evitar o excesso de limpeza, se possível deixar descalço, fornecer momentos de contacto corporal de uma forma prazerosa, dar toques diferentes leve e profundo.
- balançar no colo, na rede ou no cobertor.
- dançar.
- favorecer actividades de pintura, massa de modelar e argila.
- construir histórias onde represente as acções de forma concreta (passar por túneis, escadas, cordas) e por meio de desenhos e pinturas
Deve-se relembrar que estas brincadeiras só são válidas com o consentimento da criança, não devendo esta ser forçada a nada.
Fonte: http://www.terapia--ocupacional.blogspot.com/
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