22 de ago. de 2011

Caderno, lápis, aprendizado e saúde

Como o trabalho dos terapeutas ocupacionais e fisioterapeutas podem ajudar as crianças no ambiente escolar


Passamos boa parte de nossas vidas na escola. Lá aprendemos, desde muito cedo, a ler e escrever. Fazemos nossas primeiras descobertas, conquistamos amigos, convivemos em sociedade pela primeira vez. Nem tudo é aprendizado ou brincadeira. Os alunos ficam por horas sentados em suas carteiras, frequentam bibliotecas, brinquedotecas, áreas de convivência. O mobiliário desses ambientes não costuma ser adequado para todas as idades, estaturas e tipos de alunos. O peso das mochilas geralmente ultrapassa o índice aceitável. Além disso, segundo a legislação, os alunos que apresentam deficiência podem freqüentar as escolas regulares. Segundo a Lei de Diretrizes e Base da Educação de 1996 (LDB), a educação especial deve ser oferecida preferencialmente na rede regular de ensino. Desde então, essa política de inclusão dos deficientes está introduzindo milhares de alunos com necessidades especiais nas salas de aulas. Para lidar com as diferenças na escola, cuidar da saúde e zelar pelo bem-estar dos alunos, seja em ensino regular ou especial, o trabalho do terapeuta ocupacional e do fisioterapeuta é de extrema importância.


Terapia ocupacional para todos

Da educação infantil ao ensino médio, muitas transformações acontecem. O terapeuta ocupacional está presente em todos os momentos para promover a saúde e garantir que todas as crianças tenham acesso ao ensino de maneira total. Faz parte das suas funções analisar o desenvolvimento das habilidades motoras e de processamento da criança no ambiente escolar, sugerir adaptações ou modificações para os professores. “As orientações podem ser desde adaptação do espaço físico, mobiliário, dar um tempo extra para o aluno terminar as lições, até estratégias específicas para a escrita e atividade em sala de aula”, afirma a terapeuta ocupacional, Dra. Ariela Goldstein, que trabalha dando consultoria para escolas. O mobiliário adequado é uma questão que deve ser bem trabalhada, pois nenhuma criança é igual à outra, portanto as adequações devem ser feitas de acordo com cada uma. “Crianças de 6 anos agora estão entrando no ensino fundamental, podemos ver que mesas e cadeiras são muito grandes para elas”, observa a terapeuta ocupacional da Secretaria Educacional de Educação de São Bernardo do Campo, Dra. Cláudia Silvestre. “Quando fazemos a compra de mobiliário pensamos em crianças que apresentam deficiência e também as que não têm”, diz Dra. Cláudia, que está inserida no setor de Educação Inclusiva da cidade.


A equipe multiprofissional de São Bernardo do Campo conta com terapeutas ocupacionais, psicólogos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas e assistente sociais. O foco do trabalho é a inclusão das crianças com deficiência em sala de aula da rede municipal de ensino. De acordo com a terapeuta ocupacional Dra. Ana Canet, atualmente são 1049 crianças com necessidades especiais nas 190 escolas da rede. Na maioria dos casos elas têm deficiência neuromotora.“Quando a gente pensa em educação inclusiva, não pensamos numa escola igual para todos, pois cada aluno apresenta a sua necessidade”, afirma Dra. Cláudia Silvestre. Segundo as terapeutas ocupacionais tudo é pensado para que a criança tenha acesso ao conteúdo das aulas da melhor forma possível. “Quando um aluno chega à escola, principalmente se ele apresenta deficiência física, nós pensamos como ele vai sentar ou como vai ao banheiro e circular pelo espaço da escola”, afirmam.


As adaptações mais comuns são no mobiliário, mesas com entrada para cadeiras de rodas, cadeiras com apoio para pescoço e outras adequações. Para alunos com dificuldade na grafia, podem ser feitas adaptações motoras que venham favorecer uso funcional dos membros superiores, como os engrossadores de lápis. Para quem tem dificuldade visual ou postural é indicado o plano inclinado na hora de estudar. Para garantir o acesso à tecnologia e ao uso do computador, são usados recursos para usar o teclado, mouses diferenciados e softwares para a utilização dos professores.


O ambiente da escola dever ser...
• Amplo, ventilado e com boa iluminação;
• Ruídos de ventilação e automóveis devem ser eliminados;
• Figuras ilustrativas referentes ao conteúdo da aula podem ser usadas;
• É importante que as crianças tenham um espaço para guardar seus pertences;
• O espaço para a circulação deve ser adequado e o ambiente sempre limpo;
• Pequenos detalhes como plantas, objetos decorativos com temas apropriados para a idade tornam o ambiente mais convidativo.


A figura do terapeuta ocupacional torna-se indispensável para esse contexto de escola que agrega alunos de diferentes tipos, classes sociais e também deficiências, para isso é preciso saber socializar todos naquele espaço. Em 2002, uma pesquisa Científica publicada no The American Journal of Occupational Therapy, respeitada revista americana da área sustentou a necessidade de terapeutas ocupacionais nas escolas para facilitar a socialização das crianças. O estudo realizado pela Dra. Pamela K. Rocha, PhD e Professora Assistente na Universidade de San Jose, Califórnia, avaliou 3 crianças de 5 a 8 anos de idade, que apresentavam deficiência física e estavam matriculados em escola regular.


Terapia Ocupacional e as Escolas Especiais


Apesar de os alunos com deficiência cursarem preferencialmente os estudos em escolas regulares, escolas especiais continuam existindo, em alguns casos até como forma de complemento. O Lar Escola São Francisco, centro de Reabilitação Médica, que atende pessoas com deficiência física e mobilidade reduzida, em São Paulo, tem uma Escola Especial com capacidade para 120 alunos, com idade entre 4 e 15 anos.


A terapeuta ocupacional, Dra. Ester Midori Sugano, trabalha há doze anos na instituição. Outros profissionais também atuam como fisioterapeutas, fonoaudiólogos, nutricionistas, psicólogos, entre outros. Segundo ela, a escola costuma receber alunos com problemas físicos associadas a deficiências de alta complexidade, como disfunções neurológicas, deficiências sensoriais, intelectuais e dificuldades na comunicação. “Nosso trabalho consiste em avaliar os alunos e promover o desempenho funcional dele nas atividades escolares. Nós indicamos ou confeccionamos adaptações, objetivamos a adequação postural e trabalhamos na formação dos professores e dos atendentes”.


Mesmo trabalhando em escola especial, Dra. Ester crê na relevância do profissional da área no ambiente pedagógico de uma forma geral. “Gostaria que toda escola possuísse pelo menos um terapeuta ocupacional”, diz


Fisioterapia no ambiente escolar


A principal demanda do fisioterapeuta nas escolas é quanto à postura desses alunos e o posicionamento correto nas cadeiras. Os desvios posturais decorrentes do peso das mochilas podem causar graves impactos na saúde. Portanto é preciso orientar alunos e pais que a bagagem carregada não pode ultrapassar 10% do peso da criança. O tema entrou em pauta na tese de mestrado que a fisioterapeuta Profa. Dra. Susi Mary de Souza Fernandes defendeu na Faculdade de Medicina da USP. A pesquisa intitulada “Efeitos da Orientação Postural na Utilização de Mochilas Escolares em Estudantes do Ensino Fundamental” foi realizada em 2007.


O trabalho de orientação postural realizado pelos fisioterapeutas nas escolas é essencial. Crianças e adolescentes que carregam excesso de peso, apresentam desvios na postura acabam tornando-se adultos com problemas de coluna. Segundo dados da OMS, 85% da população vai viver ao menos um episódio de dor nas costas ao longo da vida.


Para fisioterapeutas que trabalham com alunos especiais, cadeirantes, por exemplo, é necessário tirá-los dá cadeira para que ele se exercite, é o que diz a fisioterapeuta do Lar Escola São Francisco, Dra. Kelly de Jesus Santana. “Eu faço algumas atividades, para tirar esse aluno da cadeira de rodas e isso favorece também o seu aproveitamento em atividades escolares”.

Dra. Kelly é favorável a presença do fisioterapeuta na escola. “Ele pode contribuir desde posicionamento correto, os desvios posturais decorrentes, o peso das mochilas, até na mobilidade do aluno na escola, observar se existem barreiras arquitetônicas, acho que seria muito interessante”, conclui.



Fonte: Revista Crefito 3 - agosto 2011




Para saber mais:
Leis de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) de 1996
http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf
Decreto nº 6.571, de 17 de setembro de 2008 que dispõe sobre o atendimento educacional especializado
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/93163/decreto-6571-08

O BRINCAR COMO AUXÍLIO NO COMPORTAMENTO DA CRIANÇA AUTISTA

A brincadeira é a linguagem das crianças. Pela brincadeira se pode aprender a interação social, trabalhar a atenção, seqüências, habilidades, solucionar problemas, explorar sentimentos, desenvolver causa e efeito, estimular a criatividade. Com a falta de interação social, comunicação e problemas no comportamento, muitos autistas vão necessitar de ajuda para estabelecer uma relação com outras crianças e muitos não sabem brincar, o que precisa ser ensinado.

Para começar escolha algo que funcione com o autista, o que chamaria a sua a
tenção (dinossauros, tubarão, fadas, jogos, bola). Deixe a criança iniciar a brincadeira, fazer uma escolha. Se a criança recusar a sua presença na brincadeira comece apenas observando-a brincar, depois introduza comentários ("nossa, este carro é bem veloz!"). Não se preocupe se a criança ignorar seus comentários, continue a introduzi-los aos poucos.

Ajude a criança a engajar-se na comunicação recíproca na brincadeira. Exemplo: a criança está brincando com um carrinho. Você pode pegar outro carro e dizer: "este carro amarelo corre melhor que o azul. Vou mostrar! Cadê o azul? Ah! aqui está". (Pegue o carro marrom e deixe a criança corrigir você). Cometa outros erros e comece uma corrida de carros com isso.

Quando a criança estiver confortável em brincadeiras recíprocas, aumente a interação.
Exemplo: Ela só quer brincar de carrinho, pegue um brinquedo de animal e peça carona, depois reclame que o cachorro está com fome proteste e insista, com o tempo a criança vai parar e brincar de alimentar o cachorro. Aumente a brincadeira e encontre alguns amigos para o lanche, como o elefante, leão, e outros, alargando o horizonte e os interesses da criança. Se for muito sobrecarregado para a criança este passo, volte um pouco para traz.

Evite questionamentos e direcionamentos. Muita estrutura e perguntas nesta hora podem inibir tanto a iniciativa da criança como o processo dela solucionar problemas. Quando a criança estiver se sentindo confortável com a brincadeira recíproca, você poderá direcionar a brincadeira para conceitos e seqüências que deseja trabalhar. Exemplo: Ela só brinca de carrinho e sempre os coloca na mesma ordem. Introduzindo o cachorro e novos problemas, a criança começará a dar atenção a outros brinquedos.

Brinque e interaja. Pretenda ser um dos brinquedos e explore isso. Exemplo: Ao invés de dizer "venha e me ajude a construir um forte", seja um personagem que está pedindo ajuda. Converse com os brinquedos. Quando a criança estiver acostumada com este tipo de brincadeira tente mudar sua estrutura. Exemplo: Se ele só quer brincar com o carro azul, peça para deixar que você brinque uma vez com o carro azul.

Se a atenção da criança for mínima, não puxe a brincadeira por muito tempo. O importante é ela aprender como é gostoso brincar com outras pessoas.
Não se preocupe se está fazendo certo ou errado. Se divirta com o processo. O único erro é não brincar ou não tentar interagir com a criança.

Fonte: Autism Asperger´s Digest Magazine

12 de ago. de 2011

Etapas do Desenvolvimento e Sinais de Alerta

Um diagnóstico seguro de Autismo é geralmente feito pelos 3 anos de idade. Aos 18 meses é já possível detectar nestas crianças um conjunto de características, cuja presença é um indicador bastante seguro de perturbação autista. Cada pessoa com autismo tem a sua própria personalidade, sendo um indivíduo único. As pessoas com autismo não constituem necessariamente um estereótipo, podendo revelarem-se muito diferentes umas das outras.

Etapas do Desenvolvimento e Sinais de Alerta:

- Do nascimento aos 3 meses o bebê passa a maior parte do tempo a dormir. No entanto, nesta fase, o bebê vai adquirir várias competências: aprende a levantar a cabeça e depois a mantê-la direita; aprende a fixar um rosto; a seguir um objecto com o olhar; aprende a sorrir; descobre o mundo que o rodeia através da visão; reage ao barulho; reconhece a mãe; agarra involuntariamente um objecto colocado na sua mão; palra espontaneamente e em resposta.

Sinais de alerta: não fixar nem seguir com o olhar um objecto a um palmo; sobressaltar-se ao menor ruído; não sorrir ou chorar e tremer quando se lhe toca; não manifestar interesse em ser pegado ao colo; ausência de comportamento de ligação e choro persistente ou ausência de choro.



- Dos 3 aos 6 meses o bebê vai segurar bem a cabeça e vai conseguir manter-se sentado desde que apoiado; começa a agarrar voluntariamente um objecto que esteja ao alcance das mãos e estende-as para objectos que lhe sejam apresentados levando-os à boca; procura alargar o seu campo de visão apoiando-se nos antebraços e depois nas mãos se estiver de barriga para baixo ou levantando a cabeça e ombros quando está de costas; expressa alegria quando se brinca com ele.

Sinais de alerta: aos 6 meses: não olhar nem agarrar os objetos; não reagir a sons; desinteresse pelo ambiente; não manifesta desejo de ser pegado ao colo; apatia; ausência de comportamento de ligação; olhar fugidio e evitamento do olhar; não responde com um sorriso do outro; não manifestar medo de estranhos (como acontece geralmente com bebés sem problemas pelos 6-8 meses).

- Dos 6 aos 9 meses aguenta-se sentado sozinho durante algum tempo; deitado de costas vira-se para se pôr de barriga para baixo; é capaz de rastejar para alcançar um objecto ou uma pessoa; começa a ficar de pé com apoio; passa um objeto de uma mão para a outra e consegue agarrar um objecto em cada mão; leva tudo à boca; vocaliza várias sílabas sem significado verbal; reconhece os rostos familiares e pode ter medo dos estranhos.

Sinais de alerta: aos 9 meses: mantém-se sentado e imóvel sem mudar de posição; não leva os - objectos à boca; não reage a sons (surdez aparente); vocaliza de forma monótona ou não vocaliza; não imita; apático; parece mais satisfeito se deixado só e mantendo o ambiente inalterado.

- Dos 9 aos 12 meses é capaz de se pôr de pé sozinho e de andar com ajuda; gatinha; explora o mundo com grande interesse; quer ver e mexer em tudo; procura o objecto que viu esconder; olha quando chamam pelo seu nome; compreende ordens simples; aprende a pronunciar 2 ou 3 palavras e colabora muito nas brincadeiras com os adultos.

Sinais de alerta: aos 12 meses: não se põe nem se mantém de pé; não se desloca; não pega nos brinquedos ou fá-lo só com uma mão; não responde a sons; desinteresse pelo ambiente; vocalizações pobres ou inexistentes; movimentos estereotipados (balanceio do corpo, abanar a cabeça, posições bizarras não usuais noutras crianças), não responde ao sorriso dos outros.

- Dos 12 aos 18 meses a criança anda sozinha e explora o ambiente; consegue fazer uma torre com 2 ou 3 cubos; olha um livro de bonecos e volta várias páginas de cada vez; pode pronunciar 5 a 10 palavras e compreendendo muitas mais; manifesta ciúme (gestos de cólera e reacções de rivalidade ao brincar com os irmãos mais velhos).


Sinais de alerta: aos 18 meses: não se põe de pé; ainda se baba ou leva tudo à boca ou atira tudo ao chão; não responde quando o chamam; não vocaliza espontaneamente; não se interessa pelo ambiente; isolamento; ausência de jogos de imitação; ausência do jogo do faz de conta; ausência da atenção partilhada (não chama a atenção do outro para objectos ou acontecimentos, não mostra dói-doi e nem vai mostrar um brinquedo); ausência de apontar protodeclarativo (não usa o dedo para apontar no sentido de partilhar interesse/mostrar alguma coisa); apontar protoimperativo (usar o dedo para apontar mas com o objectivo de pedir/exigir algo) pode estar presente.

- Dos 18 meses aos 2 anos corre, sobe e desce degraus com os dois pés no mesmo degrau; dá pontapés; faz uma torre com 6 cubos; é capaz de indicar os olhos, o nariz, os sapatos; associa 2 palavras e enriquece o vocabulário; aprende a comer sozinha; imita os adultos e manifesta um interesse crescente pelas outras crianças procurando brincar com elas, mas de forma muito pessoal (tira-lhes os brinquedos, por exemplo).

Sinais de alerta aos 2 anos: não andar; deitar os objectos fora; o facto de parecer não compreender o que se lhe diz; não se interessar pelo que o rodeia; não imitar.

- Dos 2 aos 3 anos a criança aprende a saltar, a trepar e pode andar em pé coxinho; consegue pôr 3 cubos "em ponte"; desenvolve muito a linguagem; começa a fazer perguntas; compreende a maior parte do que lhe dizem e começa a brincar verdadeiramente com as outras crianças, percebendo que há um mundo para além do círculo familiar.

Sinais de alerta: vocalizações pobres, ecolália, ausência de vocalizações; isolamento e resistência a mudanças

- Dos 3 aos 4 anos passeia sozinha; é capaz de andar em bicos dos pés; aprende a vestir-se e despir-se sozinha; geralmente já não molha a cama à noite; reconhece 2 a 3 cores; fala de forma compreensível, mas uma linguagem de tipo infantil; sabe o nome, o género, a idade; faz muitas perguntas “idade dos porquês” revelando, assim, o interesse da criança por tudo o que se passa à sua volta, melhorando as suas competências linguísticas; gosta de ouvir histórias; brinca com as outras crianças e começa a ser capaz de partilhar; manifesta afecto pelos irmãos mais novos e é capaz de executar tarefas simples.

Sinais de alerta: os sinais de alarme anteriores continuam a ser também sinais de alarme para esta idade como o isolamento; o desinteresse por ambientes novos e mudanças das rotinas; ecolália; movimentos estereotipados.

- Dos 4 aos 5 anos atira-se salta, balança-se, sobe e desce escadas alternadamente, desenha a figura humana (cabeça, tronco e membros), fala com clareza, sabe contar os dedos, sabe os dias da semana, consegue reproduzir parte das histórias que ouve, continua a fazer muitas perguntas, protesta energicamente quando contrariada, pode reconhecer 4 cores, pode reconhecer o tamanho, a forma o grande e o pequeno, interessa-se pelas actividades dos adultos.

Sinais de alerta: nesta idade, uma linguagem incompreensível, problemas de comportamento, hiperactividade, dificuldade de concentração, estrabismo ou suspeita de défice visual, devem ser considerados sinais de alarme.

- Dos 5 aos 6 anos a criança sabe trepar às árvores, dançar ao som da música; fala correctamente perdendo a linguagem infantil; começa a distinguir a direita e a esquerda, ontem e amanhã; pergunta o significado de palavras abstractas; interessa-se pelas actividades da casa e do bairro, pela idade das pessoas; distingue os sabores; inventa jogos e muda-lhes as regras enquanto joga; detesta a autoridade imposta executando com lentidão as ordens; demonstra interesse por trabalhos simples.

Sinais de alerta: também nesta fase os sinais de alarme se repetem um pouco, todos os sinais de alarme anteriores podem ser também aqui indicadores de autismo. Desta forma dificuldades de linguagem, movimentos esterotipados, problemas de concentração, problemas comportamentais e resistência á mudança podem ser sinais de alerta para o autismo.


Fonte: http://www.umolharsoboautismo.blogspot.com/

9 de ago. de 2011

O Terapeuta Ocupacional no Ambiente Escolar

Entrevista realizada para a Revista Crefito 3

Crefito 3 - Há quanto tempo é terapeuta ocupacional?
Ariela Goldstein - Há 10 anos. Me formei em 2001 na Pontifícia Universidade Católica de Campinas. E em 2006, fiz especialização em Desenvolvimento Infantil na Universidade Federal de Minas Gerais.


Crefito 3 - Conte um pouco sobre o seu trabalho de consultoria para as escolas? Como é o seu trabalho na clínica também?
Ariela Goldstein - O trabalho de consultoria que realizo nas escolas, está diretamente ligado ao trabalho que realizo na clínica. Nas escolas, meu primeiro passo é esclarecer aos professores o que afeta o desenvolvimento da criança seja uma síndrome ou deficiência, quais são as características que esta criança apresenta que irão influenciar seu desempenho. Um segundo passo, é mostrar e enfatizar as habilidades que esta criança tem. Para então, propor atividades que desafiem a criança, o que levará a uma aprendizagem. É importante lembrar que estes desafios devem ser sempre “na medida certa”. Na escola são feitas sugestões que possam ser usadas para diminuir as dificuldades da criança e facilitar sua inclusão.
Na clínica, sigo o mesmo caminho. Esclareço dúvidas em relação ao diagnóstico e o quanto isto interfere em seu desempenho ocupacional. È importante esta compreensão dos pais, pois estes passam a ter uma visão diferenciada de seu comportamento e desempenho nas atividades diárias, no brincar e nas atividades escolares.
A abordagem com a qual trabalho chama-se Integração Sensorial – IS é um processo neurológico de organização das sensações do corpo que ocorre em todos nós. Integrar e organizar as informações sensoriais de uma forma adequada permite que tenhamos respostas adequadas ao ambiente.
As crianças que apresentam disfunção de integração sensorial têm dificuldades motoras e de comportamento, que resultam em grandes dificuldades em seu desempenho escolar, no brincar e nas atividades diárias.


Crefito 3 - O que o terapeuta ocupacional pode fazer para melhorar a saúde das crianças na escola?
Ariela Goldstein - O terapeuta ocupacional irá analisar o desenvolvimento das habilidades motoras e de processamento da criança no ambiente escolar, e posteriormente sugerir adaptações ou modificações para os professores. Estas orientações podem ser desde adaptação do espaço físico, mobiliário, dar um tempo extra para terminar as lições a estratégias específicas para a escrita e atividade em sala de aula.

Crefito 3 - Como adequar o mobiliário para crianças de diferentes, idades, tamanhos, pesos? Como tornar as salas e ambientes atrativos ?
Ariela Goldstein - Uma criança nunca é igual à outra. Algumas adaptações simples podem ser realizadas de acordo com o perfil da criança. Podemos por exemplo, colocar um apoio para os pés, caso a criança não alcance seus pés no chão; usar um adaptador no lápis; e até definir um lugar estratégico para a criança se sentar em sala de aula para poder desempenhar melhor seu papel. As escolas devem ter mais de um tamanho de cadeiras ou de mesas para acomodar os diferentes tipos físicos das crianças. Isso inclui cadeiras adaptadas para as crianças que as necessitem.
O ambiente escolar deve ser amplo, ventilado e com boa iluminação. Ruídos de ventilação e automóveis por exemplo, devem ser eliminados. Figuras ilustrativas referentes ao conteúdo da aula podem ser usadas. É importante que as crianças tenham um espaço para guardar seus pertences, que o espaço para a circulação seja adequado e o ambiente sempre limpo. Pequenos detalhes como plantas, objetos decorativos com temas apropriados para a idade tornam o ambiente mais convidativo e ajudam a criança a aprender a cuidar de seu ambiente.


Crefito 3 - Qual a importância da brinquedoteca e dos espaços lúdicos dentro de uma escola?
Ariela Goldstein - É muito importante que a escola ofereça espaços para a criança brincar. Isto inclui parques, brinquedos educativos e uma área livre, onde a criança possa apenas correr e inventar brincadeiras com seus colegas. O espaço para uma brincadeira de movimento é ainda mais importante que uma brinquedoteca.
A criança que brinca, aprende. Aprende sobre o seu corpo e o ambiente. Aprende sobre como se relacionar.
Portanto, as escolas que oferecem um espaço para a brincadeira, estarão contribuindo no desenvolvimento psicomotor, cognitivo e social.



Crefito 3 - Há uma lei federal que garante o acesso das crianças com deficiência em escola regular. Qual o papel da terapeuta ocupacional para a adaptação das crianças na escola? Quais os equipamentos que podem ser desenvolvidos?
Ariela Goldstein - O terapeuta ocupacional juntamente com o professor, poderá auxiliá-lo a preparar atividades de esclarecimento sobre a dificuldade da criança, evitando assim, a estigmatização da criança. Pode também ajudar a preparar as outras crianças da escola para receber e interagir com a criança que tem algum tipo de limitação.
As adaptações que serão realizadas, será de acordo com a necessidade da criança. Por exemplo: rampa da acesso, mesa acoplada à cadeira de rodas, portas largas, adaptadores no lápis (giz, pincel, tesoura, apontadores), almofadas no acento, mesas com inclinação, computadores, entre outros. Terapeutas ocupacionais são capazes de adaptar mobiliário e sugerir mudanças que ajudam a adaptação da criança ao ambiente escolar.


Crefito 3 - O trabalho do terapeuta ocupacional na escola envolve também a comunidade, pais e professores? Os professores recebem treinamento pela sua consultoria?
Ariela Goldstein - O terapeuta ocupacional em seu trabalho, procura envolver todos que de alguma forma possam contribuir para o desenvolvimento da criança. Os pais são peças fundamentais para o trabalho, assim como a escola.
A escola quando se mostra envolvida com as dificuldades do aluno, pode receber um treinamento focado nas suas necessidades. A consultoria na escola é sempre uma oportunidade para educar as pessoas sobre nosso trabalho e metodologias usadas.


Crefito 3 - Recentemente foi divulgada pesquisa no jornal “Estadao de S.Paulo”, dizendo que a cidade de são Paulo é recordista em casos de bullyng. Como o terapeuta ocupacional pode lidar com o tema, já que o bullyng acontece geralmente dentro da escola?
Ariela Goldstein - Junto ao professor, o terapeuta ocupacional irá pensar em atividades que promovam uma reflexão entre os alunos sobre as diferenças que podem existir entre eles, onde cada um perceba suas dificuldades e potencialidades em seu dia a dia. Um trabalho de sensibilização às diversidades. O trabalho para eliminar o bullying deve ter um olhar tanto para o problema de quem sofre o bullying como também de que o faz; às vezes o bullying é uma forma da criança também pedir ajuda.


Crefito 3 - Hoje em dia, existem muitas crianças diagnosticadas com transtornos de hiperatividade e déficit de atenção, elas freqüentam escola regular. Como os terapeutas ocupacionais trabalham com essas crianças com dificuldade de aprendizagem? O profissional pode ajudar a identificar e tratar outros casos de distúrbios de aprendizagem, como a disgrafia (letra feia), por exemplo?
Ariela Goldstein - Uma cena muito comum no ambiente escolar atualmente, são crianças que se apresentam inquietas em suas carteiras, que conversam a todo o momento com os colegas e se distraem com todos os movimentos internos ou externos da sala. Estas crianças geralmente têm dificuldades em acompanhar o proposto em sala de aula apesar de não apresentarem déficits de inteligência. São crianças diagnosticadas com TDA/H.
Os principais sintomas do TDA/H são: dificuldade de manter a atenção, inquietação (agitação motora e/ou mental) e impulsividade. Um outro sintoma que pode ser observado mas é pouco conhecido, é a dificuldade no processamento das informações sensoriais. Muitas crianças com TDA/H, apresentam um mau processamento sensorial, “falhas” no recebimento das informações sensoriais as quais resultam no comportamento inadequado da criança no ambiente,ou seja, na falta de atenção ou movimentação constante.
No caso de crianças que têm dificuldades, existe uma falha de comunicação entre o que os sentidos recebem e o que chega ao cérebro de modo que as informações chegam com intensidade exagerada ou com intensidade diminuída. Em qualquer dos casos, a criança poderá ter dificuldade em regular seu comportamento. A habilidade para integrar essas informações sensoriais é essencial para a aprendizagem e organização do comportamento. O terapeuta ocupacional no consultório usará atividades que desafiam as habilidades da criança e estimulam respostas organizadas e diferentes estímulos sensoriais. Na escola, podem sugerir estratégias para os professores que podem ajudar aquela criança especificamente mas que também podem ser usadas para beneficiar todos.
Crianças com TDA/H podem estar sujeitas a esta dificuldade de integrar as informações sensoriais. Se em um ambiente escolar o professor começa a ter uma visão diferenciada desta criança, conseguirá lidar melhor com a situação e consequentemente a criança passará a ter respostas mais adequadas ao ambiente.
Outras dificuldades de aprendizagem também podem ter sua origem neste processamento sensorial inconsistente, sendo a disgrafia por exemplo. Fatores como: tônus, equiliíbrio, lateralidade e postura estão diretamente ligados ao processamento sensorial da criança.


Crefito 3 - Você acha que todas as escolas deveriam ter pelo menos um terapeuta ocupacional trabalhando? Por quê?
Ariela Goldstein - Sim. O terapeuta ocupacional tem seu olhar na ocupação humana, e a escola faz parte disto. É uma das peças fundamentais para o desenvolvimento da criança.
Muitas crianças apresentam dificuldades em processar as informações sensoriais de uma forma correta, e isto reflete em sua aprendizagem. Má postura, escrita ilegível e hiperatividades são características muito comuns encontradas em sala de aula.


Crefito 3 - Existe algum estudo nacional ou internacional que comprove os benefícios da terapia ocupacional no ambiente escolar?
Ariela Goldstein - Existem estudos nos EUA e lá a lei exige que todas as crianças que apresentam algum tipo de distúrbio, disfunção ou deficiência comprovada por avaliação, tem o direito de receber terapia ocupacional escolar. Essa terapia, diferentemente da que acontece no consultório ou clínica, não é feita para tratar a criança e sim para facilitar a sua inclusão. São tratados pela TO escolar apenas os aspectos que se relacionam à vida acadêmica.

Comentários e Sugestões



Acredito, que o trabalho em conjunto nos faz crescer !!! Deixe aqui comentários e/ou sugestões para as próximas postagens no blog. bjs

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