18 de fev. de 2013

Sucesso na Escola: Adaptações para Estudantes com Problemas de Coordenação

 

As crianças com dificuldades de coordenação lutam contra muitas tarefas da vida diária num dia típico de escola enquanto as outras crianças realizam com facilidade. Pintar, cortar com tesoura, abrir
recipientes de almoço, organizar o trabalho numa página, atar atacadores, abotoar calças de ganga e
brincar nos intervalos podem ser fontes de frustração. Alunos mais velhos, que até já dominam
algumas das competências básicas, poderão também apresentar dificuldades na organização do
tempo/materiais, na qualidade/rapidez da produção escrita e na participação em aulas de
educação física ou outros desportos. Estas crianças podem ter Perturbação
do Desenvolvimento da Coordenação (PDC) (Developmental Coordination Disorder; DCD) (ver
 

http://www.canchild.ca/Default.aspx?tabid=468 para mais informação sobre PDC).
 
 
Todos os estudantes com PDC necessitam de adaptações ?



A PDC é um diagnóstico médico, não um diagnóstico educacional; como tal, não é fácil implementar um programa que atenda às necessidades de aprendizagem da criança na escola. Muitas crianças com PDC apresentam dificuldades que não são percebidas como sérias e por isso não são elegíveis para os serviços de educação especial. Algumas crianças com PDC necessitam unicamente de simples adaptações que, contudo, podem fazer uma grande diferença na sua capacidade de participarem e serem bem sucedidos na escola.

Antes de se começar a pensar sobre adaptações, é importante certificar que a criança não apresenta outros problemas de aprendizagem como sejam uma perturbação da aprendizagem da linguagem ou uma perturbação da aprendizagem não-verbal, perturbação de défice de atenção/hiperatividade ou uma perturbação específica da linguagem. Crianças com PDC têm um risco mais elevado de apresentarem estas perturbações, daí a importância de uma avaliação cuidada para descartar se outras
condições estão presentes ou não.

Se o problema primário da criança for a coordenação motora, existem muitas estratégias que podem ser úteis. As crianças podem continuar a cumprir os requisitos do currículo do seu ano de escolaridade mas podem precisar de
adaptações para ajudar a completar o seu trabalho e demonstrar a sua evolução ao nível da aprendizagem. Muitas vezes os educadores tendem a reduzir a quantidade de trabalho, o que acaba por diminuir o nível académico e pode resultar na redução das expetativas académicas. As crianças
com PDC normalmente não necessitam de um programa que altere as suas expetativas curriculares - as adaptações são geralmente suficientes.

Como é que um programa pode ser desenvolvido?
Um programa para conhecer as necessidades da criança poderá ser negociado informalmente com o professor ou pode ser formalizado através do desenvolvimento de um Programa Educativo Individual (PEI). A estrutura e o processo do PEI varia de região e quadro da escola, mas apresenta caraterística comuns. Um PEI é um documento escrito que descreve as potencialidades e necessidades do aluno e estabelece um programa para atender a essas necessidades. Os PEI são geralmente desenvolvidos
em colaboração com pais, docentes, docentes do ensino especial, diretores, profissionais
de saúde e (dependendo do nível de ensino) do estudante. Os PEI foram desenvolvidos para serem documentos de trabalho que são regularmente monitorizados e revistos conforme os progressos do estudante. As adaptações incluídas num PEI são tipicamente agrupadas em três categorias: adaptações no curriculum, no ambiente ou no processo de avaliação.

Quais são as adaptações mais comuns para estudantes comdificuldades de coordenação?
Embora a maioria dos programas seja individualizado e baseado no perfil de aprendizagem específico da criança, há algumas adaptações que consideramos úteis para muitas crianças com dificuldades de coordenação. Algumas ideias simples encontram-se apresentadas a seguir.
Sentar/Posicionar-se
 
- Sentar preferencialmente a criança perto do professor.

- Providenciar uma mesa com superfície inclinável.

- Ajustar a altura da cadeira e/ou mesa para maximizar a postura e estabilidade.
 
- Colocar uma almofada “Wiggle” no assento da cadeira.

- Colocar um tapete antiderrapante na cadeira.

- Permitir que a criança se ajoelhe na cadeira ou fique de pé quando trabalha numa mesa.

- Providenciar oportunidades para que a criança se levante e faça algumas pausas.

- Atribuir um armário à criança.

- Colocar etiquetas nas prateleiras dos armários.

- Ter um assento ou banco disponivel para a criança se vestir nos intervalos e no fim das aulas de educação física.

Materiais/Ferramentas


- Experimentar diferentes tipos de material (ex: papel com margens ou linhas destacadas, papel colorido com letras em grande dimensão, papel gráfico para alinhar números e letras)
- Deixar a criança escrever em linhas alternadas.

- Experimentar uma variedade de ferramentas de escrita (ex: canetas ergonomicamente desenhadas/lápis e canetas de gel).
 
- Usar engrossadores de lápis.

- Usar tesouras de molas.

- Usar uma capa única com divisórias e bolsos internos para prender os lápis.

- Providenciar livros didáticos para a criança ter em casa.

Tecnologia


- Usar um computador ou processador de palavras para realizar trabalhos escritos

- Utilizar a verificação ortográfica.

- Providenciar um computador com software de previsão de palavras, de leitura de retorno, de reconhecimento de voz e de organização gráfica
- Usar formas atrativas para os títulos

- Usar um gravador em vez de imprimir ou digitar

Tempo


- Providenciar tempo extra para completar testes e trabalhos escritos

- Permitir que a criança comece mais cedo as atividades para ter tempo para ir ao recreio.
 
- Analisar o ritmo e/ou tempo de trabalho para diminuir a fadiga.

- Providenciar tempo extra para que a criança mude de roupa para ir para o ginásio ou evitar que a roupa do dia a dia seja diferente da utilizada na realização de tarefas físicas.

Expectativas



- Negociar o nível de limpeza exigida no caderno diário

- Usar um carimbo para a data ao invés da criança ter que a escrever sempre

- Reduzir o número total de questões e selecionar o nível de dificuldade na ficha
(ex: mesmo as questões numeradas)

- Aceitar a ajuda escrita dos pais nos trabalhos de casa .

- Permitir testes orais.

- Aceitar respostas de escolha múltipla.

- Usar o preenchimento de espaços em branco ou ligação de respostas, sempre que possível.

- Em testes de ortografia, imprimir a palavra pretendida (não pedir a frase completa).
- Aceitar métodos de avaliação alternativos (ex: exposições, apresentação de trabalhos orais).


Auxílio



- Monitorizar o uso de uma agenda e a realização dos trabalhos de casa.

- Enviar à criança trabalhos de casa por email.

- Atribuir um colega de secretária para auxiliar e escrever notas .

- Fotocopiar resumos para a criança

- Fornecer instruções passo a passo para a aprendizagem de novas competências no ginásio.

- Usar a demonstração visual, orientações verbais e feedback específico

-Providenciar previamente aos pais e ao estudante os objetivos de novas competências para que a criança as possa praticar e aprender com antecedência.

Para mais informações sobre crianças com PDC visite o site CanChild Centre for Childhood Disability Research website: www.canchild.ca

Porque é que a Terapia Ocupacional é importante para as crianças com autismo?

Neste artigo a terapeuta ocupacional Corinna Laurie, que exerce funções em contexto escolar e é diretora da “ Evolve Children’s Therapy...