3 de abr. de 2009

Playground: modo de usar


Se o parquinho do seu prédio ou da praça perto da sua casa viesse com manual de instruções, você ficaria surpreso com tudo que um simples balanço ou um prosaico tanque de areia podem fazer pelo seu filho.Ao se esbaldar em brinquedos como escorregador, gira-gira e trepa-trepa, ele desenvolve habilidades que utilizará para o resto da vida. A brincadeira aguça os sentidos da criança, a ajuda a compreender o mundo e faz com que ela experimente novas relações sociais. Quando brinca no balanço, ela aprende na prática conceitos como devagar e rápido, alto e baixo. No tanque de areia, pode ter de dividir a pazinha e o baldinho com outros amigos. "A brincadeira é o caminho para que ela desenvolva todas as habilidades - sociais, psicomotoras e cognitivas", explica Maria Cristina de Oliveira, terapeuta ocupacional.Segundo ela, meninos e meninas que são privados deste tipo de vivência podem apresentar dificuldades no planejamento motor. "As experiências corporais são a base para que a criança possa, com o tempo, organizar seu comportamento.”

Deixe a criança escolher

Nos parquinhos, a garotada trabalha de forma bem concreta conceitos como grande e pequeno, cheio e vazio. Causa e efeito são sentidos no próprio corpo. Outro aspecto importante é que as atividades são livres. A recomendação é chegar no playground, mostrar as opções e, depois, deixar os pequenos decidirem o que fazer.
No caso de crianças que têm medo de certos brinquedos, a dica é não forçar. Se seu filho fica paralisado só de ver a gangorra ou nem gosta de passar perto do escorregador, não adianta ficar insistindo e muito menos colocá-lo a contragosto. Pode ser que ele ainda não esteja preparado para enfrentar o desafio. Uma estratégia que pode dar certo é procurar um brinquedo equivalente que lhe dê mais segurança, como uma rede, no caso de crianças que não gostam de balanço.

De acordo com Maria Cristina, o brinquedo precisa proporcionar o desafio na medida certa. “Os obstáculos não podem ser maiores do que a criança consegue enfrentar para que ela não se frustre. Mas também não podem ser pequenos demais para que ela não perca o interesse.” A educadora Ursula Heymeyer destaca ainda que, nos parquinhos, os pequenos conhecem outras crianças e vivenciam um ambiente sem serem constrangidos a toda hora por regras. E adverte: playground é bom e toda mãe deveria freqüentar.

Aula de convivência

Apesar de serem diferentes, alguns brinquedos promovem estímulos parecidos. Como a criança tem um contato físico maior com o brinquedo, ele oferece a ela um estímulo tátil. Para brincar, é necessário sentar e segurar no gira-gira, no balanço ou no escorregador. Nesse contato, a criança sente a textura e a temperatura do material. E não é só isso. O vento que bate no pequeno quando ele se balança ou escorrega também é um estímulo.
A parte visual também é muito importante. No balanço e no gira-gira, por exemplo, o campo de visão está em constante alteração. A visão do espaço se modifica o tempo todo, fazendo com que meninos e meninas aprendam a estabilizar a imagem apesar do movimento do próprio corpo. Isso é fundamental para desenvolver o equilíbrio.
A gangorra e o gira-gira ajudam na sociabilização. Para utilizá-los de maneira tradicional – é sempre bom lembrar que a criança pode usá-los de maneira que nós, adultos, não imaginaríamos -, os pequenos precisam conciliar sua vontade com a dos amigos. De nada adianta ter seis crianças sentadas no gira-gira se apenas uma quiser rodar.
Para a psicóloga Inajara Paiva, a sociabilização é um dos pontos centrais nos parquinhos. “Vivemos num mundo muito individualista. Muitas famílias têm filho único, que mantém pouco contato com outras crianças. E criança precisa de criança”, afirma.
De uma forma geral, os brinquedos também ajudam no condicionamento físico e fortalecimento do tônus muscular. É preciso correr de um brinquedo para o outro, subir escada, fazer força, empurrar !

Déficit de Integração Sensorial

Crianças com essa disfunção processam as informações sensoriais de forma inadequada, o que pode levar à dificuldade de aprendizagem e a problemas de comportamento. Os sintomas mais comuns são pouca ou muita sensibilidade ao toque e ao estímulo visual e auditivo, dificuldades para planejar movimentos e executar tarefas, e agitação ou lentidão excessivas. O limite entre o que é normal e o que pode ser classificado como déficit de integração sensorial só pode ser dado por um profissional. Por isso, nada de achar que seu filho tem algum problema antes de ouvir a opinião de um especialista. (Revista Pais&Filhos, Nov 2004)

Porque é que a Terapia Ocupacional é importante para as crianças com autismo?

Neste artigo a terapeuta ocupacional Corinna Laurie, que exerce funções em contexto escolar e é diretora da “ Evolve Children’s Therapy...