15 de nov. de 2010

Estimular a curiosidade

Tornar uma criança curiosa por seu ambiente é a primeira etapa para fazer nascer o interesse em compreender este ambiente, em agir e reagir. A criança que apresenta limitações específicas chegará nesse ponto de forma melhor se algumas pequenas atividades cotidianas a tornarem atenta ao que está a sua volta.

PROVOCAR SEU OLHAR




  • Olhá-lo, procurar seu olhar e falar com ele enquanto você o alimenta. (laço afetivo, estimulação para olhar seu rosto, estimulação auditiva)



  • Na janela, mostrar a chuva que cai. (sequencia visual da chuva em movimento, conhecimento de seu ambiente)



  • Mostrar a água que cai no vaso sanitário quando você aciona a descarga. (relação causa-efeito, estimulação visual, familiarização com o barulho)



  • Fazer derreter o gelo em uma bandeja. (experiência de química, estimulação visual e tátil



  • Fazê-lo seguir com os olhos as bolinhas de sabão e pedir para ele colocar o dedo. (capacidade de atenção, sequencia visual de um objeto em movimento, coordenação olho-mão)



  • Em um dia ensolarado, propor seguir sobre a parede o reflexo do sol em um pequeno espelho. (relação de causa e efeito, sequencia visual de um objeto em movimento, permanência do objeto)



  • Mostrar as folhas que o vento faz cair e girar. (sequencia visual de um objeto em movimento, relação de causa e efeito)



  • Brincar de esconde-esconde. (conceito de permanência do objeto, estimulação auditiva junto com a estimulação visual, laço afetivo)



  • Fazer descobrir a mágica do espelho que copia os gestos e que lhe mostra uma pessoa, mesmo se ela está atrás dele. (imagem de si, relação de causa e efeito, estimulação para olhar seu rosto e os outros)



  • Espalhar creme de barbear em um espelho e pedir para a criança reaparecer esfregando o espelho. (estimulação visual e tátil, relação de causa e efeito, conhecimento do corpo, tomada de decisão)



  • Descobir a mágica do colorante vegetal que muda a cor da água. (experiência de física, interesse visual em acompanhar o processo, relação de causa e efeito)

Levando a criança a observar seu ambiente, o provocamos a estabelecer, pelo olhar, um contato com os objetos e com as pessoas. Ela desenvolve, assim, sua capacidade de concentrar sua atenção sobre um objeto, seguir os deslocamentos e os olhos no rosto das pessoas ao seu redor. Sabemos que o contato visual entre pais e filhos ajuda a estabelecer uma interação entre eles. Se seu filho olha para você, você será levado a olhá-lo e a falar com ele.


Estas atividade não estimulam somente a visão da criança, elas fornecem também conhecimento sobre seu ambiente (fenômeno físico, relação de causa e efeito, permanência de objetos); além disso, elas fornecem estímulos auditivos e táteis e favorecem a interação com as pessoas.



PROVOCÁ-LO A ESCUTAR




  • Gravar sua voz em um gravador. (funcionamento dos objetos, relação de causa e efeito, identificação das vozes, estimulação para falar ou emitir sons)



  • Ensinar-lhe a reproduzir os sons dos animais. (pensamento simbólico associando um som a um animal, estimulação para emitir sons)



  • Adotar uma canção ou um conto para diferentes atividades, a qual se torna o tema e permite à criança prever o desenrolar da atividade. (vínculo entre um estímulo auditivo e uma ação precisa, laço afetivo, estimulação do movimento, antecipação de uma ação)



  • Contar uma história. (lógica de uma narrativa, antecipação do que acontecerá, imaginação, compreensão)



  • Ouvir músicas, canções. (identificação das canções, ritmo, compreensão)



  • Ouvir o tiquetaque de um despertador, de um relógio. (características de um objeto, identificação dos ruídos)



  • Ouvir a voz do papai no telefone. (características dos objetos, laços afetivos, identificação de vozes, permanência dos objetos)



  • Mudar o tom da voz para torná-la aguda ou grave. (variedade de estímulos auditivos, senso de humor)



  • Cantar em diferentes ritmos. (reconhecer ritmos, compreensão, laço afetivo)



  • Descobrir que certas pessoas sabem assobiar como pássaros. ( reconhecimento dos sons, compreensão de seu ambiente)



  • Atrair sua atenção para ruídos que vêm do exterior da casa. ( atenção auditiva, familiarização com os ruídos)

Tornar a criança atenta ao mundo sonoro que está ao seu redor lhe permite conhecer seu ambiente e lhe ajuda a se familiarizar-se com os ruídos deste ambiente. Às vezes podem até lhe trazer sentimentos de segurança.


PROVOCÁ-LO A TOCAR, A SER TOCADO




  • Fazê-lo sentir o vento que bate em seu rosto e desmancha seu cabelo. ( distição entre calor, frio e morno, reconhecimento da intensidade da estimulação do vento)



  • Não esconder completamente seu rosto, em uma saída no inverso, para fazê-la sentir o vento em seu rosto. (nova estimulação tátil, reconhecimento do frio)



  • Fazê-la descobrir a maciez ou o rugoso dos objetos. (reconhecimento das texturas)



  • Fazê-la sentir a vibração do aspirador. (nova estimulação tátil, familiarização com o ruído que às vezes dá medo na criança)



  • Sentir a maciez de uma coberta de flanela que é colocada sobre ela. (reconhecimento das texturas, associação da maciez com bem-estar)



  • Passar o jato do chuveirinho sobre seu ventre, suas costas, suas coxas. (nova estimulação tátil, conhecimento das partes do corpo)



  • Deixá-la tocar a barba do pai. (familiarização com uma nova textura, estimulação tátil)



  • Rolar ou esconder algumas partes de seu corpo na grama, nas folhas ou simplesmente no cobertor. (estimulação vestibular junto com a estimulação tátil se fazemos a criança rolar, permanência de objeto, integração das diferentes partes do corpo)



  • Fazê-la descobrir o mole/duro, calor/frio, molhado/seco, leve/pesado. (descoberta das características dos objetos: peso, temperatura)

Oferecendo a seu filho brinquedos de diferentes texturas (urso de pelúcia, blocos de madeira, bolas de borracha, bonecas de tecido), você varia a estimulação tátil. E perguntando se ele acha que é macio, frio, pesado ..., você o torna consciente das características táteis dos objetos, provocando-o a se comunicar.



PROVOCÁ-LO A SENTIR




  • Sentir o perfume de uma flor. ( reconhecimento dos odores)



  • Sentir o cheiro de um bolo que sai do forno. ( descoberta dos odores, associação de um odor a alguma coisa agradável)



  • Sentir o perfume da mamãe, a loção pós-barba do papai. (distinção entre odores, associação do odor às pessoas)



  • Sentir o cheiro do sabonete no nosso corpo no momento do banho ou de lavar as mãos. ( descoberta dos odores agradáveis)



  • Sentir cheiros menos agradáveis. (descoberta dos odores desagradáveis)



  • Arranjar brinquedos que estimulam seu olfato: massa de modelar com perfume de frutas, lápis perfumado. (estimulação do olfato, descoberta do perfume de frutas)

FAZÊ-LO DESCOBRIR O MOVIMENTO


Todas as atividades que se segem permitem à criança fazer a experiência do movimento, oferecem um estímulo vestibular.




  • Balançá-la lentamente em seus braços. ( experiência de balanço leve)



  • Parecer que está pedalando com suas pernas no momento das trocas de fraldas. ( experiência de movimentos alternados das pernas, movimentos que serão requisitados no momento da marcha, integração dos dois lados do corpo)



  • Quando ela controla bem sua cabeça e começa a controlar seu tronco, sentar no chão entre sua coxa e, segurando pelo quadril, balançar lentamente da esquerda para a direita e para a frente. (estimulação de reação de proteção em posição sentada, estimulação auditiva através de canções)



  • Fazer de novo a mesma atividade, segurando sempre pelo quadril, mas desta vez sentado em uma cadeira, a criança sobre os seus joelhos com as pernas de cada lado. (estimulação maior das reações de proteção em posição sentada)



  • Estando sentado sobre uma caderia e com as pernas cruzadas, sente seu filho sobre seu pé, faça-o subir e descer, segurando-o pelas axilas, se ele controla bem a cabeça, ou pelas mãos, se ele controla também o tronco. (experiência de movimentos ritmados, estimulação para manter o tronco, experiência de aceleração pelos empurrões da criança)



  • Em posição de pé e segurando seu filho pelas axilas, balançar de frente para trás entre suas pernas. (experiência de movimentos ritmados, estimulação para emitir sons)



  • Balançá-lo no parque. (movimento de balançar mais vigoroso que nos braços, comunicação de seus desejos, estimulação do controle da posição sentada)


  • Escorregar na grama ou em um escorregador no parque. (estimulação da posição sentada, experiência de aceleração, estimulação tátil pelo vento e estimulação auditiva pelas palavras do pai ou da mãe, laço afetivo)


A criança aprende primeiro pelos sentidos, e é isto que nós estimulamos neste tipo de atividades. A criança registra também mensagens afetivas pelos sentidos.


Não hesite em lhe dizer, pelo seu olhar, que você a ama, lhe dar um sentimento de segurança com uma doce pressão quando ela está em seus braços, lhe oferecer o prazer de um carinho ou de uma massagem.


Com o conjunto destas atividades, você torna seu filho mais consciente do que há em torno dele e o fará experimentar diversas sensações. Ele descobre as características dos objetos (macio, maleável, áspero, luminoso), as particularidades das pessoas ao seu redor (voz, barba) e desenvolve sua percepção das texturas, das vozes, dos sons. Ele descobre também que pode agir sobre seu ambiente (gravador, creme de barbear).


A atividade será mais agradável e mais próxima de uma brincadeira se ela solicita vários sentidos: visão, audição, tocar, movimentar. Se vários sentidos enviam ao cérebro mensagens relacionadas ao mesmo objeto, a aprendizagem será mais rica. Não hesite em explicar a situação à criança, CONVIDÁ-LA a olhar os objetos, a tocar, a fazer sentire, a dizer o nome. Assim ela poderá tirar o máximo destas atividades.


Fonte: Além da deficiência física ou intelectual - um filho a ser descoberto (Ferland)




Porque é que a Terapia Ocupacional é importante para as crianças com autismo?

Neste artigo a terapeuta ocupacional Corinna Laurie, que exerce funções em contexto escolar e é diretora da “ Evolve Children’s Therapy...