TRANSTORNOS DO PROCESSAMENTO SENSORIAL
Transtorno do processamento sensorial é definido como a presença de uma alteração em detectar, modular, interpretar ou responder ao estímulo sensorial, anteriormente descrita na literatura como disfunção de integração sensorial3. Trata-se de um transtorno apresentado por um grupo heterogêneo de crianças caracterizadas pelas variadas experiências de limitações na participação e realização das atividades. Tal condição pode trazer prejuízos associados às habilidades sociais, ao controle postural, à coordenação motora, ao uso e manuseio dos objetos, assim como ao desempenho nas atividades de vida diária e à
imaturidade no brincar. Pode ainda estar associada aos prejuízos nas atividades escolares, aos problemas de atenção, além de ser risco para dificuldades de aprendizagem. Vários autores têm discutido a associação
do transtorno do processamento sensorial a outros diagnósticos que incluem a síndrome de Asperger; o autismo, a síndrome do X frágil; o transtorno do desenvolvimento da coordenação (TDC); assim como o TDAH. Apesar da relevância do transtorno do processamento sensorial sobre o desenvolvimento infantil já evidenciada pela literatura, não houve ainda o reconhecimento do transtorno do processamento sensorial pela Associação Americana de Psiquiatria (APA) e a discussão sobre a inclusão do transtorno do processamento sensorial no DSM-V vem sendo realizada por autores e pesquisadores da área.
Baseados nos estudos de Ayres, várias taxonomias e classificações dos subtipos de comportamentos
relacionados ao transtorno do processamento sensorial foram utilizados no decorrer do tempo. No entanto, a mais recente nosologia para o diagnóstico proposta por Miller et al. classificam o transtorno do processamento sensorial em: transtornos de modulação sensorial, transtornos de discriminação sensorial e transtornos motores com base sensorial.
Transtornos de modulação sensorial são caracterizados pela dificuldade em regular grau, intensidade e natureza das respostas aos estímulos sensoriais, podendo ser classificados em:
a) hiporresponsividade sensorial, com pobre reação aos estímulos relevantes do ambiente como, por
exemplo, dor, movimentos ou cheiros;
b) hiperresponsividade sensorial, com maior tendência a se orientar e a responder a determinados estímulos,
como toques, movimentos, luzes, sons, apresentando, por exemplo, respostas aversivas ou intolerância ao movimento, com reação de enjoo, mal-estar e náuseas diante de mínimos estímulos;
c) busca sensorial, com procura constante de estímulos intensos, seja vestibular, proprioceptivo e outros.
Transtornos de discriminação sensorial estão relacionados às dificuldades em interpretar a qualidade ou a singularidade de cada estímulo, perceber suas diferenças e semelhanças, podendo apresentar diferentes graus de dificuldades nas diversas modalidades sensoriais, como visual, tátil, auditivo, vestibular, proprioceptivo, gustativo e olfativo3.
Já os transtornos motores com base sensorial são caracterizados por indivíduos com dificuldades
em integrar as informações do próprio corpo e movimentar-se de maneira eficiente no ambiente,
sendo os problemas mais comuns:
a) distúrbio postural, com dificuldade em estabilizar o corpo
durante o movimento ou retificar a postura quando solicitado pelo movimento;
b) dispraxia, com dificuldade em idealizar, criar, iniciar, planejar, sequenciar, modificar e executar as ações.
A avaliação do transtorno do processamento sensorial pode ser realizada por meio de questionários para crianças e seus cuidadores, por meio dos testes normatizados das habilidades do processamento sensorial, assim como pelas observações clínicas. Dentre os testes normatizados mais utilizados para a identificação de transtorno do processamento sensorial em crianças em idade escolar encontram-se: DeGangi Berk Test of Sensory Integration, teste voltado à avaliação de pré- -escolares em suas funções motoras e posturais
com base sensoriais; Sensory Integration and Praxis Tests (SIPT), bateria de testes considerada “padrão ouro”, utilizada para mensurar o desempenho e diagnosticar o transtorno do processamento sensorial, podendo ser aplicado somente por profissionais treinados e certificados na administração e interpretação de seus resultados; Sensory Processing Measure (SPM), escala de avaliação voltada às respostas do processamento sensorial, ao planejamento e ideação, além da participação social da criança em casa
e na escola, baseada nas informações dos pais e educadores; Sensory Profile e o Infant/Toddler
Sensory Profile, questionários respondidos por pais, cuidadores e educadores, voltados para as
habilidades do processamento sensorial dentro de seus contextos e nas diferentes faixas etárias.
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