12 de mar. de 2014

Processamento sensorial na criança com TDAH - PARTE 3

BASES NEUROBIOLÓGICAS DO PROCESSAMENTO SENSORIAL E DA APRENDIZAGEM

Segundo Guardiola et al., o sistema nervoso pode ser considerado como um ordenador, responsável
pelo processamento das informações que recebe do mundo exterior e do próprio organismo,
bem como pela integração e direcionamento coordenado aos órgãos efetores, responsáveis pelas respostas adequadas e necessárias à vida do indivíduo. Inicialmente todas as informações do mundo
exterior e das estruturas periféricas são recebidas pelos receptores e neurônios que constituem o
sistema nervoso periférico, sendo então conduzidas até o sistema nervoso central. Por meio
da atuação dos sistemas sensoriais da audição, visão, olfato, gustação, somestesia (tato, dor, temperatura
e propriocepção) e vestibular, essas informações são enviadas ao sistema nervoso central, onde ocorre o processamento sensorial. A partir da experiência como ação, verificada na motricidade, o indivíduo simultaneamente integra e incorpora o mundo exterior e o vai modificando, construindo estruturas de conhecimento. Por meio do corpo, de onde emana a sensibilidade e a motricidade, e do cérebro, de
onde emana a cognição, a criança sente, interage e transforma o ambiente, sendo base da construção dos comportamentos adaptativos que ilustram o desenvolvimento e a aprendizagem humana.
Nesse sentido, a aprendizagem ocorre a partir da recepção e da troca de informações entre o meio ambiente e os diferentes centros nervosos, que se inicia a partir de um estímulo de natureza físico-química advindo do ambiente que é transformado em impulso nervoso pelos órgãos dos sentidos. Uma vez transformada em impulso nervoso, a informação sensorial é transportada por meio da inervação sensitiva até o hipotálamo, o tálamo e o córtex cerebral. No hipotálamo, são ativados o sistema nervoso autônomo e o motor, responsável pela forma como o indivíduo sente e se comporta. As informações que chegam
ao tálamo são enviadas aos centros nervosos do córtex cerebral correspondente à natureza do estímulo,
denominadas de “áreas primárias” ou de projeção. Em sua forma elementar e incompleta, o estímulo projetado é chamado de «sensação», não havendo conhecimento nem elaboração de
significado. Uma vez transmitida para a “área secundária” ou de associação, a informação sofre
a decodificação, surgindo a «percepção» com a formação de imagens sensoriais correspondentes
às modalidades do estímulo, que passam a receber significados. Nas “áreas terciárias”, ou
de integração, ocorre a adição e combinação de todos os aspectos do estímulo à informação,
fazendo associações entre os sentidos. Ocorre também a integração ao conhecimento, à memória
e às experiências prévias, nos quais as representações e reações emocionais são conduzidas
pelas conexões corticais e subcorticais até as estruturas do sistema límbico.
A informação prossegue das áreas terciárias para o córtex pré-frontal, sendo então elaborado
um movimento ou um comportamento. O movimento ocorre a partir de uma intenção, um
planejamento elucidado no córtex pré-frontal, passando para a área pré-motora, responsável
por organizar a sequência motora. Posteriormente é projetada até a área motora primária, que
enviará impulsos via medula até os músculos responsáveis pela execução do movimento.
Dessa forma, as informações recebidas dos sistemas sensoriais são registradas, moduladas
e discriminadas através do processamento sensorial, produzindo comportamentos adaptativos em resposta ao ambiente.

Porque é que a Terapia Ocupacional é importante para as crianças com autismo?

Neste artigo a terapeuta ocupacional Corinna Laurie, que exerce funções em contexto escolar e é diretora da “ Evolve Children’s Therapy...