11 de out. de 2016

Ocupação: Brincar


Você já assistiu a esta discussão, um pai ou mãe zelosos pela evolução académica dos seus filhos a afirmarem serem completamente a favor dos TPCs em exagero, das horas extraordinárias dentro da sala de aula, dos exames e da pressão excessiva a eles associados – afinal esse é o trabalho delas, das crianças!
Bem, você já assistiu a uma dessas de certeza, mas este texto não é para provar o que está certo ou errado, é apenas para explicar o que é o Brincar e porque é que as crianças precisam! de Brincar.
Contudo, deixam-me fazer um ponto prévio para corrigir-me! Afinal, não são só as crianças que precisam de brincar! Embora possamos pensar que brincar é coisa só para os mais pequenos a verdade é que todos nós – crianças, adolescentes e adultos – brincamos! E a forma de brincar será certamente diferente nas diferentes etapas da nossa vida, alguns até lhe mudam o nome, deixamos de Brincar e passamos a ter momentos de Lazer ou Recreação. Se usarmos o termo Lazer ou Recreação para representar o “brincar dos adultos” podemos afirmar que adultos não brincam, mas só desta forma, mudando-lhe o nome! Mas adultos brincam, devem brincar e todos nós temos essa capacidade de brincar ao nível dos mais pequenos. Pronto😉
E agora as crianças! Falar sobre o brincar nas crianças pode reduzir-se a uma única frase: 
    Todas as crianças querem, gostam e precisam de brincar, porque brincar não é um Direito, Brincar é um bem de primeira necessidade!
Brincar é uma ocupação histórica, tem milhões de anos, acompanha o desenvolvimento da espécie humana e tem-se modificado com ela! Podemos encontrar crianças a brincar em todos os cantos do mundo, em todas as culturas, em todas as línguas, em quaisquer condições climatéricas, sociais ou económicas. Crianças de famílias abastadas brincam, crianças que não têm família brincam, crianças sem tecto brincam, crianças com doenças graves brincam, crianças com autismo brincam, crianças com Necessidades Educativas Especiais brincam, podem ter todas capacidades diferentes, obstáculos diferentes e o brincar delas pode ainda não estar ao nivel do que queremos, mas BRINCAM!! E nós não podemos retirar-lhes isso.

Mas o que é o Brincar afinal?

Definir o brincar de forma geral é praticamente impossível. O que define o Brincar para mim é certamente diferente da sua propria definição, é  também isso que torna o brincar uma ocupação tão importante porque é significativa ao ponto de ter um significado pessoal para cada um de nós! Mas deixem-me partilhar o que diz oNational Institute for Play:
    “Brincar é uma forma de estar imensamente prazerosa. Brincar dá-nos energia e anima-nos. Alivia o peso dos nossos ombros, renova um senso natural de optimismo e abre-nos novas possibilidades”.
  Abre-nos novas possibilidades e desenvolve novas capacidades! O ato de brincar é uma ferramenta importante que influencia a vida de uma criança. é através do brincar que as crianças aprendem a dar forma e a compreender o mundo que os rodeia. O “trabalho” das crianças é brincar, para assim atingir os objetivos que lhe estão destinados: crescer e aprender!
Este “trabalho” ou “ocupação” permite desenvolver a coordenação motora, maturidade emocional, desenvolve as competências sociais, bem como a autoconfiança necessária para explorar novos ambientes e novos desafios.
Os terapeutas ocupacionais têm experiência em avaliar o desenvolvimento neurológico, muscular e sensorial, bem como, identificar potenciais barreiras a um desenvolvimento saudável.

O que pode fazer um Terapeuta Ocupacional?

  • Ajudar a adaptar brinquedos ou modificar o ambiente de forma a que a criança consiga participar nas atividades relacionadas com o Brincar;
  • Recomendar brinquedos e atividades que componham o “desafio certo” para a criança;
  • Aconselhar sobre como exigir, gradualmente, ações mais complexas para desenvolver o seu filho;
  • Oferecer oportunidades de jogo que incentivem a  resolução de problemas;
  • Recomendar estratégias de jogo de acordo com as rotinas e prioridades da família;
  • Observar, identificar e desenvolver estratégias de jogo que promovem um estilo de vida saudável;
  • Sugerir brinquedos que ajudarão a criança a desenvolver habilidades específicas, enquanto se diverte;
  • Capacitar os membros da família a envolverem-se mais no jogo da criança;
  • Colaborar com os educadores e cuidadores para aumentar as oportunidades de Brincar em casa, durante o recreio na escola, e durante passeios da comunidade;

O que podem fazer os Pais e a Famíla?

  • Incentivar a participação em jogos ricos em sensações, usando bolas, brinquedos de areia e de água, escorregas, baloiços, tintas de dedo, e ímans. Durante o jogo sensorial, as crianças usam os seus sentidos para integrar as sensações do músculos, tato, audição, cheiro, visão e movimento;
  • Incentivar o jogo de manipulação, como o uso de massinhas, LEGOs e jogos de tabuleiro. Brinquedos como quebra-cabeças, encaixes e contas/enfiamentos ajudam a melhorar a destreza e coordenação olho-mão da criança;
  • Promover o Brincar imaginativo ou “a fingir”, brincando com coisas como bonecas e peluches, móveis de brinquedo, fantoches e telefones. Este tipo de brincadeira estimula a criatividade e jogo de “faz de conta” e oferece uma oportunidade para desenvolver as capacidades sociais.
  • Escolha os brinquedos que são apropriados para o nível de maturidade e/ou idade da criança. Eles não tem que ser caros ou complicados para serem benéficos. Objetos comuns, como potes e panelas, caixotes vazios, carretéis de linha, laços, e colheres de madeira são facilmente acessíveis e incentivam as crianças a usar a sua imaginação.
Lembre-se que ao escolher um brinquedo para uma criança deve sempre ter atenção aos perigos associados. Os brinquedos não devem ter peças pequenas que se quebram facilmente ou podem ser engolidas.
Enquanto supervisiona a segurança do seu filho, brinque com ele! Vai ver que dentro de si, ainda há uma criança que sabe Brincar!!
Fonte: https://marcoleaoto.wordpress.com/2016/09/20/ocupacao-brincar/

20 de set. de 2016

Descubra a Proprioceção: Um Sentido "Escondido”©

A maioria das crianças aprende que temos cinco sentidos: visão, tato, paladar, olfato e audição. Contudo há outros sentidos muito importantes que não estão presentes nesta lista. A consciência da posição do nosso corpo ou “proprioceção” é um deles. Não é comum ensinarmos às crianças a existência e a utilidade deste sentido e portanto a maioria das pessoas não sabe da sua existência. Este desconhecimento cria um desafio adicional sempre que este sentido não funciona de forma correcta pois, se não estamos conscientes do mesmo, será difícil compreender problemas relacionados a ele. 

Assim como os nossos olhos e ouvidos enviam informações sobre o que vemos e ouvimos para o cérebro, partes dos nossos músculos e articulações detectam a posição do nosso corpo e enviam, também elas, essas mensagens para o cérebro. Dependemos desta informação para saber exatamente onde estão as diferentes partes do nosso corpo e para planejarmos os nossos movimentos. 

Quando o nosso sentido da proprioceção funciona bem realizamos diversos ajustes, contínuos e automáticos, nas nossas posições. Este sentido permite-nos manter e movimentar em diversas posições funcionais para que possamos realizar as nossas actividades do dia a dia, como sentar numa cadeira para trabalhar, segurar objetos de forma correta, tais como uma caneta ou um garfo, manobrar o corpo através de uma passagem estreita para não ir contra os objetos ou derrubá-los, saber a distância que devemos manter quando conversamos com uma pessoa para não ficarmos perto ou longe demais, planejar a pressão necessária a ser exercida para não quebrar a ponta do lápis ou um brinquedo e saber alterar as nossas ações quando estas não foram bem sucedidas, por exemplo, quando lançamos uma bola e esta não acertou no alvo ou fazemos um mergulho que resultou numa “barrigada”.

Uma vez que a proprioceção nos ajuda em todas estas funções básicas, um problema neste sentido pode causar grandes dificuldades. Muitas vezes um indivíduo tem de prestar atenção a certas coisas que deveriam acontecer automaticamente. Pode também ter de utilizar a visão para compensar e perceber que ajustes podem ser feitos. Isto pode exigir muita energia. Uma criança com estas dificuldades pode sentir-se desajeitada, frustrada e mesmo com medo de algumas situações. Por exemplo, pode ser muito assustador descer as escadas quando não sabemos onde estão os nossos pés. O sistema proprioceptivo é ativado através de atividades do tipo puxa/empurra, atividades como saltar e atividades que envolvem peso e pressão profunda. Esse tipo de sensação geralmente é calmante e pode ser útil para uma criança que se desorganiza facilmente.

Ajude a criança a ser mais consciente da posição do seu corpo

Seguem-se alguns exemplos de atividades propriocetivas. Estas atividades podem ser úteis para ajudar a criança a ter mais consciência da posição do seu corpo e a ficar mais calma e organizada

1. Peça ajuda para os “trabalhos pesados”, por exemplo, carregar os sacos das compras, transportar o cesto da lavanderia, puxar sacos das folhas, levar o lixo e arrancar ervas daninhas, ou arrastar os sofás enquanto aspira.
2. Brinque de “faz de conta”, simulando uma viagem e peça à sua criança que faça a própria mala, colocando sacos de arroz e de feijão na mochila. Realizem brincadeiras onde fingem escalar montanhas e saltar pedras no parque ou no jardim.
3. Faça um sanduíche com a criança, colocando-a entre as almofadas do sofá. Simule que adiciona "pickles", "queijo", "alface", etc., enquanto exerce alguma pressão sobre a criança.
4. Peça à criança que feche os olhos e “sinta” onde estão os seus pés, mãos, braços, etc. Pergunte-lhe em que posição estes se encontram, se estão para cima ou para baixo. Veja se ela se consegue se posicionar em diversas posições sem olhar, como rolar, tocar no nariz, fazer um círculo com os braços, fazer um X com os braços e as pernas, etc.
5. Algumas crianças vão adorar pendurar-se pelos braços e sentir o seu corpo alongar enquanto se balançam. Uma barra numa porta pode ser uma maneira simples de permitir esta atividade em casa.
6. Dê à criança um estímulo propriocetivo extra quando ela está aprendendo algo novo. Por exemplo, colocar um peso leve no punho quando a criança tenta atirar uma bola, pode dar” feedback” sobre a posição do seu braço. Outros exemplos incluem praticar letras, formas ou números em argila ou outra mistura firme; colocar as mãos nos quadris ou ombros da criança e exercer uma pressão suave, quando a criança está aprendendo uma nova habilidade motora, como subir escadas ou patinar; e na realização de uma atividade motora crie, de forma suave, alguma resistência aos movimentos, para que a criança possa “senti-los” mais facilmente.
7. Se a criança gostar, realize uma massagem suave, mas firme. Experimente, esfregar-lhe os braços e as pernas para acordá-la. Uma ligeira pressão nos ombros e cabeça ajuda a acalmá-la e as massagens nas mãos ajudam-na antes da realização de uma atividade de motricidade fina.
Estas são apenas algumas ideias. Use o bom senso, não exerça demasiada pressão e não peça à criança para empurrar, carregar ou puxar algo demasiadamente pesado. Explore, experimente e descubra o que parece ajudar mais o seu filho.

Descubra a proprioceção: Um sentido “escondido” © faz parte de uma série de "Páginas para Pais" sob o tema da integração sensorial, escrito por Zoe Mailloux, OTD, OTR/L, FAOTA. Pode ser reproduzido para fins educacionais, com o título completo e informações de copyright incluídas. Traduzido para português de Portugal por Marco Leão e Raquel Cerqueira, www.7senses.pt ; e português do Brasil por Heloisa Zanella Goodrich, Terapeuta Ocupacional

MEDIDA DE FIDELIDADE PARA PESQUISAS DE INTERVENÇÃO EM INTEGRAÇÃO SENSORIAL DE AYRES (ASI®)

Com o aumento da investigação científica dentro e fora do campo da Terapia Ocupacional, houve um aumento significativo na quantidade de informações conflitantes e confusas. Estas confusões relacionam-se principalmente com a classificação diagnóstica e com a definição da abordagem de intervenção de ASI®, fazendo com que o profissional capacitado para utilizar essa abordagem e os resultados esperados também fossem amplamente discutidos (SCHAFF; DAVIES, 2010).
Após várias décadas de investigações científicas e uso da intervenção de integração Sensorial (IS), há um aumento na variabilidade das formas de implementação da terapia, fazendo com que sejam utilizados princípios diferentes dos propostos originalmente por Ayres. Dessa forma, as investigações científicas relacionadas à eficácia da intervenção utilizando o quadro de referência (QR) de IS apresentam controvérsias, devido a problemas de fidelidade que reduzem a qualidade da assistência e dos estudos (PARHAM et al, 2007). Diante disso, um grupo de pesquisadores percebeu a necessidade de desenvolver uma medida de fidelidade validada e confiável para pesquisas sobre a intervenção em ASI®, a fim de proporcionar que as intervenções e investigações sejam pautadas nos princípios da teoria clássica de Ayres, melhorando a qualidade e o valor das futuras investigações sobre a eficácia da intervenção de ASI® (PARHAM et al,. 2011).
De acordo com Parham et al. (2011), a medida de fidelidade desenvolvida, tem como objetivo identificar se a intervenção utilizada é efetuada em conformidade com os princípios processuais e estruturais da abordagem clássica; acompanhar a prestação de serviços replicáveis da intervenção da ASI® na pesquisa; e diferenciar a intervenção de ASI® de outros tipos de intervenção (estimulação sensorial, por exemplo).
Para tanto, a intervenção clássica de ASI® compreende processos estruturais e processos terapêuticos, sendo estes presentes na medida de fidelidade (ROLEY; JACOBS, 2010). Fidelidade é um aspecto crítico para a eficácia da pesquisa, pois assegura que a intervenção do estudo possa ser replicada por outros pesquisadores, assim como permite diferenciar a intervenção de ASI® de outros tipos de intervenção (PARHAM et al, 2007). Além disso, DePoy e Gitlin (2005 citados por Parham et al., 2011, p.133, tradução nossa) relatam que o “instrumento de fidelidade não apenas permite que o pesquisador verifique se as estratégias terapêuticas utilizadas no estudo representam definitivamente a intervenção, mas também torna o estudo replicável”.
Partindo desse princípio, percebe-se a necessidade do seguimento correto dos processos estruturais e terapêuticos da ASI®, de modo que outros profissionais e pesquisadores possam ser treinados de maneira consistente e reprodutível para pesquisa e prática em IS (LUBORSKY; DURUBEIS, 1984; citados por PARHAM et al.,2007).
A utilização da Medida de Fidelidade para pesquisas de intervenção em ASI® permite uma melhor compreensão de quais são os aspectos fundamentais para uma intervenção se caracterizar como intervenção de ASI® (PARHAM; MAILLOUX, 2010). Além disso, essa medida proporcionará investigações científicas pautadas nos princípios de ASI®, fazendo com que as evidências tornem-se mais claras e difundidas, bem como contribuirá para melhoria da intervenção e comunicação sobre a intervenção de ASI®. Espera-se que a utilização dessa medida de fidelidade possibilite aumento da eficácia das pesquisas de intervenção de ASI®, pois assim, os pesquisadores e profissionais poderão realizar as intervenções baseadas em evidências claras, confiáveis, fiéis e válidas.
O Workshop proporcionará benefícios para as pessoas interessadas na pesquisa e na prática da IS, pois se todos os profissionais se baseassem na Medida de Fidelidade, teríamos menos problemas metodológicos nas pesquisas, menor disparidades em relação à utilização das intervenções e teríamos maior monitoramento, o que garantiria fidelidade e confiabilidade.

REFERENCIAS:
PARHAM, L. D.; COHN, E. S.; SPITZER, S.; KOOMAR, J.; MILLER, L. J.; BURKE, J. P. Fidelity in sensory integration intervention research. American Journal of Occupational Therapy, v.61, p.216-227, 2007.
PARHAM, L. D.; MAILLOUX, Z. Sensory Integration. In: CASE-SMITH, J.; O’BRIEN, J. C. Occupational Therapy for Children. Missouri: Mosby Elsevier, p. 325-372, 2010
PARHAM, L. D.; ROLEY, S. S.; MAY-BENSON, T. A.; KOOMAR, J.; BRETT-GREEN, B.; BURKE, J. P.; COHN, E. S.; MAILLOUX, Z.; MILLER, L. J.; SCHAFF, R. C. Development of a Fidelity Measure for Research on the Effectiveness of the Ayres Sensory Integration ® Intervention. American Journal of Occupational Therapy, v. 65, p.133-142, 2011.
ROLEY, S. S.; JACOBS, S. E. Integração Sensorial. In: CREPEAU, E. B.; COHN, E. S.; SCHEEL, B. A. B. Willard & Spackam Terapia Ocupacional. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011.  p. 805-829.
SCHAAF, R. C.; DAVIES, P. L. Evolution of the sensory integration frame of reference. American Journal of Occupational Therapy, v.64, n.3, p.363 – 367, 2010.


MATERIAL ELABORADO PELA TERAPEUTA OCUPACIONAL DANIELLI REGINA BERNERT

21 de jan. de 2015

Como Conversar com uma Criança Autista


Crianças com autismo são únicas e interpretam o mundo de forma diferente, em comparação a outras crianças. Em termos de habilidades sociais e comunicativas, elas mostram diferenças altamente visíveis. Crianças com autismo parecem se valer de uma linguagem própria, implementando um sistema que funciona para elas. Se seu filho foi diagnosticado com autismo, é importante que você aprenda sua linguagem, a fim de se comunicar adequadamente com ele.

Comunicando-se de maneira eficaz com uma criança autista

1. Converse sobre os interesses dela. É muito mais fácil conversar com uma criança autista, uma vez que você descubra algum interesse dela. Ela pode acabar se abrindo com você, se estiver confortável em falar sobre o assunto em pauta. Saber “falar a língua” da criança é essencial para conseguir uma boa comunicação.
  • Caso seu filho goste de carros, você pode usar este assunto para fazê-lo se abrir e conversar.

2. Encurte suas sentenças. Uma criança autista conseguirá processar melhor as informações em uma conversa, caso você use frases curtas. Perceba que a própria criança se comunica através de frases curtas, e você deve imitar isso. Além disso, tente se comunicar por escrito.
  • Você pode escrever, "vamos comer agora". A criança poderá responder por escrito ou verbalmente, que é maneira mais eficaz, por causa do contato visual.
  • A comunicação através da escrita pode ser uma ótima ferramenta.

3. Desenhe. Estímulos visuais podem ser altamente benéficos para crianças com autismo. Tente desenhar diagramas, instruções ou imagens simples, a fim de ajudar a comunicar suas ideias. Estímulos visuais podem ajudar a criança a compreender de maneira mais clara o que você está tentando expressar verbalmente; muitas crianças autistas respondem de maneira mais efetiva a comunicação visual.
  • Tente usar recursos visuais para criar um cronograma para seu filho
  • Desenhe as atividades diárias da criança; o café da manhã, a ida para a escola, a volta para casa, a criança jogando, dormindo, etc.
  • Isso permite que seu filho verifique suas atividades diárias, adicionando alguma estrutura ao dia dele,
  • Você pode usar bonecos de palitinho para explicar as atividades, mas certifique-se de adicionar um traço marcante a cada personagem
  • Por exemplo, se você for ruiva, pinte o cabelo de sua personagem de vermelho, para a criança conseguir associá-la a você.

4. Permita que a criança tenha mais tempo para processar informações. Você pode precisar usar pausas com mais frequência, ao conversar com ela. Seja paciente, e certifique-se de não apressá-la, permitindo que ela leve o tempo necessário para processar e responder.
  • Caso seu filho não responda a uma pergunta, não faça outra logo depois. Isso pode deixá-lo ainda mais confuso.
5. Sela linguisticamente consistente. Crianças com autismo podem não conseguir processar certas variações de palavras; certifique-se de falar de maneira consistente, a fim de não confundir a criança.
  • Consistência é crucial para estas crianças.
  • Por exemplo, durante um jantar, você teria uma dúzia de maneiras diferentes de pedi-lo para passar as ervilhas. Ao se comunicar com crianças autistas, é melhor se ater a frases coerentes e uniformes.
6. Seja sensível, e não leve o silêncio da criança para o lado pessoal. Seu filho pode passar longos períodos sem conversar com você; faça o seu melhor para compreender isso. Aborde a criança de maneira sensível e continue tentando, ainda que isso resulte em várias interações difíceis. Ser persistente e sensível é a única maneira de incentivá-lo a confiar em você.
  • Você nunca poderá saber exatamente o motivo do silêncio do seu filho. O timing das conversas pode não estar muito adequado, o ambiente pode não estar favorecendo, ou a criança pode estar imaginando algo totalmente fora de contexto.
  • Se outras pessoas tentarem conversar com seu filho, podem pensar que ele é anti-social ou que não gosta delas. Raramente isso é verdade. De qualquer forma, certifique-se de as outras pessoas estejam cientes da situação do seu filho.

7.Inicie as conversas com uma declaração. Quando você pergunta “como vai você?” a alguém, geralmente espera uma resposta simples e rápida. No caso de crianças autistas, isso pode ser bem diferente, visto que elas podem se sentir intimidadas ou oprimidas por perguntas. É sempre melhor começar com uma declaração, para que ele se sinta incentivado a interagir.
  • Elogiar o brinquedo de uma criança pode ser uma ótima maneira de iniciar uma conversa.
  • Basta fazer um comentário e esperar para ver se ela responde
  • Mais uma vez, fale sobre temas interessantes para a criança.

8. Não o exclua. Haverá momentos em que a criança desejará se envolver, e terá dificuldades. Esteja consciente da presença dela, e a inclua da melhor maneira possível. Mesmo que não haja resposta, é importante se esforçar. Isso pode significar muito para a criança.

9. Converse com seu filho nos momentos certos. Escolha um momento no qual a criança esteja mais tranquila, e interaja com ela. Se a criança estiver mais calma, será mais receptiva ao que você tem a dizer. Além disso, escolha locais onde não estejam acontecendo muitas coisas ao mesmo tempo; estímulos excessivos podem deixar seu filho desconfortável.

10. Fale de maneira literal. Crianças autistas podem se atrapalhar com linguagem figurada. Para elas, é difícil compreender expressões idiomáticas, sarcasmo e certos tipos de humor. Certifique-se de ser literal e específica, a fim de tornar a compreensão mais fácil.

Fonte:http://pt.m.wikihow.com/Conversar-com-uma-Crian%C3%A7a-Autista

22 de out. de 2014

Prontidão para a Alfabetização



“Quando se fala em prontidão para a alfabetização logo se pensa em leitura e escrita.”


Prontidão escolar é muito mais que isso. É perceber sensorialmente formas, é orientar-se no espaço, perceber direções, lateralidade e ter equilíbrio. É orientar-se no ritmo, é saber ouvir, estar atento, ter concentração e sobretudo é conhecer o sentido do que está percebendo; conhecer as palavras, suas relações e seu simbolismo. É poder controlar o corpo, inibir movimentos amplos para usar motricidade fina.
Mas tudo tem seu começo e é desde o ventre materno que a criança adquire a linguagem falada ao ouvir sua mãe. Depois que nasce, as cantigas de ninar, a conversação entre os pais, e com o bebê colaboram para enriquecer seu vocabulário, assim como mais tarde os contos de fadas, tão apreciados pelas crianças ajudam a criança a aprender ouvir, e escutar com atenção.
As brincadeiras de corpo como rolar no chão, se arrastar, engatinhar, cambalhotar, pular, andar, correr, subir e descer escadas, pular corda colaboram para a aquisição da coordenação motora, para o equilíbrio e a percepção corporal de si e sua relação com o espaço circundante. Desta forma a criança vivenciando ativamente  as três dimensões no espaço se  prepara para a aquisição da escrita e da leitura.
As habilidades motoras finas que o exercício da escrita exige vem muito depois da criança ter usado seu corpo todo nas brincadeiras livres e de parquinho (balanço, escorregador, trepa-trepa, gira-gira, gangorra, terra, areia e água).
Vivemos num mundo onde letras são vistas em todo canto como nos anúncios, nas propagandas, embalagens, roupas, tapetes, cortinas, nos brinquedos e até nos utensílios de cozinha. No entanto a criança só irá escrever, ler e entender quando  neurologicamente estiver amadurecida para isso. O caminho é muito longo e requer um amadurecimento também na parte emocional da criança. A entrada na escola exige: aprender a compartilhar a atenção da professora com mais crianças,  entender, compreender e aceitar as regras, lidar com frustrações e obrigações, esperar a vez, ter autonomia nas atividades de higiene, vestuário e alimentação, entre tantos outros quesitos que o amadurecimento  propicia.”

Pilar Tetilla Manzano Borba

Terapeuta Ocupacional, Pedagoga Waldorf, Pós-graduada em Antroposofia na Saúde pela UNISO, Professora no curso de fundamentação em pedagogia Waldorf, Orienta berçários, creches, maternais e jardins de infância
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Preensão do lápis




Antes de chegar a uma preensão adequada para o lápis, a criança deve passar por uma série de experiências sensoriais e motoras que vão possibilitar o desenvolvimento de movimentos funcionais com os membros superiores. 

Essas experiências começam na gestação, quando o feto leva a mão à boca e tem seu prosseguimento em outras atividades após o nascimento. Nesse processo é importante o estímulo sensorial dos objetos, o toque, a brincadeira com as duas mãos, a imitação e a colocação da criança em situações que favoreçam o uso de determinada preensão. As brincadeiras de montar/desmontar, encaixar,empilhar, empurrar,puxar,carregar, rasgar, enrolar, atividades de vida diária (alimentação- usar os talheres,segurar a mamadeira ou copo;vestuário- tirar a meia,sapato,blusa e calça e depois vestir,manusear fechos como botões,ziper,etc;higiene- lavar as partes do corpo,escovar os dentes) são alguns exemplos de atividades que auxiliam no desenvolvimento funcional da preensão.

O uso de adaptações nas atividades gráficas tem como função favorecer o desempenho da criança. Alguns exemplos: uso de lápis, giz de cera e caneta hidrocor grossa nos trabalhos iniciais e no caso da criança ter maior dificuldade motora (a caneta tem efeito rápido para a criança se motivar para rabiscar e descobrir a função do traço); uso de lápis tipo de marceneiro ou triangular ou comum com adaptador de borracha (ou qualquer material que engrosse o lápis)que estimule o tripé; uso de lápis 6B no caso de traços muito leves.

Lápis e suas indicações

 

Entre todos os instrumentos de escrita, o Lápis é sem dúvida o mais universal, versátil e econômico, produzido aos milhões todos os anos, mesmo na era da Internet. É com o Lápis que as crianças de todo o mundo aprendem a escrever. É indispensável para todos os tipos de anotações, traçados e rascunhos - sobretudo para tudo o que possa ser escrito ou desenhado à mão. O Lápis é um produto de longa durabilidade, que exige poucos cuidados. 

Os mais utilizados são:
a. Hexagonal: formato padrão para o uso em escolas e escritórios. Não rola na mesa.
b. Redondo: em escritórios, especialmente para taquigrafia. Fácil de girar na mão.
c. Triangular: muito ergonômico para crianças que estão na fase pré-escolar. Permite a perfeita acomodação dos dedos, preensão correta (indicador, polegar e dedo médio) e provoca menos cansaço ao segurar.

Lápis jumbo trangular: 
Tem as mesmas vantagens do lápis trangular (permite preensão adequada e menos cansaço) e ainda oferece mina muito mais grossa e resistente e diâmetro maior que os lápis comuns. É indicado para crianças na fase pré-escolar (3-4 anos) e para crianças com dificuldades na coordenação motora fina.

fonte: http://giselebarbosato.blogspot.com.br/2011/04/lapis-e-suas-indicacoes.html

10 de out. de 2014

Integração Sensorial e Sindrome de Down



A Síndrome de Down é um distúrbio genético causado pela presença do cromossomo 21 extra (total ou parcial) e foi descrita em 1862 por John Langdon Down. Crianças com este diagnóstico apresentam aparência física característica da Síndrome, alterações clínicas como cardiopatias, problemas respiratórios, visuais, auditivos, atrasos no desenvolvimento neuromotor, sensorial e das habilidades cognitivas.

O uso da abordagem de Integração Sensorial pode beneficiar os processos de desenvolvimento de crianças com Down e contribuir de forma positiva com o tratamento médico e multidisciplinar, pois elas enfrentam, em sua maioria, problemas no processamento de estímulos sensoriais: vestibular, proprioceptivo, tátil, visual e auditivo.

A alteração do processamento nestes sistemas pode interferir de forma significativa na atenção, aprendizagem escolar e no desenvolvimento de habilidades motoras. A presença de hipotonia, hipermobilidade articular e comportamentos como a distração excessiva aos estímulos do ambiente e impulsividade são característicos dessas crianças. Indicam dificuldade no registro e modulação sensorial do processamento de informações vestibular, proprioceptiva, tátil e diante disso, justifica a necessidade da intervenção em Integração Sensorial.

 Observa-se em crianças com este diagnóstico, comportamentos que assinalam o mau processamento vestibular e proprioceptivo, como por exemplo,  hipotonia, dificuldade na extensão do corpo e da cabeça contra a gravidade, controle postural, atrasos nas respostas posturais automáticas, tendência a buscar certos movimentos. Há dificuldade em sentir a posição do corpo no espaço e movimentar-se; atraso no desenvolvimento do feedback proprioceptivo e em geral, estas crianças apresentam movimentos mais bruscos, segmentados e com comportamento desajeitado. Muitas vezes apresentam dificuldade em perceber saciedade ou dor.

Para o sistema tátil, há evidência de problemas como a hiporrensponsividade, alteração na discriminação dos inputs táteis e da integração deles com os demais sistemas sensoriais. Dificuldade no desenvolvimento da percepção tátil o que implica numa baixa exploração dos objetos nos primeiras anos de vida, déficit na estereognosia e reconhecimento de formas. A importante lacuna nas experiências perceptuais contribuem nas dificuldades de aprendizagem e no atraso da aquisição de habilidades motoras, como por exemplo, padrões pobres de preensão e das habilidades funcionais das mãos.

Crianças com Síndrome de Down apresentam evidências no atraso do desenvolvimento da coordenação motora grossa e fina e a teoria da Integração Sensorial pode ajudar a explicar certos comportamentos e atrasos. As dificuldades que estas crianças enfrentam ao mover o corpo no espaço e processar informações sensoriais contribuem de forma negativa no desenvolvimento da ideação, planejamento e execução motora, implicando assim, numa baixa capacidade em organizar respostas motoras eficientes.

A terapia de Integração Sensorial pode beneficiar crianças com Síndrome de Down através de uma abordagem que prioriza o uso dos sistemas sensoriais de forma integrada com experiências vestibulares, proprioceptivas e tátil ao propor atividades funcionais que trabalham registro e discriminação tátil, movimentos que coordenam o corpo contra a gravidade, favorece integração bilateral, movimentos recíprocos, ideação e planejamento motor.

Além de trabalhar com habilidades motoras, as atividades na integração sensorial visam a auto regulação e modulação do nível de alerta ótimo. Esta abordagem utiliza um ambiente desafiador e seguro, com intuito de promover grande variedade de atividades que aumentam o repertório de interação e o processamento das informações sensoriais entre o corpo e o ambiente.

Fonte :http://www.integracaosensorialbrasil.blogspot.com.br/search/label/S%C3%ADndome%20de%20Down

4 de ago. de 2014

Novas evidências na eficácia da Integração Sensorial no Autismo

integración-sensorial
Pesquisadores do Instituto  Farber de Neurociências da Filadélfia publicaram um estudo (vide referência ao final do post) sobre a eficácia da Integração Sensorial (IS) no Autismo. O estudo comprova que as crianças que receberam a Terapia de Integração Sensorial tiveram desempenho melhor nos aspectos avaliados do que aquelas que não que fizeram a terapia.
Esta notícia é muito boa para terapeutas e familiares que se valem da intervenção com IS para autistas. Este é um trabalho  novo que fortalece a evidência da importância da intervenção de integração sensorial em crianças com Transtornos do Espectro Autista. Apesar da prática diária já dizer há alguns anos a validade deste tipo de terapia, é essencial usar dos rígidos métodos científicos para comprová-la. Assim, a ciência funciona e existe ainda mais crédito para as intervenções. Viva a IS! =)
Sabemos que uma das deficiências presentes no Autismo está ligada ao transtorno de processamento sensorial, e este aspecto inclui: distúrbios da audição (crianças que não suportam determinados sons), tátil ( Não permitir toque ou abraço, ou não suportar roupas ou sapatos), visual (visão focal ou má coordenação visuomotora), de “paladar” (distúrbios de alimentação) ou contato oral, de cheiros (Hiper ou Hipo sensibilidade a certos cheiros), e em suma, a tudo relacionado com os sentidos. Obviamente, nem todas as crianças apresentam os sintomas com a mesma intensidade, mas deve-se ficar atento aos pequenos e grandes sinais de disfunção. Esta condição está presente entre 45 e 96% das crianças com Autismo. Por isso, é importante os cuidados com o sistema sensorial estarem devidamente integrados nos cuidados e planos de intervenção precoce, como em combinação com outras terapias.
Este estudo randomizado avaliou uma intervenção para déficits sensoriais em 32 crianças com Autismo entre as idades de 4 e 8 anos. O resultado foi que as crianças que receberam a Terapia de Integração Sensorial melhoraram mais do que as crianças que não fizeram, em aspectos como as necessidades individuais e comportamentos funcionais. Houve um aumento em habilidades e também na modulação de aspectos como a capacidade de conceber, planejar e organizar ações motoras destinadas a um alvo.
Apesar do que os autores referem, é importante replicar o estudo e aumentar a amostra para aumentar a força dos resultados (Bora produzir, pessoal!!!). Os distúrbios sensoriais afetam negativamente a qualidade de vida das pessoas e reduzem o impacto dessa doença, e até mesmo melhoram o trabalho de outros terapeutas que trabalham com a criança; sem falar na qualidade de vida dos pais, é claro!
O ser humano é um ser sensível, ignorar este princípio e não tratar adequadamente os sentidos sensoriais é ignorar as ferramentas que nos ajudam no básico e fundamental
Artigo: Roseann C. Schaaf et al – An Intervention for Sensory Difficulties in Children with Autism: A Randomized Trial -Journal of Autism and Developmental Disorders 201310.1007/s10803-013-1983-8

26 de mai. de 2014

O que é brincar para uma criança pequena?


            O que significa brincar, quando uma criança tem menos de 18 meses de vida? Que objetos lhe servem de brinquedo? Em que os adultos podem colaborar para ela brinque? É curioso constatar o quanto é comum se pensar que uma criança pequena brinca de forma parecida ao que fazem as mais velhas, quando brincam de casinha, de jogar bola, de inventar e ouvir estórias, de fazer de conta e imaginar coisas. Ocorre que, quando tem menos de 18 meses, a criança não tem recursos cognitivos e sociais para este tipo de brincadeiras. Ao que recorrem, então, para se distrair e encontrar sentido na vida? Segundo Piaget, as brincadeiras desta criança são estruturadas pelo que ele designa jogo de exercício. Neste tipo de jogo, duas condições mobilizam a atividade lúdica: a repetição e o prazer funcional. Repetição do quê? Daquilo que a criança pode fazer ou sentir em relação às coisas e pessoas de seu cotidiano. E por que prazer funcional? Porque se trata de uma repetição que não decorre de uma necessidade interna ou exigência externa, mas do interesse provindo do próprio fazer ou sentir. Para explicar o que é isto sugiro que observemos alguns vídeos no You Tube encontráveis pelo nome “cesto (ou cesta) de tesouros”, em português, ou, então, “treasure basket”, em inglês. Esta situação se refere ao dispor para uma criança de seis aos 18 meses uma cesta contendo objetos (usualmente em torno de 15 ou 20) do seu cotidiano de casa. Colheres, tampas, panelas, chocalhos, escovas, panos, papéis, mangueiras, chaves, copos são alguns dos mais de 100 itens sugeridos para comporem a cesta. E o que observamos a criança fazer com eles? Ela balança, bate, olha, morde, emite sons com a boca, mostra, produz ruídos com o objeto, balança, coloca na boca, pega, puxa, coloca e tira, esconde, reencontra. É de admirar o tempo que consomem, interessada e seriamente, realizando estas atividades. E o que aprendem? Aprendem, por exploração lúdica, pela repetição mobilizada pelo prazer funcional, muitas coisas ou propriedades dos objetos com os quais interagem. Forma, cor, textura, gosto, dureza, sonoridade, plasticidade, características das diferentes partes que compõem são um pouco do que podem experimentar sobre estes objetos. Mas, aprendem também ou aperfeiçoam os comportamentos que utilizam para interagir com eles. Aprendem a coordenar suas ações e, mais que isto, a descobrir a dupla função de um mesmo objeto ou ação. Uma coisa é olhar, pegar, por na boca e sugar quando se está com fome, outra coisa é fazer tudo isto como atividade lúdica, presidida pelo prazer funcional de sua repetição e pelo gosto de, através disto, passar um tempo, distrair. Um coisa é manejar um objeto, por exemplo, a mamadeira porque se está com fome e ela é fonte de alimento, outra coisa é brincar com ela, saborear, pelo exercício dos órgãos do sentido, as propriedades que a caracterizam como um objeto. Uma coisa é agir como meio para um outro fim, outra coisa é agir e interagir com objetos como um fim em si mesmo. A criança pequena precisa de estímulos e oportunidades de brincar para aumentar e melhorar seu repertório de ações em relação às coisas e a si mesma. E as pessoas, em especial seus cuidadores, onde estão e o que fazem nesta hora? Elas proporcionam tais oportunidades para a criança, lhes oferecem o cesto e as coisas que estão dentro dele, vigiam para que nada possa lhes ocorrer em termos de perigo, estão por perto protegendo, aprendendo e observando. Fazendo isto, eles lhes transmitem confiança, carinho e as mobilizam para o ótimo de seu processo de desenvolvimento.
Para saber mais acesse e pesquise:   http://www.youtube.com/watch?v=a0QpDgUdP_Q
Prof. Dr. Lino de Macedo
Instituto de Psicologia da USP

Crianças com disfunção em integração sensorial – sinais de alerta



Todos nós, desde que nascemos, temos um impulso inato para agir sobre o meio. É através desta interação com o meio ambiente que nos vamos tornando competentes para responder aos desafios do dia a dia. A Terapia Ocupacional centra precisamente a sua abordagem nesta dimensão ocupacional do ser humano.



É através da Integração Sensorial que o mundo ganha sentido, quando recebemos, registamos, organizamos e interpretamos toda a informação que chega ao nosso cérebro através dos nossos sentidos.

A incapacidade de dar respostas de forma adaptada tem, por isso, muitas vezes, origem em disfunções de integração sensorial, ou seja, na agilidade para processar estas sensações e os seus significados.

Os pais, em particular, devem atender a alguns sinais de alerta desta disfunção no desenvolvimento da criança, para que uma intervenção seja o tão precoce quanto possível.

É o caso, por exemplo, da necessidade excessiva de estímulos sensoriais, o que leva a criança a estar constantemente a tocar, saltar, esbarrar, fazer barulhos ou a levar tudo à boca.

Os pais devem estar atentos igualmente a uma sensibilidade exagerada a determinadas sensações, levando a criança a reagir mal ou a evitar as sensações a que é hipersensível: a criança pode, por exemplo, reagir mal ao toque ou a texturas (como tintas, areia, abraços, beijinhos, textura dos alimentos, etc.); pode ter medo do movimento (como andar de baloiço ou trepar); pode reagir mal ao som mais intenso (colocando as mãos nos ouvidos ou com choro); pode manifestar desconforto excessivo com as luzes, etc.

Por outro lado, há também que estar vigilante em relação a uma sensibilidade diminuída aos estímulos, o que leva a criança a parecer desligada, com dificuldade em se envolver e/ou virada para si mesma: pode também ser sedentária, lenta e desorganizada a realizar as suas tarefas; pode ter dificuldade em estabilizar o corpo durante o movimento, fraqueza muscular e pobre resistência; ou em manter a postura sentada ou em pé (ex. durante as tarefas escolares deita-se em cima da mesa, apoia a cabeça nas mãos; quando está numa fila encosta-se aos outros); ser descoordenada e/ou desajeitada.

São também sinais, no quotidiano, a dificuldade em planear uma sequência de ações ou em realizar novas atividades motoras, em organizar as tarefas ou brincar, e aprender a vestir-se, despir-se e a comer (pode ser trapalhona, sujar-se, não usar adequadamente os talheres), a irritabilidade ou a dificuldade em se acalmar, a tendência para fazer birras, e problemas de atenção e concentração.

Identificado algum tipo de disfunção através do diagnóstico adequado, o terapeuta ocupacional recorre a técnicas de avaliação e de intervenção dirigidas à criança ou à modificação/ alteração do ambiente, tendo em vista facilitar o desempenho e envolvimento da criança no seu dia a dia, promovendo uma maior adaptação e satisfação. Uma tarefa em que o acompanhamento e envolvimento do contexto familiar se torna fundamental.

Paula Serrano, com a colaboração do Departamento de Terapia Ocupacional, da Escola Superior de Saúde de Alcoitão, Santa Casa da Misericórdia de Lisboa

A importância da integração sensorial no desenvolvimento infantil

Inicialmente é relevante considerar que o bebê não nasce com estratégias e conhecimento prontos para perceber as complexidades dos estímulos ambientais. Essa habilidade se desenvolve com a idade e com a experiência, principalmente a social na interação com o outro (Stern, 1992; Hobson, 2004). A interação do bebê com seu ambiente imediato logo se torna uma fonte de conhecimento, no qual a percepção é o processo pelo qual segundo Gibson (1969), obtém informação sobre o mundo, ou seja, é a habilidade de se extrair informação da estimulação.
A percepção depende do aprendizado e da maturação da pessoa e por isso possui a visão e audição, por exemplo, que significa simplesmente apresentar a habilidade de receber sons e imagens, o que não significa compreender esses estímulos. Somente com o tempo e através da interação com o mundo o ser humano aprende a ver e a escutar com sentido, ou seja, prende a usar seus órgãos sensoriais e a atribuir significado às sensações.
Segundo Ayres (2005), o cérebro organiza as sensações assim como um guarda de trânsito coordenada os carros para que o trânsito possa fluir. A autora também faz uma analogia com o processo de digestão do corpo. Sendo assim, vale compreender que o corpo precisa de comida para se alimentar, e mais ainda, precisa que o alimento seja digerido, assim são as sensações, elas são como alimentos para o cérebro, porém sem um processamento sensorial adequado não podem ser digeridas e alimentá-lo.
Segundo AYRES (2005), a Integração Sensorial é o processo pela qual o cérebro organiza as informações, de modo a dar uma resposta adaptativa adequada, organizando assim, as sensações do próprio corpo e do ambiente de forma a ser possível o uso eficiente do mesmo no ambiente. O método visa a quantidade e a qualidade de estímulos proporcionados ao sujeito, para que busque um equilíbrio modulado, dando assim, uma resposta que esteja de acordo com suas capacidades e com o meio, melhorando o desempenho de uma criança, em seu processo de aprendizagem.
A partir disso, Ayres (1995), define a integração sensorial como a habilidade inata em organizar, interpretar sensações e responder apropriadamente ao ambiente, de modo a auxiliar o ser humano no uso funcional, nas atividades e ocupações desempenhadas no dia-a-dia. (Ayres apud OLIVEIRA, 2009).
Dessa forma, a integração sensorial se inicia na vida intra-uterina e se desenvolve devido à interação com o ambiente, por meio de respostas adaptativas. O sistema nervoso (SN) é o órgão responsável pela integração das diversas sensações recebidas. O processo pelo qual o sistema nervoso central (SNC) localiza, classifica e organiza os impulsos sensoriais e transforma as sensações em percepção para que o homem possa interagir com o meio é denominada integração sensorial. (AYRES apud LORENZINI, 2002, p.6).
O sistema nervoso organiza as informações visuais, auditivas, táteis, olfativas e gustativas bem como informações sobre gravidade e movimento, e consequentemente as organiza em um plano de ação. Quando é feita de maneira harmoniosa, a aprendizagem se dá naturalmente.
Nesse sentido, o desenvolvimento infantil e a integração sensorial agem de modo  integrados, que segundoAyres (2005), explica que a criança desenvolve a capacidade de organizar inputs sensoriais inicialmente experimentando sensações, porém sendo incapaz de dar significado a elas. Inputs sensoriais referem-se às funções receptivas: à capacidade para selecionar, adquirir, classificar e integrar as informações, isto é: a sensação, percepção, atenção e concentração (EDMANS, 2004).
Dessa forma, a integração sensorial oferece oportunidades para a criança organizar a sua conduta, fornece condições para explorar suas necessidades e fazendo com que o sistema nervoso organize os estímulos, produzindo com isso respostas adaptativas adequadas exigidas pelo ambiente, uma vez que as sensações devem ser proporcionadas de forma agradável gerando prazer. Quando isso acontece de forma adequada, ocorre o processo chamado de Integração ou Processamento Sensorial com o objetivo de promover o desenvolvimento do ser humano.
Após a abordagem citada anteriormente referente que a integração sensorial se baseia nos estímulos proprioceptivos adquiridos e a atuação da Terapia Ocupacional, que de acordo com Takatori (2001), a Terapia Ocupacional tem como instrumento de suas ações as atividades, na qual estas estão presentes no cotidiano das pessoas e acredita-se que através do fazer, com intermédio das experiências, é que se pode trilhar um caminho com o paciente em direção à construção de um cotidiano.
E segundo Sabari (2005) os terapeutas ocupacionais são especialistas em atividade. Independentemente do diagnóstico ou do ambiente terapêutico, a melhora no desempenho de atividades é uma meta final na intervenção da terapia ocupacional. Para Pierce (2003) a atividade não é vivenciada por uma pessoa específica, é compartilhada culturalmente como o brincar, que por sua vez pode acomodar todos os tipos de pessoas e contextos, logo brincar é uma atividade. Pode-se dizer que a Terapia Ocupacional poderá intervir de forma a favorecer a recepção, o processamento e a resposta adaptativa ao meio, através da integração de informações sensoriais que serão proporcionadas diante dos estímulos ofertados em um parque infantil.
Sendo assim, é evidente a intervenção através da integração sensorial no avanço do processo de reabilitação e na prática da Terapia Ocupacional no desenvolvimento infantil em prol da autonomia da criança.

Graziele Aparecida Durão - Terapeuta Ocupacionl (SÃO MIGUEL DO OESTE-SC), Aluna do Curso de Pós-graduação em Neurologia com ênfase em Neuropediatria do Instituto Brasileiro de Therapias e Ensino - IBRATE.

Porque é que a Terapia Ocupacional é importante para as crianças com autismo?

Neste artigo a terapeuta ocupacional Corinna Laurie, que exerce funções em contexto escolar e é diretora da “ Evolve Children’s Therapy...