20 de ago. de 2009

Brincar no chão


A medida que nossa cultura se torna mais impessoal e tecnológica, nossos dias de trabalho se estendem mais e o nosso tempo livre parece evaporar-se. Com muitas famílias sendo sustentadas por dois trabalhadores que não raro têm empregos que exigem muito deles, os padrões tradicionais para se criar filhos sofreram uma enorme transformação.
Sem dúvida, ser um parceiro ativo e envolvente quando seu filho diz “Brinque comigo !” nem sempre é fácil. Em suma, o tempo de brincadeiras no chão devia acontecer espontaneamente. Para muitas famílias de hoje, entretanto, o tempo que se possa passar no chão tem de ser planejado dentro do horário disponível da mãe ou do pai. Por isso, é importante reservar momentos especiais cada dia para brincar. É importante reservar pelo menos de 20 a 30 minutos para cada interação no chão com o seu filho. Esse tempo especial com o seu filho lhe permitirá reafirmar o ritmo interior e a noção de intimidade que vocês estabeleceram e continuam a alimentar emocionalmente.
Durante o tempo de prática no chão, você estará colocando-se ao nível de seu filho, juntando-se a ele em seu mundo e em seus termos. Você o estará encorajando a ser o diretor de toda a peça que se desenrola, e seguirá suas ordens como um servidor dedicado – como Sancho Pança e Dom Quixote.

OS AMPLOS PRINCÍPIOS DO TEMPO NO CHÃO

Juntar-se ao seu Nível e Seguir sua Direção

Quando você está brincando com o seu filho, olhando-o nos olhos, incita uma noção de igualdade que o encoraja a envolver-se com você, tomar a iniciativa e agir mais objetivamente. Entretanto, você também estará operando em seu domínio quando faz caras engraçadas para ele ao trocar-lhe a fralda, bate papo à mesa do jantar, visita o supermercado, mergulha na piscina ou sai para dar um passeio. Assim, o “tempo de prática no chão” pode ocorrer em qualquer lugar e a qualquer momento em que vocês dois estejam interagindo de uma forma que lhe dá a entender que vocês estão juntos em seu próprio território. O reino doméstico dele consiste em seus interesses, iniciativas e idéias.
Observe que o tempo de prática no chão não é o momento para ensinar regras. Você pode fazer isso em outra hora. Só existe uma regra inviolável que você deve manter, e reforçar, se necessário: não machucar ninguém e não quebrar brinquedos. Quando é necessário estabelecer limites, estes devem ser colocados de forma gentil porém firme, com muitos gestos e explanação verbal.
Lembre-se, sua tarefa é deixar seu filho estabelecer o tom emocional de sua brincadeira e então seguir a direção dele. Conserve-se muito animado, usando gestos das mãos e várias expressões faciais à medida que o encoraja a escolher qualquer atividade para vocês dois brincarem. Com um bebê de pouca idade, você deve sentir-se livre para juntar-se a ele seja lá o que for o que esteja fazendo naquele momento: batendo palmas, fazendo ruídos ou brincando com um chocalho. Enquanto você segue a direção que ele imprime, capte e imite seus gestos e seu tônus emocional com suas próprias expressões. Compartilhe seus sorrisos e beicinhos. Ainda mais importante, estimule-o a trocar gestos espertos com você.
Se uma criança de mais idade está pintando ou construindo com blocos, gentilmente tente juntar-se a ela. Quando seu filho insiste que você o veja pintar uma figura, siga sua sugestão, mas tente sinalizar para ele e até comentar em voz alta que você podia pintar um pouco, também. Se ele retrucar dando cinco razões pelas quais ele é melhor artista que você, e que você deve apenas observá-lo a trabalhar, esse intercâmbio criativo também significa tempo no chão e o tema é “Eu sou melhor do que você”. Deleite-se com esse debate divertido !

Abrindo e Fechando Círculos de Comunicação

Durante o tempo que passam no chão, quando você faz questão de seguir a liderança de seu filho e interpreta seus interesses e iniciativas, ele geralmente terá vontade de, por sua vez, interpretar o que você fez ou disse. Esse processo é designado “abrir e fechar círculos de comunicação”. Se seu filho movimenta seu carrinho e então você movimenta seu carro paralelamente ao dele ou diz “Onde estamos indo ?” ou “Minha boneca pode dar um passeio no seu carro ?”, você está abrindo um círculo de comunicação. Se ele gesticula ou verbaliza de volta para você, elaborando uma idéia sobre o seu comportamento ao dizer “Vamos para casa !” ou simplesmente bate com o carro dele contra o seu enquanto lhe lança um olhar astucioso, está fechando este círculo de comunicação. Sua parceria divertida com seu filho baseia-se não apenas na capacidade de ele tomar a iniciativa mas também em responder e utilizar a informação que você compartilha com ele. Essa habilidade de sintonizar com um parceiro e trabalhar sua resposta é o que torna a comunicação verdadeiramente interativa. Mesmo quando a resposta de uma criança é um simples “Não” ou “Psiu”, ela está fechando o círculo de comunicação que seu parceiro abriu.

Trabalhar os Interesses Naturais de seu Filho Criando um Ambiente Apropriado para Brincar

Você estará conduzindo seu filho a trocar gestos e idéias de maneira divertida com você durante o tempo de prática no chão enquanto procura um brilho de interesse nos olhos dele. Uma vez que você tenha capturado o interesse de seu filho, estará tentando inspirá-lo a trabalhar sobre o que você fez ou disse. Uma maneira de facilitar a habilidade de ele abrir e fechar círculos de comunicação com você é enriquecer seu ambiente de brincadeira com materiais apropriados para a idade, tais como bonecas, personagens, carros e cubos de madeira. Você e seu filho podem utilizar tais objetos manipuláveis para perseguirem os interesses naturais dele. Tente torna-se uma extensão das propostas de seu filho: Quando você pegar um sapo de pelúcia, fale como sapo; quando você empurrar um carrinho, faça “vruum”. Desta forma, você não competirá com os brinquedos dele, mas, em vez disso, os estará usando para promover interações criativas entre vocês dois.

A medida que você envolve seu filho com sons, palavras, imagens, toques e movimentos, estará fazendo um esforço consciente para apelar para muitos de seus sentidos e envolver os músculos de seu corpo ao mesmo tempo. Sua maravilhosa “equipe mental” – todas as suas maravilhosas capacidades funcionais emergentes – aprende a trabalhar simultaneamente à medida que interage com você de forma emocionalmente significativa e satisfatória.
Estendendo as capacidades de seu filho, assim com suas próprias, você pode combinar muita diversão com aprendizado. Mas não tente fazer nada rápido demais ! Apenas mantenha os princípios básicos da prática no chão, e divirta-se com o seu filho. Nos anos vindouros, quando você olhar para trás e se lembrar desses maravilhosos períodos interativos que passaram juntos, você se dará conta de que realmente ajudou seu filho a ampliar suas capacidades muito mais do que supunha na época.
FONTE: Filhos Emocionalmente Saudáveis Íntegros Felizes Inteligentes, de Greenspan

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