25 de abr. de 2010

Floortime


Floortime (traduzido à letra: “tempo no chão”) é um método de tratamento que tem em consideração a filosofia de interagir com uma criança autista. É baseado na premissa de que a criança pode melhorar e construir um grande círculo de interesses e de interação com um adulto que vá de encontro à criança, tendo em conta o seu estágio atual de desenvolvimento e que o ajuda a descobrir e aumentar a sua força e auto-estima.


A meta no Floortime é desenvolver a criança dentro de 6 aspectos básicos para a plenitude do desenvolvimento emocional e intelectual do indivíduo:


1. Noção do próprio eu;

2. Interesse no mundo;

3. Intimidade ou um amor especial para a relação humana;

4. A comunicação em duas vias (interação);

5. A comunicação complexa;

6. As ideias emocionais e o pensamento emocional.


No Floortime, os pais entram numa brincadeira que a criança goste ou se interesse e em que esta própria lidera. A brincadeira é realizada no chão, para que, estando ao seu nível, possa ser facilitada a criação de interação, ligação e contacto visual entre ambos. A partir dessa ligação mútua, os pais ou o adulto envolvido na terapia, são instruídos em como mover a criança para atividades de interação mais complexas.

O Floortime não separa ou foca as diferentes habilidades da fala, habilidades motoras ou cognitivas, mas guia essas habilidades, enfatizando o desenvolvimento emocional.
Veja mais informações sobre Floortime em: http://www.floortimebrasil.blogspot.com/

15 de abr. de 2010

O ambiente da classe adaptado às necessidades sensoriais

(Informações dirigidas a todos os profissionais da escola)


Para muitas crianças, algumas alterações feitas no ambiente escolar podem ajudá-las a se sentirem mais concentradas e calmas. Aqui estão algumas questões a serem consideradas.

Poderia ser benéfico para a criança ter um espaço 1:1 ou um “ninho” na classe, ou ter uma outra sala de “recarga/descanso/ninho” à disposição?

Há meios de você diminuir o nível de distração / sobrecarga sensorial na classe? Se existem muitas imagens / informações / cores espalhadas pelas paredes da classe, a criança que está sujeita a ficar sobrecarregada com um excesso visual pode se beneficiar se você diminuir o nível de distração visual ou sentar a criança em uma área em que exista menos distrações visuais. Pode ser particularmente importante reduzir a desordem visual atrás ou em volta do professor à frente da classe.

Observe se a criança mostra-se mais concentrada ao sentar-se na frente, atrás, no meio ou no canto da classe. Algumas crianças podem ter uma necessidade fisiológica de se mover de forma a permanecerem alertas. Se esse for o caso da sua criança, assentá-la no fundo da sala e ser flexível ao permitir que ela se mova pode ser uma estratégia útil. Algumas crianças simplesmente se beneficiam de se levantarem enquanto trabalham em suas carteiras. Outras podem concentrar-se mais se elas estiverem posicionadas diretamente na frente do professor, em vez de terem de girar para o lado para ver o professor. Muitas crianças se saem melhor se sentadas próximo a alunos mais quietos que não aumentam o nível de distração. Pode ainda ajudar se a carteira da criança não estiver próxima a um corredor ou passagem com bastante movimento.


A cadeira/mesa tem tamanho apropriado para a criança? Uma criança com baixo tônus muscular vai achar mais difícil concentrar-se enquanto em sua carteira se a mesa e a cadeira não oferecerem o suporte apropriado ao corpo.

A criança se torna distraída ou sobrecarregada com os sons? Há alguns modos de você diminuir o som ambiente no contexto da classe, tais como colocar um carpete no piso da classe ou instalar cortinas para bloquear o som vindo de fora. Em alguns casos, pode-se cobrir o sino da escola de forma que ele não soe tão alto. Para algumas crianças, pode ser útil prover um conjunto de fones ou protetores de ouvidos capazes de bloquear os ruídos, os quais podem ser usados pela criança de tempos em tempos para descansar do barulho.

Algumas crianças se beneficiam de uma mesa inclinada para que elas não tenham que se curvar para enxergar ou escrever nos seus papéis. Se a mesa não for inclinada você pode colocar uma estrutura inclinada no topo dela. Seria útil prover alguns desses espaços de trabalho inclinados na classe para outras crianças também de forma que a criança com necessidades especiais pudesse se sentir mais integrada no ambiente.

As lâmpadas fluorescentes parecem distrair a criança? Algumas crianças são
distraídas pelo zumbido e pelo piscar das lâmpadas fluorescentes. Você pode mudar para lâmpadas incandescentes ou ter uma cobertura para a luz fluorescente. Em algumas salas de aula a iluminação é dividida em seções, dessa forma você poderia manter as luzes desligadas em uma das seções e sentar a criança nessa área garantindo que exista apenas a quantidade de luz necessária. Para crianças com sensibilidade à luz recomendamos uma sala parcialmente protegida durante os períodos de pico de luz solar.

A sua criança perde o foco ou se torna irritada e frustrada facilmente se há um tempo extenso entre as refeições? Tenha um lanche saudável disponível na escola, até durante os momentos em que não há hora programada para lanches, para ser oferecido às crianças que têm grandes variações no açúcar do sangue, e subseqüente variação na habilidade de se concentrarem.

Para algumas crianças com dificuldade no processamento auditivo torna-se
importante prover instruções por escrito ou instruções visuais em vez de ter apenas o professor ou um facilitador dando instruções verbais.

Almofadas no assento ou no chão podem ajudar algumas crianças a manter o nível de concentração. Um grande pufe pode ser também útil.

Permanecer em fila é mais fácil para algumas crianças se elas estão na frente ou atrás da fila, ou em alguns casos, se elas têm alguma coisa para segurar (objetos para a próxima atividade, a porta, etc).

A designação de um parceiro/um amigo no parquinho da escola pode ajudar a facilitar a conexão social no parque ou pátio. Oferecer jogos ou atividades específicas para as crianças pode ser ainda mais eficaz.

Algumas crianças se beneficiam de atividades de aquecimento proprioceptivo antes de escrever ou pintar. Você pode usar uma massinha para moldar, apertar, rolar, etc. Você pode usar uma pequena bola para apertar ou simplesmente apertar as mãos junto ao punho e depois balançá-las algumas vezes.

Cobertores pesados ou almofadas de colo pesadas podem ajudar algumas crianças a permanecerem mais concentradas.

Observe como o nível de foco da criança muda quando o professor está se movendo ou quando ele está parado. Algumas crianças podem prestar mais atenção ao que o professor está dizendo quando ele se move, e em outros casos quando ele permanece parado.

Tenha folhas de trabalho pré-preparadas e disponíveis para a criança que tem
dificuldade com a motricidade fina, em vez de fazer com que ela copie tudo do
quadro.

Algumas crianças prestam mais atenção a uma atividade se elas são alertadas de que o professor está a ponto de dar uma instrução.
Algumas crianças com dificuldade para escrever podem ditar as respostas para um dos pais ou para o professor auxiliar. Certifique-se de que a criança ainda tenha tempo para trabalhar suas habilidades de motricidade fina e escrita.

A utilização de um teclado e um computador pode algumas vezes ser mais prático e mais efetivo para determinadas crianças.

Considere maneiras de dar intervalos em meio ao ambiente da classe que pareçam naturais, como os intervalos regulares para beber água, apontar o lápis ou recolher e distribuir material da classe.

Poderia ser útil para a criança se você desse a ela algumas ferramentas adicionais para manejar e organizar o tempo? Algumas crianças apresentam dificuldade em compreender o período de duração de alguma atividade ou o tempo previsto para a atividade durar. Em alguns casos, pode ser útil a utilização de cronômetros (cronômetro sonoro ou visual) ou de avisos de que faltam 5 minutos e depois que falta 1 minuto para a atividade acabar. Algumas crianças se beneficiam de um cronograma diário visual, um quadro de rotinas ou um planejamento diário. Você pode também, se a criança parecer se beneficiar, criar listas de atividades do dia e marcar com ela o quejá tiver sido feito na lista.

Se a criança tem percepção visual ou convergência de problemas, então usar uma regra ou um marcador de livro para marcar para onde você quer que a criança olhe ou leia pode ser útil.

Prepare-se para a escola (roupas, lanche, mochila, etc.) na noite anterior, de forma que as manhãs sejam menos estressantes e a sua criança chegue à escola calma e mais pronta para concentrar-se nas atividades propostas.

11 de abr. de 2010

PROPRIOCEPÇÃO: UM SENTIDO POUCO CONHECIDO



A maioria das crianças aprende que temos cinco sentidos: visão, audição, olfato, tato e gustação. Há entretanto outros sentidos muito importantes que não estão incluidos nesta lista.


Consciência da posição do corpo, ou “propriocepção” é um desses sentidos. Propriocepção é o sentido que faz com que nosso cérebro desenvolva um mapa interno do corpo de modo que possamos fazer atividades sem precisar monitorar tudo visualmente o tempo todo. A maioria das pessoas ignora a existência desse sentido. Isso é um problema particularmente sério quando ele não funciona bem. Se nem ao menos temos consciência de que o sentido existe, é muito difícil entender problemas relacionados a ele.


Assim como nossos olhos e ouvidos mandam informação sobre o que vemos e ouvimos para o cérebro, partes dos nossos músculos e articulações percebem a posição do nosso corpo e mandam essa informação para o cérebro. Dependemos dessa informação para saber exatamente onde as partes do nosso corpo estão e para planejar movimentos.


Quando o sentido de propriocepção funciona bem, constantemente fazemos ajustes automáticos em nossa posição. Este sentido nos ajuda a manter posição adequada em uma cadeira, segurar utensílios tais como uma caneta ou garfo de maneira adequada, julgar como manobrar no espaço de modo a não bater nas coisas, a que distância temos de estar das pessoas para não ficar perto demais, quanta pressão colocar para evitar quebrar um lápis ou um brinquedo e a mudar as ações que não foram bem sucedidas tais como jogar uma bola em um alvo ou corrigir um mergulho que virou uma barrigada.


Como a propriocepção nos ajuda com funções tão básicas, um problema nesse sistema pode nos causar bastante dificuldade. O que geralmente acontece é que a criança tem de prestar atenção em coisas que deveriam acontecer automaticamente. Também pode ter de usar visão para “descobrir” como fazer os ajustes. Isso pode necessitar muita energia. A criança pode se sentir desajeitada, frustrada e até sentir medo em algumas situações. Por exemplo, pode ser muito assustador descer escadas se você não sabe onde estão os seus pés.


O sistema proprioceptivo é ativado através de atividades de puxar/empurrar, pular e atividades que envolvem peso e pressão firme ou toque profundo. Esse tipo de sensação geralmente é calmante e pode ser útil para a criança que se desorganiza facilmente.


AJUDE SEU FILHO A SE CONSCIENTIZAR DA POSIÇÃO DE SEU CORPO


Estes são alguns exemplos de atividades proprioceptivas. Elas podem ser úteis para ajudar seu filho a se conscientizar mais da posição de seu corpo e se tornar mais calmo e organizado.

1. Deixe a criança ajudar em “trabalho pesado” tal como carregar compras, carregar a cesta de roupa suja, levar o lixo para fora e puxar ervas daninhas.

2. Brinque de “acampar” e ponha saquinhos de arroz e feijão na mochila da criança. Finja que está subindo montanhas e pulando de rochas no parque ou no quintal.

3. Faça um “sanduiche” de seu filho entre as almofadas do sofá. Adicione pressão fingindo por pickles, maionaise, etc. no sanduiche.

4. Faça com que a criança feche os olhos e sinta onde estão suas pernas, mãos, etc. Pergunte se estão para cima ou para baixo. Tente fazer com que assuma várias posições sem olhar, tal como rolar-se como uma bola, tocar seu nariz, fazer um círculo com seus braços e fazer um X com braços e pernas.

5. Dê oportunidade para que receba mais propriocepção quando está aprendendo uma habilidade nova. Por exemplo, usar um peso no pulso quando tentando jogar uma bola pode dar à criança um pouco de feedback extra sobre a posição de seu braço. Outros exemplos incluem praticar letras, formas ou números fazendo-os na massa de modelar ou outra textura firme. Coloque suas mãos nos quadris ou ombros da criança e dê um pouco de pressão quando a criança está aprendendo uma habilidade motora nova tal como subir escadas ou patinar. Mova a criança através dos passos de uma atividade e dê um pouco de resistência aos movimentos de modo que possa senti-los mais facilmente.

6. Faça uma massagem suave mas firme, se a criança gosta disso. Tente esfregar as pernas e braços para ajudar a acordar, aplique pressão nos ombros e cabeça para acalmar ou massageie suas mãos antes que tente uma tarefa difícil.


Estas são apenas algumas idéias. Use senso comum e não aplique pressão excessiva; não peça que a criança carregue ou puxe alguma coisa pesada demais. Experimente e descubra o que parece ajudar mais seu filho. Interrompa se a criança demonstrar desconforto ou não for agradável para a criança.


10 de abr. de 2010

A Hora de Tirar a Fralda

- É importante que a criança dê sinais de que entende o que está acontecendo e o vocabulário relacionado à situação.

- O primeiro passo deveria ser monitorar quantas vezes ele faz xixi e em que horário durante alguns dias.

- Seja consistente no uso do vocabulário. Para crianças com autismo às vezes é difícil fazer generalizações a partir do vocabulário. Assim, se você usar a palavra “vaso” um dia, use a mesma palavra sempre. Associe a fotos. Seria interessante iniciar com fotos mostrando a seqüência que deve acontecer (por ex., baixar a calça, sentar no vaso ou ficar em pé, o que for mais fácil, por a roupa de volta, dar a descarga, lavar as mãos). Inicie com um ensaio verbal mostrando a seqüência dos acontecimentos; conte várias vezes, como se fosse uma estória. O ------ não vai mais usar fraldas; vai fazer xixi no vaso, etc. etc.... Isso deve acontecer um dia antes de você começar a tentar tirar a fralda. A estória pode ser repetida em casa e na escola, de preferência com as mesmas palavras.

- No dia de iniciar, conte a estória novamente, mostre as fotos, tire a fralda.

- Quando ele estiver bem preparado, leva-lo ao banheiro e tentar que faça xixi. Às vezes funciona oferecer água ou suco um pouco antes de leva-lo ao banheiro. Se não fizer nada, ajude-o a por a roupa de volta e não o recrimine, Tente novamente mais tarde. Se for bem sucedido, não dê a descarga enquanto ele estiver por perto, porque pode se assustar com o barulho. Se isso não for possível, avise-o de que vai fazer barulho.

- Se ele sentar no vaso, é importante que os pés alcancem o chão. Se isso não acontecer, coloque um banquinho ou uma caixa sob seus pés. Se ele demonstrar insegurança ao sentar no vaso, coloque um redutor. Faça com que seja sempre uma experiência tranqüila, sem surpresas.

- Não espere resultados imediatos, mas não volte atrás depressa demais. Tente repetir muitas vezes a experiência para que ele tenha a chance de aprender a seqüência.

- Cada experiência bem sucedida deve ser festejada. Eventualmente, quando ele já estiver mais habituado, vá diminuindo os elogios para que ele não tenha a idéia de manipular a situação. Quando ele fizer xixi na roupa, troque-o imediatamente, lembre-o de que é no vaso que deve fazer, mas não dê muita importância ao fato. Você não quer que ele aprenda isso para chamar sua atenção.

- Se possível, leve-o ao banheiro quando as outras crianças forem também.

- Para algumas crianças, funciona se puder ficar sem fraldas e tiver um peniquinho por perto. Quando começar a fazer xixi ou cocô, faça com que sente e termine no penico.

- Anote exatamente o que aconteceu se ele demonstrar medo ou insegurança em alguma das situações. Precisamos analisar bem para ver o que está interferindo no processo.

- Tanto quanto possível, deixe-o em controle da situação. Por exemplo, se demonstrar preferir sentar ao invés de ficar em pé, deixe que a escolha seja dele.

- Não importa quanto tempo leva o processo de tirar as fraldas. Pode ser que seja rápido ou lento; o importante é que sinta que está fazendo progresso.

4 de abr. de 2010

Uma Nova Visão sobre o Autismo

Uma Nova Visão sobre o Autismo:Uma Carta do Dr. Stanley Greenspan

Hoje parece que quase todo mundo conhece um amigo ou um parente que tem uma criança com algum transtorno do desenvolvimento. Não é surpresa, uma vez que as estatísticas atuais colocam uma criança a cada 116 no espectro autista. Essa estatística alarmante alavancou o lançamento recente de uma campanha de dez anos do governo federal para entender e tratar as crianças com transtorno do espectro autista (TEA). Mas se queremos mesmo mudar a perspectiva dessas crianças, precisamos começar a mudar as nossas concepções.O que se sabia antes em relação ao potencial de crianças com esses transtornos era profundamente pessimista. A abordagem comportamental amplamente utilizada para o tratamento ensina habilidades de rotina com o principal objetivo de mudar comportamentos, e a percepção é de que as dificuldades dessas crianças nas áreas da leitura de estímulos emocionais, da empatia e do pensamento criativo representam limitações permanentes que não podem ser tratadas.Mas elas podem. As crianças originalmente diagnosticadas com ASD podem aprender a se relacionar, amar outros profundamente e muitas podem aprender a se comunicar e pensar criativa e logicamente. Em contraste ao modelo mais antigo, a nova abordagem reconhece que cada criança possui um caminho único para o distúrbio, e, portanto, cada caminho da criança para a melhoria pode também ser único. Além de superar os sintomas, o objetivo do tratamento do novo modelo é ajudar a criança a dominar os marcos emocionais saudáveis que foram perdidos na sua fase de desenvolvimento inicial, e que nós agora sabemos que são críticos para o aprendizado. Construir essas bases ajuda as crianças a superar os seus sintomas de maneira mais eficiente, em vez de simplesmente tentar alterar os sintomas em si.

Tome o caso de "David". Aos 2 anos e meio, David não conseguia utilizar-se da linguagem de maneira significativa e fazia muito pouco contato visual com os outros. Ele iniciava um comportamento repetitivo, colocando carros em filas muitas e muitas vezes. O programa de tratamento de David com base no modelo antigo de tratar os sintomas o ajudou a memorizar mais palavras, mas ele não se tornava mais espontâneo ou interagia com os outros.
Era claro que David estava perdendo peças cruciais do seu desenvolvimento primário. O nosso objetivo era ajudá-lo a aprender a apreciar uma intimidade verdadeira com a sua família, responder a estímulos sociais e emocionais, e a usar uma linguagem compreensível. Para isso, nós tivemos de descobrir que ele era supersensível ao som - a voz humana normal era quase assustadora para ele - e ele ficava confuso com o que escutava e via, tornando difícil para ele apreciar a intimidade, se comunicar ou pensar. David também tinha dificuldade para descobrir como executar ações que exigissem mais de um passo, tal como correr atrás da bola e trazê-la de volta. Isso dificultava a sua interatividade social.
Ao trabalharmos com a família num programa compreensivo para lidar com as peças faltantes no desenvolvimento de David, nós fomos gradualmente capazes de criar experiências onde ele poderia sentir prazer numa relação mais próxima e calorosa com a sua família, e iniciar uma comunicação natural de troca com gestos e palavras.
No jardim de infância, David era capaz de se relacionar com outros com um afeto real. Ele tinha vários amigos e um senso de humor travesso. Ele estava numa sala de aula convencional e até apresentou habilidades precoces de leitura e de matemática. David agora com quinze anos é caloroso, criativo e popular com os colegas - como qualquer adolescente típico. Enquanto nem todas as crianças com dificuldades de desenvolvimento substanciais terão esse tipo de progresso, a maioria das crianças utilizando a abordagem moderna do desenvolvimento está dando passos largos e significativos nas áreas sociais e emocionais, bem como no crescimento intelectual.
O modelo moderno tem o potencial para revolucionar a identificação e a intervenção desde o início. Numa ampla pesquisa de saúde conduzida pelo Centro Nacional para as Estatísticas da Saúde, a adição de marcos emocionais descritas nesse novo modelo resultou na identificação de 30% mais crianças com risco de problemas de desenvolvimento. E numa análise de 200 casos utilizando esse novo modelo, observou-se um subgrupo de crianças com desenvolvimento de habilidades que anteriormente acreditava-se que crianças diagnosticadas com ASD não conseguiriam: intimidade com adultos e colegas, empatia, criatividade e pensamento lógico. Como David, essas crianças participam de programas de educação regulares e fizeram progressos acadêmicos excelentes.

Infelizmente, os novos conceitos ainda não são amplamente utilizados. Em nossa avaliação, mais de 90% das clínicas e centros médicos gastam menos de dez minutos observando as crianças interagindo espontaneamente com os seus cuidadores quando conduzem avaliações de desenvolvimento. Isso resultou em numerosos erros de diagnósticos, subestimação das habilidades das crianças, e recomendações de tratamento com ênfase insuficiente dos pontos fortes nos relacionamentos e família.

As famílias e os clínicos precisam ter acesso a essa abordagem moderna para a identificação e o tratamento que está trazendo melhores resultados para as crianças. Com esse novo modelo, nós podemos fazer um trabalho melhor ao identificar ainda mais cedo as crianças em risco, em vez de esperar pelo aparecimento dos sintomas. Nós podemos ajudar as crianças a se tornarem mais calorosas, relacionadas e engajadas. E podemos definir o potencial de cada criança não pelas limitações assumidas, mas pelo seu próprio crescimento.

Comentários, Sugestões e Eventos

Acredito, que o trabalho em conjunto nos faz crescer !!! Deixe aqui, comentários e/ou sugestões para as próximas postagens no blog. bjs

Porque é que a Terapia Ocupacional é importante para as crianças com autismo?

Neste artigo a terapeuta ocupacional Corinna Laurie, que exerce funções em contexto escolar e é diretora da “ Evolve Children’s Therapy...