23 de ago. de 2009

A Terapia de Integração Sensorial: Aspectos Práticos

1. A aprendizagem depende da habilidade do indivíduo receber informações sensoriais do meio ambiente e dos movimentos de seu corpo, de processar e integrar essas informações no SNC e usá-las para planejar e organizar o comportamento.

2. Quando o indivíduo tem déficits no processamento e integração de informação provenientes do corpo e do ambiente, isso pode interferir na aprendizagem motora e também de conceitos.

3. Ao se dar oportunidade para obtenção de informação sensorial mais rica, dentro de um contexto de atividades significativas, promovemos o planejamento e organização de respostas adaptativas, que vão melhorar a habilidade do SNC de processar e integrar informação sensorial e, através desse processo, aumentar aprendizagem conceitual e motora.

Princípios Básicos da Terapia de Integração Sensorial

1. Participação ativa: nunca se força a criança a fazer uma atividade. A participação tem de ser espontânea.

2. Dirigida pela criança. A verdadeira arte da terapia está em conseguir atingir os objetivos sem impor atividades ou estruturar demais a sessão de terapia.

3. Tratamento individualizado. As necessidades específicas de cada criança têm de ser tomadas em consideração e revistas constantemente.

4. Atividade com objetivo: a sessão de IS nunca é composta de exercícios para se aprender uma habilidade; as atividades acontecem dentro de um contexto.

5. Necessidade de resposta adaptativa: Bundy fala no “desafio na medida certa” (Just right).

6. O estimulo varia de acordo com a resposta da criança; deve haver uma constante reorganização do plano da sessão em função da necessidade da criança naquele momento.

7. Foco no ambiente, pensar em maneiras de “alimentar” os sistemas nervoso e emocional da criança via organização do ambiente. Motivar e dar liberdade para explorar.

8. Atividade ricas em estímulos proprioceptivos e vestibular: esses dois componentes são considerados fundamentais para caracterizar tratamento com base em IS.

9. A terapia tem o objetivo implícito ou declarado de melhorar processamento e organização das sensações (não ensinar uma habilidade específica).

10. A observação é seu melhor guia – observar atentamente a criança, suas atividades preferidas e padrão de resposta a certos estímulos ou situações.

11. Lembrar: a terapia só faz sentido quando os sinais de disfunção de integração sensorial tem impacto no desempenho funcional diário da criança. O plano de tratamento e relatório evolutivo devem sempre refletir ganhos funcionais que se espera obter com terapia.

12. Apesar da ênfase na intervenção direta, não se deve desconsiderar os efeitos da intervenção indireta e consultoria com pais e professores, que vão expandir os efeitos da trabalho realizado individualmente com a criança ( = nova forma de “ver” a criança).

13. Esse tipo de tratamento só deve ser administrado por terapeuta com treinamento adicional na área.


O que guia a sessão de terapia é o postulado que “podemos facilitar o desempenho do SNC (e consequentemente as bases da aprendizagem motora ou acadêmica) dando ao cliente oportunidades para receber informação sensorial enriquecida no contexto da participação ativa.”

Koomar e Bundy, descrevem de maneira perfeita o que é o trabalho do terapeuta:

“ Quando o cliente entra na sala de terapia, precisamos estar preparados de uma variedade de maneiras ao mesmo tempo. Imediatamente entramos em um “diálogo” com o cliente durante o qual ouvimos, observamos e comunicamos. Aprendemos sobre a prontidão do cliente para começar a sessão e o estado de seu SNC. Estabelecemos uma interação “lúdica” em que tecemos a confiança do cliente através de sinais que asseguram que não se exigirá mais do que ele pode dar. Colaboramos com o cliente para criar atividades que tocam sua motivação interna para explorar e dominar e que promovem auto-direção e crescimento. Habilmente ajustamos as atividades de modo que promovem o desafio “Just right” e facilitamos o fluir de uma atividade para outra conforme a sessão progride. Esta é a arte da terapia, que depende em grande parte de nossa experiência clínica e treinamento, nossa habilidade de observação e comunicação, além de intuição. Também criamos uma sequência de atividades que a) refletem logicamente a teoria de integração sensorial, b) as necessidades do cliente e c) facilitam a aquisição dos objetivos. Esta é a ciência da terapia. Deriva-se de nossa compreensão da teoria de integração sensorial e nosso conhecimento de como a teoria se aplica a esse cliente em particular.”

Fonte: Lívia Magalhães e Heloíza Goodrich (apostila)

Como a Integração Sensorial pode ajudar ?


O tratamento ajuda a criança a processar os sentidos de modo que possam funcionar em conjunto. Quando a criança se envolve ativamente em uma atividade significativa, que lhe permite dar intensidade, duração, e qualidade de sensação que seu sistema nervoso central solicita, seu comportamento adaptativo melhora. Comportamento adaptativo leva a melhor integração sensorial. Como resultado, a percepção, aprendizagem, competência e auto confiança melhoram. A criança se torna capaz de planejar, executar, e implementar aquilo que quer e precisa fazer. Sem tratamento, a disfunção de integração sensorial pode atrapalhar a vida de vários modos.

O tratamento ajuda a criança agora, quando ela precisa de assistência para atuar bem. Ajuda a construir uma base forte para o futuro, quando a vida se torna mais complexa e as exigências aumentam. Sem tratamento, a disfunção de integração sensorial persiste como um problema para a vida toda. Na realidade, a criança não deixa de ter disfunção de integração sensorial com o crescimento, mas cresce nele.

• O tratamento ajuda a criança a desenvolver habilidade para interagir bem em situações sociais. A criança fora de sincronia geralmente não tem habilidade para brincar, e brincar é a ocupação primordial da criança. Sem tratamento, a disfunção de integração sensorial interfere com as amizades da criança.

• O tratamento dá à criança as ferramentas para se tornar um aprendiz mais eficiente. Sem tratamento, a disfunção de integração sensorial interfere na habilidade da criança de aprender no lar, na escola e no mundo.

• O tratamento melhora o bem estar emocional da criança. Sem tratamento, a criança que acredita ser incompetente pode se tornar um adulto com baixa auto-estima.

• O tratamento melhora as relações familiares. Conforme a criança responde aos desafios sensoriais com crescente autocontrole, a vida familiar se torna mais agradável. Com apoio profissional, os pais aprender a dar disciplina consistente e “curtir” a criança. A família se torna mais empática e menos crítica, os irmãos se ressentem menos da criança fora de sincronia. Sem tratamento, a disfunção de integração sensorial interfere nas interações e habilidade da tolerância de todos na família.

20 de ago. de 2009

Brincar no chão


A medida que nossa cultura se torna mais impessoal e tecnológica, nossos dias de trabalho se estendem mais e o nosso tempo livre parece evaporar-se. Com muitas famílias sendo sustentadas por dois trabalhadores que não raro têm empregos que exigem muito deles, os padrões tradicionais para se criar filhos sofreram uma enorme transformação.
Sem dúvida, ser um parceiro ativo e envolvente quando seu filho diz “Brinque comigo !” nem sempre é fácil. Em suma, o tempo de brincadeiras no chão devia acontecer espontaneamente. Para muitas famílias de hoje, entretanto, o tempo que se possa passar no chão tem de ser planejado dentro do horário disponível da mãe ou do pai. Por isso, é importante reservar momentos especiais cada dia para brincar. É importante reservar pelo menos de 20 a 30 minutos para cada interação no chão com o seu filho. Esse tempo especial com o seu filho lhe permitirá reafirmar o ritmo interior e a noção de intimidade que vocês estabeleceram e continuam a alimentar emocionalmente.
Durante o tempo de prática no chão, você estará colocando-se ao nível de seu filho, juntando-se a ele em seu mundo e em seus termos. Você o estará encorajando a ser o diretor de toda a peça que se desenrola, e seguirá suas ordens como um servidor dedicado – como Sancho Pança e Dom Quixote.

OS AMPLOS PRINCÍPIOS DO TEMPO NO CHÃO

Juntar-se ao seu Nível e Seguir sua Direção

Quando você está brincando com o seu filho, olhando-o nos olhos, incita uma noção de igualdade que o encoraja a envolver-se com você, tomar a iniciativa e agir mais objetivamente. Entretanto, você também estará operando em seu domínio quando faz caras engraçadas para ele ao trocar-lhe a fralda, bate papo à mesa do jantar, visita o supermercado, mergulha na piscina ou sai para dar um passeio. Assim, o “tempo de prática no chão” pode ocorrer em qualquer lugar e a qualquer momento em que vocês dois estejam interagindo de uma forma que lhe dá a entender que vocês estão juntos em seu próprio território. O reino doméstico dele consiste em seus interesses, iniciativas e idéias.
Observe que o tempo de prática no chão não é o momento para ensinar regras. Você pode fazer isso em outra hora. Só existe uma regra inviolável que você deve manter, e reforçar, se necessário: não machucar ninguém e não quebrar brinquedos. Quando é necessário estabelecer limites, estes devem ser colocados de forma gentil porém firme, com muitos gestos e explanação verbal.
Lembre-se, sua tarefa é deixar seu filho estabelecer o tom emocional de sua brincadeira e então seguir a direção dele. Conserve-se muito animado, usando gestos das mãos e várias expressões faciais à medida que o encoraja a escolher qualquer atividade para vocês dois brincarem. Com um bebê de pouca idade, você deve sentir-se livre para juntar-se a ele seja lá o que for o que esteja fazendo naquele momento: batendo palmas, fazendo ruídos ou brincando com um chocalho. Enquanto você segue a direção que ele imprime, capte e imite seus gestos e seu tônus emocional com suas próprias expressões. Compartilhe seus sorrisos e beicinhos. Ainda mais importante, estimule-o a trocar gestos espertos com você.
Se uma criança de mais idade está pintando ou construindo com blocos, gentilmente tente juntar-se a ela. Quando seu filho insiste que você o veja pintar uma figura, siga sua sugestão, mas tente sinalizar para ele e até comentar em voz alta que você podia pintar um pouco, também. Se ele retrucar dando cinco razões pelas quais ele é melhor artista que você, e que você deve apenas observá-lo a trabalhar, esse intercâmbio criativo também significa tempo no chão e o tema é “Eu sou melhor do que você”. Deleite-se com esse debate divertido !

Abrindo e Fechando Círculos de Comunicação

Durante o tempo que passam no chão, quando você faz questão de seguir a liderança de seu filho e interpreta seus interesses e iniciativas, ele geralmente terá vontade de, por sua vez, interpretar o que você fez ou disse. Esse processo é designado “abrir e fechar círculos de comunicação”. Se seu filho movimenta seu carrinho e então você movimenta seu carro paralelamente ao dele ou diz “Onde estamos indo ?” ou “Minha boneca pode dar um passeio no seu carro ?”, você está abrindo um círculo de comunicação. Se ele gesticula ou verbaliza de volta para você, elaborando uma idéia sobre o seu comportamento ao dizer “Vamos para casa !” ou simplesmente bate com o carro dele contra o seu enquanto lhe lança um olhar astucioso, está fechando este círculo de comunicação. Sua parceria divertida com seu filho baseia-se não apenas na capacidade de ele tomar a iniciativa mas também em responder e utilizar a informação que você compartilha com ele. Essa habilidade de sintonizar com um parceiro e trabalhar sua resposta é o que torna a comunicação verdadeiramente interativa. Mesmo quando a resposta de uma criança é um simples “Não” ou “Psiu”, ela está fechando o círculo de comunicação que seu parceiro abriu.

Trabalhar os Interesses Naturais de seu Filho Criando um Ambiente Apropriado para Brincar

Você estará conduzindo seu filho a trocar gestos e idéias de maneira divertida com você durante o tempo de prática no chão enquanto procura um brilho de interesse nos olhos dele. Uma vez que você tenha capturado o interesse de seu filho, estará tentando inspirá-lo a trabalhar sobre o que você fez ou disse. Uma maneira de facilitar a habilidade de ele abrir e fechar círculos de comunicação com você é enriquecer seu ambiente de brincadeira com materiais apropriados para a idade, tais como bonecas, personagens, carros e cubos de madeira. Você e seu filho podem utilizar tais objetos manipuláveis para perseguirem os interesses naturais dele. Tente torna-se uma extensão das propostas de seu filho: Quando você pegar um sapo de pelúcia, fale como sapo; quando você empurrar um carrinho, faça “vruum”. Desta forma, você não competirá com os brinquedos dele, mas, em vez disso, os estará usando para promover interações criativas entre vocês dois.

A medida que você envolve seu filho com sons, palavras, imagens, toques e movimentos, estará fazendo um esforço consciente para apelar para muitos de seus sentidos e envolver os músculos de seu corpo ao mesmo tempo. Sua maravilhosa “equipe mental” – todas as suas maravilhosas capacidades funcionais emergentes – aprende a trabalhar simultaneamente à medida que interage com você de forma emocionalmente significativa e satisfatória.
Estendendo as capacidades de seu filho, assim com suas próprias, você pode combinar muita diversão com aprendizado. Mas não tente fazer nada rápido demais ! Apenas mantenha os princípios básicos da prática no chão, e divirta-se com o seu filho. Nos anos vindouros, quando você olhar para trás e se lembrar desses maravilhosos períodos interativos que passaram juntos, você se dará conta de que realmente ajudou seu filho a ampliar suas capacidades muito mais do que supunha na época.
FONTE: Filhos Emocionalmente Saudáveis Íntegros Felizes Inteligentes, de Greenspan

12 de ago. de 2009

A INCLUSÃO SÓ SE FAZ BEM COM O CORAÇÃO


"Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o
coração. O essencial é invisível para os olhos."


O Pequeno Príncipe
Antoine de Saint-Exupéry



O momento atual se caracteriza pela proliferação de expressões como valorização da diversidade, sociedade inclusiva, inclusão escolar.

As políticas públicas, respaldadas na nova LDB, estabeleceram que fossem asseguradas a "igualdade de oportunidade para todos" , que a educação especial devia ser entendida , para os efeitos da Lei , como "modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos que apresentam necessidades especiais".

Recentemente, a Prof Rosana Glat, coordenadora de pesquisas em educação da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), numa entrevista ao site Aprendiz, referindo-se à Declaração de Salamanca, afirmou : "Esse documento apontou para uma meta a ser alcançada: hoje, não se discute mais se o aluno deve ou não ser incluído em sala regular, mas como será esse processo".

Estaremos nós professores brasileiros realmente preparados ? Tentando responder a essa pergunta, visitei escolas da rede pública e da rede privada e tirei algumas conclusões importantes que vou relatar nesse artigo.

Creio que para que se possa realizar a educação para a diferença, é necessário aprimorar a nossa atitude em relação aos alunos especiais . E de que maneira ? Antes de mais nada, aceitando a diferença, estabelecendo novas formas de relação, de afetividade, de escuta e de compreensão, deixando de lado os nossos preconceitos.

Para exemplificar melhor o que estou querendo dizer , vou transcrever aqui um trecho da história do Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry, onde o principezinho mantém um diálogo com o personagem da raposa, que nos transmite uma profunda reflexão:

"- Quem és tu? perguntou o principezinho. Tu és bem bonita...
- Sou uma raposa, disse a raposa.
- Vem brincar comigo, propôs o principezinho. Estou tão triste...
- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa. não me cativaram ainda.
- Ah! desculpa, disse o principezinho.
Após uma reflexão, acrescentou:
- Que quer dizer "cativar"?(...)
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa "criar laços..."
- Criar laços?
- Exatamente, disse a raposa. Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual
a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também
necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas.
Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no
mundo. E eu serei para ti única no mundo..."

O que tenho observado na maioria das escolas do município do estado do Rio de Janeiro que visitei foi a constatação de que uma preparação exaustiva de base e uma técnica razoável não bastam para incluirmos esses alunos especiais. Os professores precisam participar das desventuras desses alunos, aceitá-los como são, criar laços de ternura, "cativá-los" para que eles consigam realizar o melhor do seu potencial e sintam vontade de pertencer e estabelecer relações afetivas com as pessoas ao seu redor. Se assim não o fizerem, assistirão, no máximo, ao triunfo de teorias pseudo-científicas que humilham esses alunos.

"Olha! Vês, lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil.
Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelos cor de ouro. Então será maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo, que é dourado, fará
lembrar- de ti. Eeu amarei o barulho do vento no trigo..."

Certos alunos parecem nos dizer que não pode haver caminho para sua plena inclusão social, nem mesmo há vontade de tentar, nem desejo de fazer e nem de aprender se tudo ao redor é inflexível e hostil. Assim, se a minha vida, as minhas mãos, os meus olhos aguçados não tem valor, também não tem sentido nem vale a pena que eu me esforce para me curar, para sair das minhas prisões.

As crianças portadoras de necessidades especiais sabem bem ocultar a sua solidão, o seu isolamento e as nossas intervenções representam mais uma ameaça à sua maneira de ser do que uma autêntica proposta libertadora.

Observei , em minhas visitas às escolas regulares, muitos alunos que portadores de necessidades especiais não respondem às propostas dos professores, parecia até que certos percursos e itinerários pedagógicos e didáticos que lhes foram apresentados, acabaram empurrando-as cada vez mais para um deserto intelectivo. De fato, elas ficam nessas dunas selvagens e se defendem pois...eles sentem que não são acolhidos.

Cheguei à conclusão que a grande lição que nós professores precisamos aprender , junto com esses alunos "diferentes", é a conviver com a angústia e a dor, a sorrir diante de suas formas estranhas de expressar-se e com isso saber melhor compreender a nós mesmos. Na sua escola de agressividade aprenderemos também a dominar a nossa agressividade e transformá-las em vida.

Assim, nós nos educaremos para considerar esses alunos especiais como todas as pessoas normais sem detê-las na infância ou na adolescência, mas antes impelindo-as a alcançar novas etapas. Isso significa fazê-las "sair" e, num certo sentido, vê-las realizadas, sem deixar-se tomar pelo medo de fracassos. Talvez o prazo de um ano seja insuficiente para tais transformações, para tais integrações e desenvolvimentos psicológicos, mas com certeza isso constitui uma aventura apaixonante. Portanto, nós não devemos ser os guardas da necessidade especial, mas sim cooperadores atentos e preparados, por um lado, a realizar menos assistência e, por outro, mais participação.

Temos a convicção de que todos precisam ser educados para a diferença. Todos, a começar dos pais até as instituições, nós nos educamos se despojamos a nossa mente de todos os estereótipos e lugares comuns para aprendermos pequenas lições de vida de quem é mais vulnerável e mais frágil que nós.

Não basta inserir uma criança com necessidades especiais em contextos e lugares normais de vida para poder achar que cumprimos a própria tarefa de educadores e terapeutas. Não é suficiente que um ser "diferente" seja admitido numa classe para sentir-nos solidários com a diferença. Somente uma obra inteligente de sustentação e de integração humana poderá realizar este milagre de vida.

Por isso, é desejável e uma educação para a diferença mesmo antes de submeter-se a um método, a uma escola, à última técnica ,ao último guru.

Educar-se significa não sentir a sensação de nojo e nem de piedade : significa não fazer juízos vazios, sem prestar qualquer escuta verdadeira ao aluno que sofre com o preconceito de sua condição de especial.

Educar-se significa não se considerar mais afortunado: pois, ninguém é mais ou menos afortunado ou desafortunado; de fato, a cada pessoa é concedido viver conforme aquilo que lhe foi dado e dentro de uma "própria luz", com pleno respeito e compreensão pela própria vivência e pela história dos outros.

Não há mérito nem desmérito se determinadas situações tornam a vida amarga.Não temos nenhum direito de sentir-nos melhores do que é diferente, do que não achou o trem certo.

Cada aluno especial é um "terreno" e os professores devem ter a força de fazer brotar as sementes mais débeis; não devem sufocá-las quando têm desejo de amadurecer, contanto que disponham de alguma potencialidade, mesmo que mínima.

Toda semente pede o terreno e o tempo favoráveis para brotar na estação apropriada; cada semente tem dentro de si o desejo de vida. Mesmo assim, a educação custa a realizar-se, porque não faltam ideologias reducionistas que anulam o ser humano.
Ainda hoje há clínicas, centros e instituições que são mais lugares de repressão e de exclusão, do que ambientes de reinserção dos "diferentes" na sociedade.

Portanto, tem razão a raposa quando disse para o pequeno príncipe sobre como ele poderia cativá-la: "Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos."
Fonte: Prof. Vera Lúcia Lopes Dias

5 de ago. de 2009

Planejamento Motor

O planejamento motor ou praxia é o resultado de um processamento sensorial organizado, pois a partir das informações sensoriais podemos planejar e executar ações desconhecidas. Se em nossas atividades diárias encontramos uma atividade desconhecida, que nunca executamos antes, vamos automaticamente organizar todas as informações sensoriais que já temos e assim, planejar e executar esta nova tarefa. Por exemplo: ao participar de um jogo de bola, nós recorremos a todas as informações sensoriais (visuais, proprioceptivas, vestibulares, táteis, auditivas e etc.) já vivenciadas para planejar e executar esta atividade desconhecida. Quando a criança brinca com uma caixa de sapatos, por exemplo, pode imaginar que ela seja um berço para a boneca (ideação), pensar em como pode transformá-la em um berço (planejamento) e finalmente fazer a transformação (execução). Para a criança que tem dificuldade em planejamento motor, uma caixa será sempre uma caixa devido à dificuldade no planejamento motor.

Mas o que acontece se nós não conseguimos processar as informações sensoriais?

Quando há dificuldade no planejamento motor, observamos que o aprendizado de tarefas novas não acontece de forma automática, pois faltam informações sensoriais para que isso venha a ocorrer. Estas dificuldades podem envolver o campo da ideação, planejamento e/ou da execução de atividades. Assim, tarefas de imitação, a aprendizagem de gestos, o planejamento de uma brincadeira passam a ser problemas para a pessoa.

A dificuldade em planejar e executar tarefas desconhecidas se traduz em comportamentos como:
- escolher sempre os mesmos brinquedos, preferencialmente aqueles que têm um papel claro;
- passar de uma atividade a outra com freqüência, não concluir atividades;
- ao desenhar, fazer sempre as mesmas figuras;
- ser desajeitado, esbarrar em tudo que encontra;
- ter dificuldade de pegar uma bola, antecipar um movimento;
- preferir muitas vezes atividades mais sedentárias;
- apresentar dificuldades na alimentação, vestuário e higiene pessoal;
- apresentar dificuldades na imitação;
- evitar situações novas, frustrar-se facilmente;
- preferir seguir rotinas.
- dificuldade em julgar a força necessária para tocar uma pessoa ou um objeto.
À medida em que o processamento sensorial se torna mais organizado e se consegue uma melhor integração sensorial percebe-se progresso no planejamento motor. Muitas vezes o primeiro sinal desse progresso é uma ligeira melhora na auto-estima e mais vontade de tentar fazer coisas que não se animava a fazer anteriormente. Embora frustrante, é importante entender essa criança. Usar adjetivos para qualificá-la muitas vezes contribui ainda mais para torná-la infeliz e sentir-se incompetente. Sendo uma criança de inteligência normal ela já será seu juiz mais severo e provavelmente se considerará incapaz. É fundamental ajudá-la a entender seu próprio problema e desenvolver estratégias para conviver com ele até que o problema diminua e ela se sinta mais segura. Os esforços em entender integração sensorial por parte da família, escola e outros que convivem com a criança já são meio caminho andado para a solução do problema.
Fonte: Ariela Goldstein / www.toi.med.br

3 de ago. de 2009

Comentários e Sugestões

Acredito, que o trabalho em conjunto nos faz crescer !!! Deixe aqui, comentários e/ou sugestões para as próximas postagens no blog. bjs

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