18 de jul. de 2013

INTEGRAÇÃO SENSORIAL E DISTÚRBIOS ESCOLARES



À aproximadamente 40 anos, A Jean Ayres, terapeuta ocupacional, americana empenhou-se em tentar descobrir as razões que fazem com que a criança não consiga aprender como as outras e os problemas que isso acarreta.
Focalizou seu trabalho em distúrbios de aprendizagem, perceptivos e de comportamento, deu início a um longo processo que continua até hoje.
Muitas crianças têm problemas de aprendizagem e comportamento devido a um distúrbio de funcionamento cerebral conhecida como DISFUNÇÃO CEREBRAL MÍNIMA (DCM). Estas crianças geralmente parecem normais e algumas se situam na faixa média ou até superior nos testes de inteligência.
Estas crianças não conseguem integrar os estímulos sensoriais à nível encefálico como as crianças normais e podem gerar problemas de comportamento, de aprendizado, de linguagem, no brincar, habilidade de entender e relacionar-se com outras pessoas.

É mais comum em meninos do que em meninas. As causas da DCM podem ser: infecções, traumas, problemas durante a gravidez, fatores genéticos, experiências precoces na vida da criança, traumas emocionais, disfunção auditiva e disfunção visual.

As crianças com DCM podem ser erroneamente classificadas como preguiçosas, mimadas, desatenta, etc e futuramente sofrem insucesso na aprendizagem ou no relacionamento com outras pessoas
A Integração Sensorial pode ser compreendida como a capacidade de organizar informações sensoriais do próprio corpo e do ambiente de forma a ser possível o uso eficiente do corpo no ambiente.

Desenvolvimento da Integração Sensorial de 0 a 7 anos

0 a 2 anos
Aprende através de estímulos sensoriais, adapta comportamento reflexo à ação com objetivo, brincar exploratório, atinge a homeostase exploratória, auto-regulação de alerta e atenção.
Nesta fase é importante o contato físico, abraços apertados,músicas,massagem principalmente na planta dos pés, balança, gira-gira, guerra de travesseiros.

2 a 4 anos
Integração dos lados do corpo, cruzamento da linha média, desenvolvimento das reações de equilíbrio, desenvolvimento de esquema corporal, planejamento motor grosso, imitação no brincar.
Nesta fase é importante jogos direcionados a desenvolver a habilidade entre as duas partes do corpo (jogar bola para pegar com a mão direita ora com a esquerda e ora com as duas o mesmo se repete para com os pés e outras partes do corpo), sentar a criança sobre o skate e desliza-la, coloca-la em balanças de cavalo, brincar na rede, brincadeiras em frente ao espelho para imitar, andar em cima de pneus, pular com os dois pés dentro e fora do pneu e depois dificultar par pular com um pé de cada vez, etc.

5 a 7 anos
Melhora da habilidade de discriminação sensorial e de planejamento motor fino, estabelece a lateralização e o brincar passa a ser social.
Aqui a criança já é capaz de pular corda, andar de patins, skate, bicicleta, jogos com bola passam a ter maior habilidade, jogos com raquete, etc

Assim a criança que pula fases ou não as vivenciam de maneira positiva podem vir a apresentar distúrbios de aprendizagem futuramente.
Não existe uma regra. Pode ser que haja crianças que passem sem apresentar distúrbios mas há a chance de uma criança que não tenha vivenciado estas fases e apresentem alguma dificuldade na escola ser decorrente de uma disfunção de integração sensorial.


Existem testes específicos que devem ser aplicados por um profissional habilitado e a criança apresenta melhoras rápidas e importantes ao ser submetida ao tratamento de integração sensorial.

Ao perceber sintomas procure uma terapeuta ocupacional especializadas em distúrbios infantil.

Desenhar ajuda a desenvolver percepção, emoção e inteligência


No começo, o que fica no papel são alguns rabiscos sobrepostos em várias camadas. A mão tenta equilibrar o lápis, ainda sem muita firmeza, e o limite físico da folha é quase sempre ultrapassado. Tudo é espaço para expressão e não há limites para o movimento. Uma parede vazia, o assento de um sofá e até o próprio corpo viram lugares para o registro dos primeiros traços da criança. Se a mãe não ficar de olho, logo o braço ganha um protótipo de tatuagem ou o tapete, uma pintura abstrata.

Quando dá seus primeiros passos no desenho –que neste momento inicial recebe o nome de garatuja– a criança está mais interessada no efeito surpreendente que produz ao passar o lápis sobre o papel do que em representar qualquer coisa. Predomina a imaginação.

Segundo Lourdes Atié, socióloga e especialista em educação infantil pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), é possível que, ao ser questionada sobre o significado do que desenhou, a criança até descreva uma história mirabolante, mas nem sempre sabe realmente o que quis dizer com aquilo. Na maior parte das vezes, a descrição da cena vem só para satisfazer o adulto.

Para Lourdes, os pais também não devem ficar o tempo todo perguntando o significado do desenho, elogiando-o ou criticando-o. "O ideal é deixar a criança à vontade para criar o que quiser e, sozinha, manifestar a vontade de falar ou não sobre o resultado com o adulto".

Evolução
É com o passar do tempo –e com os estímulos oferecidos à criança– que o desenho evolui, passa a ter formas mais precisas até que enfim apresenta figuras mais nítidas e bem definidas.

"O desenvolvimento da criança permite que ela faça desenhos que se estruturam progressivamente de modo mais elaborado. No entanto, o desenvolvimento intelectual e o físico são condições necessárias à evolução do traço, mas não suficientes, pois, na falta de oportunidades para desenhar e de orientações adequadas, o desenho fica estagnado ou estereotipado", diz Rosa Iavelberg, especialista em desenho e professora da Faculdade de Educação da USP.

De acordo com Teresa Ruas, terapeuta ocupacional especializada em desenvolvimento infantil, diversos comportamentos expressam aspectos importantes do desenvolvimento: a forma como a criança pega o lápis, como explora a extensão do papel, a escolha, a identificação e a nomeação das cores, a designação do que foi desenhado.

Teresa afirma que não se pode esquecer das influências ambientais e da personalidade da criança. "Tem aquela que adora desenhar e tem aquela que não gosta muito". Segundo ela, a preferência ou não pelo desenho não tem um significado, apenas mostra que cada pessoa é um individuo único e difere da outra em termos de características, desejos e motivações.

Rabiscar, desenhar, escrever
E quais são os benefícios de desenhar? Os primeiros registros gráficos são importantíssimos na vida da criança, eles são o embrião do processo que a levará, de fato, a desenhar, a pintar e, mais tarde, a escrever.

O desenho é um passaporte para um mundo de imaginação, livre expressão e autoconhecimento. "Assim como a brincadeira é a linguagem que a criança tem para se relacionar com o mundo, desenhar também é", declara Lourdes.

Segundo Rosa, da USP, o desenho permite que ela se manifeste de maneira autoral, crie realidades e participe de trocas simbólicas com outras crianças e adultos por meio dessa linguagem.

"Ela aperfeiçoa seus desenhos e pinturas porque cada novo trabalho tem como ponto de partida as experiências anteriores. Ao mesmo tempo em que se projeta no que cria, a criança incorpora experiências de participação social por intermédio da sua arte, porque faz interlocução com quem lê suas produções, com o que produzem seus colegas e, se tiver oportunidade, com desenhos e pinturas de artistas”, diz Rosa. Quando é estimulada a desenhar, desenvolve percepção, emoção e inteligência.

O desenho infantil é o resultado de tudo o que a criança aprendeu e da conquista da organização dos gestos e dos materiais utilizados para a confecção de suas produções. Os primeiros rabiscos servem de base para que futuramente a criança tenha uma maior facilidade em ampliar o seu conhecimento de arte. E para que isso aconteça devem ser oferecidas a ela várias possibilidades para que se expresse e, assim, melhore suas habilidades motoras e enriqueça seu repertório.

Não limite, estimule
Deve-se oferecer à criança contato com materiais bem diversificados. Papéis de várias texturas, pincéis, lápis e canetas de espessuras diferentes, tintas coloridas, a variedade estimula novas ideias e perspectivas. A cada oportunidade de testar um novo material, um novo posicionamento diante da atividade surgirá.

"O potencial de criação que uma criança tem é enorme e ela não tem preconceitos quando se expressa", declara Soraya Lucato, educadora e artista plástica que trouxe para o Brasil o Cloliê, método que utiliza a pintura para incentivar a livre expressão.

Normalmente, é o adulto quem diz “não é assim que se faz”, “você pintou o sol de azul, mas ele é amarelo”, “você esqueceu a porta da casa, toda casa tem porta”. “E se ele não quiser mesmo colocar a porta no desenho?”, questiona Soraya. "De repente, não é mesmo para ninguém entrar nessa casa, de repente a entrada é pelo telhado ou por uma passagem secreta".

Portanto, resista à tentação de impor regras e padrões quando seu filho estiver exercitando o desenho. Deixe-o o mais livre possível na atividade. "Quem padroniza, limita. A criança fica feliz quando não é cobrada, diz a socióloga Lourdes. Segundo Soraya, a partir do momento em que a criança descobre o próprio traço e que é capaz de fazer coisas sem compromisso estético, além de romper barreiras no desenho, leva isso para a vida, como experiência.


O que é brincar ?


Brincar é uma das formas mais naturais de expressão dos bebês e das crianças. A gente sabe que é gostoso, importante e legal, mas sempre pairavam algumas dúvidas em minha cabeça. E aí fiz um bate-bola com a Teresa Ruas, especialista em desenvolvimento infantil. Vejam ;)
- Muitas mães se sentem aflitas dizendo que não conseguem brincar com seus filhos. O que é, exatamente, brincar?
Brincar é um momento de livre interação, de descobertas, de experiências, de vivências e de muita aprendizagem … seja ele com os pais, com um brinquedo, com materiais diversos ou simplesmente sozinha. Não existe uma receita pronta ou um conjunto de atividades específicas que caracterizem o brincar, pois ele existe de diferentes formas.
- Podemos considerar que o cuidar, como trocar fralda, dar banho e alimentar, por exemplo, também seja brincar?
Estas atividades acontecem todos os dias e tem certas regras para serem realizadas, por isso a caracterizamos como atividades da vida diária. Ou seja, atividades que acontecem cotidianamente e são voltadas para o auto cuidado/ cuidado pessoal. Mas nada impede que essas atividades recebam uma quantidade de ludicidade (característica presente no brincar). Um exemplo é quando imaginamos com a criança que a colher é um avião e a comida tem que parar no aeroporto (boca).
- Brincar com os pais é tão bom para o desenvolvimento como brincar com outras crianças?
Brincar é essencial para o desenvolvimento de qualquer ser humano, não apenas para a criança. Brincar com os pais, com outras crianças, sozinho ou com os primos são experiências diferentes, são vivências de relações afetivas diferentes e extremamente importantes!
- O que pode acontecer a uma criança que é privada de brincar?
Muitos problemas e dificuldades ao longo de todo o seu desenvolvimento. As pesquisas pontuam atrasos no desenvolvimento neuropsicomotor e cognitivos, dificuldades afetivas e na interação social, assim como problemas de aprendizagem, entre outras.
- O que é necessário para brincar? Brinquedos? Canções? Que tipo de brinquedos?
O momento de brincar envolve um contexto lúdico, de imaginação, de criação e de descobertas. Se este período estiver permeado de recursos que auxiliam ainda mais a imaginação, a aprendizagem característica da idade que a criança se encontra e a criação, como brinquedos, canções e materiais do dia a dia da criança e de sua família,  a criança potencializará ainda mais este momento lúdico.

A importância de brincar

A brincadeira ajuda no desenvolvimento da criança e aproxima pais e filhos

Houve uma época em que a genética era considerada a única responsável pelo desenvolvimento das crianças. Por isso, era muito comum mães e pais deixarem seus filhos brincando sozinhos, em um canto da sala. Hoje, os especialistas acreditam que as experiências vividas pelas crianças em seus primeiros anos de vida e o papel dos adultos nessa fase são fundamentais para que elas cresçam de forma saudável. Além disso, essa interação afeta diretamente o comportamento que as crianças apresentarão na vida adulta.
Um dos momentos de maior interação entre pais e filhos é, sem dúvida, a brincadeira. Transformar a hora do banho em um momento especial, contar histórias antes de dormir e brincar de casinha são alguns bons exemplos de atividades que ajudam a tornar os pais agentes ativos no desenvolvimento dos seus filhos. Quando conduzidas por adultos, as brincadeiras podem ficar mais ricas pelas experiências e conhecimentos que eles possuem e passam adiante para os pequenos em um momento de descontração.
É importante lembrar que, além da brincadeira dirigida, a que é livre e sem regras também é fundamental para o desenvolvimento das crianças. É nesse momento que elas soltam livremente a imaginação e exploram o mundo ao seu redor. Uma criança que não brinca e que não passa por experiências lúdicas prazerosas, de descoberta e de conhecimento de suas habilidades e dificuldades na infância, tem uma grande probabilidade de se tornar um adulto com dificuldades sociais e afetivas.
Aceite o convite do seu filho, brinque e deixe a imaginação liderar os momentos que vocês têm juntos. E lembre-se: ter pouco tempo disponível não é um problema, desde que você se entregue por inteiro.
 
Fonte: http://mundogloob.globo.com/programas/area-dos-pais/materias/importancia-de-brincar.html      Por Teresa Ruas é terapeuta ocupacional especializada em desenvolvimento infantil

28 de jun. de 2013

As 7 Necessidades Imprescindíveis da Infância


Os elementos necessários ao desenvolvimento sadio não são complicados e não apresentam mistério algum.

Primeiro

            Toda criança precisa de um ambiente seguro que inclua ao menos uma relação estável, sem grandes surpresas, que lhe transmita proteção e apoio, com um adulto, não necessariamente o pai ou a mãe biológicos, mas alguém que assuma um compromisso pessoal de cuidar do bem estar diário da criança e que disponha dos meios, do tempo e das qualidades pessoais necessárias para levar a termo esse compromisso. Riqueza e alto nível de instrução não se encontram entre essas qualidades; a nosso ver, maturidade, responsabilidade, responsividade, compreensão e dedicação são as qualidades essenciais.

Segundo

            Relações consistentes, que envolvam carinho e atenção, proporcionadas pelos mesmos responsáveis, incluindo o responsável primário, desde os primeiros dias de vida e por toda a infância, são condições básicas da competência tanto emocional quanto intelectual, permitindo que a criança estabeleça o elo profundo que se transformará numa sensação de humanidade compartilhada e, por fim, de empatia e compaixão. As relações, sejam com os pais ou com as pessoas que lidam diariamente com a criança, devem apresentar essa estabilidade e consistência.

Terceiro

            A necessidade de uma interação rica e contínua. Amor, cuidado e atenção são essenciais, mas não suficientes. Durante os primeiros cinco anos de vida, as crianças decodificam o mundo através de suas próprias ações e das reações de seus pais ou responsáveis. Ela só consegue desenvolver uma percepção de sua própria intencionalidade ou das fronteiras entre seus mundos interior e exterior por intermédio de trocas com pessoas que conheçam bem e em quem depositem a mais absoluta confiança. No decorrer de seu desenvolvimento, suas interações devem também crescer em complexidade e sutileza. Isso pressupõe a capacidade dos pais ou dos responsáveis de interpretar os sinais individuais da criança, reagindo com flexibilidade e de forma adequada. É claro que esse tipo de relacionamento é particularmente decisivo na infância, quando as iniciativas das crianças são as mais rudimentares possíveis.

 Quarto

            Cada criança, juntamente com sua família, necessita de um ambiente que lhe permita avançar nos estágios de desenvolvimento segundo seu próprio ritmo e estilo. Só assim ela pode desenvolver uma visão de si mesma, tanto como indivíduo distinto quanto membro de grupos específicos. Programas eficazes de intervenção devem permitir as diferenças individuais e delas se beneficiar. No entanto, inúmeros deles enfatizam as características em comum de muitas ou da maioria das famílias, em vez de realçar a singularidade que distingue as pessoas. Como não falam a “linguagem” especial de uma dada família, os profissionais envolvidos podem facilmente diagnosticar de forma equivocada as capacidades das crianças, fantasiando profecias anunciadas de dificuldades e fracasso. Posteriormente, o respeito pela individualidade dará às crianças mais velhas e aos adolescentes a oportunidade de desenvolverem identidades fortes, sejam elas exploratórias ou potenciais.

 Quinto

            As crianças devem ter a oportunidade de experimentar, encontrar soluções, correr riscos e até mesmo fracassar em suas tentativas. Quando elas tentam diferentes abordagens, buscam saídas e avaliam todas as opções, vemos brotar a perseverança e autoconfiança necessárias ao êxito de qualquer empreitada mais séria. O auto-respeito e a auto-estima positiva da criança tem suas raízes nas relações que escoram suas iniciativas e sua capacidade de resolver problemas. A experiência viva de se engajar com coisas e pessoas e superar dificuldades faz com que ela acredite de verdade em seus próprios poderes. Muitos programas que pregam esses valores na teoria adotam procedimentos que, na prática, incentivam a passividade e a dependência, ao retirar da criança a opção de tomar suas próprias decisões.

 Sexto

            As crianças precisam de uma estrutura e de claros limites. Sua segurança advém de saberem o que esperar dos outros e o que os outros esperam delas. Eles aprendem a construir pontes entre seus pensamentos quando seu mundo é predizível e responsivo. Limites firmes e sensatos, definidos numa atmosfera acolhedora e empática, constituem um elemento crucial de qualquer relacionamento que genuinamente fomente o crescimento da criança, permitindo-lhe desenvolver autodisciplina e responsabilidade.
            
Sétimo

            Para atingir esses objetivos, as famílias precisam de vizinhança e comunidades estáveis. A atenção adequada, consistente e profundamente engajada de que a criança necessita para dominar os níveis de desenvolvimento requer adultos maduros, empáticos e emocionalmente acessíveis.


Fonte: A evolução da mente (Stanley Greenspan)

27 de jun. de 2013

PARTICULARIDADES DA TERAPIA DE INTEGRAÇÃO SENSORIAL NOS TRANSTORNOS DO ESPECTRO DO AUTISMO



Partindo da premissa de que a integração das informações sensoriais presentes no meio é vital para o desempenho ocupacional no meio é vital para o desempenho ocupacional e aprendizagem, os transtornos de processamento sensorial (TPS) exercem impacto funcional importante.

As necessidades individuais de cada criança direcionam os objetivos da intervenção e o processo terapêutico. Em linhas gerais, o terapeuta deve oferecer oportunidades sensoriais e proporcionar segurança; manter os níveis apropriados de atividade; favorecer o controle postural, a organização do comportamento e as praxias; colaborar na escolha da atividade e ajustar os níveis de desafio da cada atividade; assegurar que a criança obtenha êxito e prazer na execução das atividades; apoiar a motivação intrínseca da criança; e estabelecer uma aliança terapêutica.

 Ayres define alguns princípios que organizam o processo terapêutico de modo a torná-lo fiel à metodologia de IS. No entanto, na presença de TEA associados, faz-se necessária a adaptação de alguns desses princípios para melhor adequação das intervenções terapêuticas, a saber:

1. A terapia é um processo dinâmico que envolve a participação efetiva da criança:

Segundo Ayres, a motivação interna observada na criança justifica sua aproximação a atividades que solicitam organização neurossensorial. Com ações motoras, fala ou intenção comunicativa, ela indicará com o que deseja brincar, o que deseja explorar ou experimentar.
Uma das maiores dificuldades na aplicabilidade da terapia de integração senroail a crianças dom TEA encontra explicação neste princípio, uma vez que a identificação da motivação interna, nesses casos, pode ser complexa e, por vezes, confundida por sua natureza.
Ayres define que a participação da criança deve ser efetiva, que a motivação intrínseca deve ser observada e utilizada durante o processo terapêutico, e que a criança deve conduzir a terapia. No caso da criança TEA associado, o terapeuta deve observar os comportamentos com cautela, na tentativa de identificar aqueles que fornecem pistas sobre suas necessidades sensoriais. Comportamentos de desorganização, desequilíbrio do nível de atividade e descontrole do estado de alerta podem auxiliar na identificação de informações sensoriais que não estão corretamente integradas. Comportamentos de regulação de nível de atividade e manutenção do estado de alerta também podem ser excelentes guias para o processo terapêutico com a participação efetiva da criança.
O terapeuta deve ser a escuta e a observação, mas não a fala ou a execução. O respeito à motivação intrínseca da criança, à liberdade de exploração, à motivação pelo compromisso com a atividade e à diminuição do direcionamento verbal ou motor garante a fidelidade a esse princípio em crianças com TEA associados aos transtornos de processamento sensorial.

2.  Os estímulos sensoriais são controlados para eliciar uma resposta adaptativa:

Segundo Ayres, resposta adaptativa é uma ação apropriada a uma determinada demanda ambiental. Na terapia, o terapeuta deverá manter o equilíbrio entre a necessidade e a liberdade de escolha, podendo controlar as entradas sensoriais e, assim, ajustá-las sem sobrecarregar nem frustrar a criança. Inicialmente, controlar essas sensações pode ser trabalhoso, uma vez que algumas situações dependerão de brincadeiras passivas ou de estimulação sensorial para motivar o envolvimento e despertar a necessidade individual. O terapeuta pode aproveitar-se da necessidade de nutrição sensorial do SNC para iniciar o processo terapêutico e eliciar respostas mais simples, embora funcionais.
Em indivíduos com TEA, o transtorno de integração sensorial deve favorecer respostas adaptativas que, usualmente, incluem conseguir controlar as entradas sensoriais e equilibrar o estado de alerta. Registrar adequadamente informações sensoriais e atribuir significado a experiências sensoriais também podem ser as primeiras respostas adaptativas eliciadas pela oferta de estímulos organizados e controlados. Organizar o ritmo, a duração e o sequenciamento de movimentos, ações, tarefas ou atividades são respostas adaptativas importantes.
Geralmente é apropriado modificar uma atividade, em vez de substituí-la. Portanto, inserir ou retirar estímulos orientando-os para a emissão do comportamento pode facilitar o engajamento da criança. Na criança com TEA, a retirada de uma informação sensorial prazerosa é comumente difícil, e se torna necessário adequar o estado de alerta e o nível de atividade a cada intervenção do terapeuta.
Cabe ao terapeuta orquestrar o equilíbrio entre demanda sensorial e necessidade da criança, ajustando o desafio na medida certa para promover desafios e resoluções de problemas e organização do comportamento.

3. A graduação de desafios promove consolidação e amadurecimento de comportamentos:

Para que comportamentos complexos e mais amadurecidos aconteçam, condutas mais primitivas devem ser consolidadas.
Os desafios propostos na terapia devem respeitar o desenvolvimento, aumentando gradativamente a demanda sensorial e a complexidade da tarefa. No processo terapêutico, podem-se eleger níveis de atenção, de acordo com a complexidade de demanda do comportamento.
A preocupação inicial deve incluir a adequação do registro sensorial e o equilíbrio do estado de alerta. Posteriormente, trabalha-se a habilidade para sustentar o nível de alerta e a organização do tempo e ritmo das atividades. Em um nível mais complexo, segue-se com o conhecimento, a ideação e a antecipação de ações, e com a organização e planejamento motor.
Ressalta-se que algumas atividades dependem de respostas mais simples, enquanto outras requerem sequenciamento de etapas, coordenação temporal, intenção comunicativa, habilidades motoras e inter-relação pessoal.

4. O ambiente terapêutico proporciona suporte emocional e variabilidade de ofertas sensoriais:

O ambiente terapêutico contempla uma sala com equipamentos suspensos e recursos que possibilitam grande variabilidade de ofertas sensoriais (tátil, vestibular, proprioceptiva, auditiva, visual, olfativa e gustativa) e a presença de um terapeuta que deve promover suporte físico, emocional e motivacional.
O terapeuta deve garantir que a criança não corra perigo de machucar-se ou ferir-se, e deve ainda, estabelecer confiança para que a criança se permita assumir desafios e arriscar-se com suporte e em segurança.
O ambiente é o ponto de partida para a motivação da criança com TEA. Nesse ambiente, as informações sensoriais serão oferecidas, controladas e organizadas. O uso de imagens dos equipamentos e das atividades realizadas na sala de IS auxilia na motivação, na organização e na compreensão da atividade.

5.   As atividades sensoriais têm componentes lúdicos e significativos:

No processo terapêutico, o engajamento da criança é determinante. Atividades lúdicas e sensoriais devem incentivar a participação da criança e a resolução de problemas, aumentando ou diminuindo o nível de atividade e equilibrando o estado de alerta. O terapeuta deve garantir que a criança vivencie experiências de sucesso, gerando satisfação e prazer que impulsionem a busca de novos desafios e intensifiquem a capacidade de planejamento.
Por meio de atividades lúdicas e com a participação efetiva da criança, a terapia de integração sensorial propicia oportunidades para que informações sensoriais contextualizadas sejam recebidas de maneira organizada e intensificada, com vistas a minimizar problemas de processamento e, portanto, a facilitar melhor desempenho e promover aprendizagens.


            A terapia de integração sensorial tem como objetivos gerais: promover registro e modulação adequada; favorecer a manutenção e a sustentação do nível de alerta; facilitar o planejamento de respostas adaptativas; enriquecer o repertório de comportamentos adequados; encorajar a organização de comportamentos funcionais; e intensificar o desempenho ocupacional.

            Quanto aos objetivos específicos, são determinados individualmente, já que dependem das necessidades e particularidades de cada criança. Para exemplificar, pode-se citar:

- diminuição das respostas aversivas à informações táteis presentes nas tarefas cotidianas para facilitação do desempenho em atividades de autocuidado;
- diminuição da hiper-responsividade sensorial e facilitação da sustentação do nível de alerta para eficiência em diversos contextos de desempenho ocupacional;
- otimização do domínio em jogos com significado e propósito;
- diminuição da hiporresponsividade com incremento do repertório de respostas para facilitar a atenção e a destreza na realização de atividades cotidianas;
- melhora da tolerância ao contato físico e da participação em atividades em grupo, com diminuição da hiper-responsividade sensorial;
- melhora da capacidade de imitação e de antecipação de eventos, facilitando a organização de rotinas;
- otimização do planejamento motor e da resolução de problemas para aprimorar o desempenho ocupacional.

Podem ser necessárias adaptações no domicílio para a organização da rotina diária da criança.
Um programa de nutrição sensorial pode complementar o tratamento clínico, enriquecendo o repertório de experiências sensoriais e garantindo que a criança receba adequadamente, ao longo do dia, sensações agradáveis e incentivadoras que reduzam comportamentos de agitação, irritabilidade e evitamento.

O terapeuta ocupacional pode indicar estratégias sensoriais que facilitem mais independência e autonomia nas atividades diárias. Esse profissional especializado no método de integração sensorial, analisa as atividades e levanta componentes sensoriais, funcionais e emocionais existentes nessas atividades para intervenção adequada tanto nas atividades de vida diária quanto nas de lazer e acadêmicas.

Fonte: Livro: Trantorno do Espectro do Autismo (parte do texto de: Aline Momo e Claudia Silvestre)

17 de jun. de 2013

Atividades da Vida Diária



“As atividades de vida diária (AVD) são as tarefas de desempenho ocupacional que o indivíduo realiza diariamente. Não se resume somente aos auto – cuidados de vestir-se, alimentar-se, arrumar-se, tomar banho, e pentear-se, mas engloba também as habilidades de usar telefone, escrever, manipular livros, etc além da capacidade de virar-se na cama, sentar-se, mover-se e transferir-se de um lugar à outro.” (Trombly, 1989).


“A Terapia Ocupacional tem como objetivo proporcionar ao indivíduo, de acordo com suas necessidades, potencialidades e possibilidades socioeconômicas, o maior grau de independência possível nesse sentido, utilizando, para tanto, recursos como adaptações e manobras que, por facilitarem o potencial remanescente do indivíduo, propiciam o processo de independência.”


Muitos são os fatores que concorrem no sentido de fornecer ao indivíduo as condições mínimas necessárias para que ele possa desenvolver as AVD de uma maneira plena:

a perfeita capacidade de mobilidade articular 

a coordenação motora fina e grosseira devem estar desenvolvidas, bem como a percepção, tato e visão 

o sentido cinestésico ou percepção sensorial dos segmentos corporais devem estar instalados 


“No caso da criança portadora de deficiência, a execução destas tarefas depende também de condições mínimas necessárias como um bom planejamento motor, envolvendo noções do próprio corpo, de seus movimentos no espaço, do tempo (ritmo e seqüência) e noção espacial. A coordenação viso-motora, capacidade cognitiva e iniciativa também são componentes das tarefas cotidianas automáticas e impossivelmente fragmentáveis durante a execução. “

“O terapeuta ocupacional tem como finalidade desenvolver e manter a função e as habilidades necessárias para o desempenho de atividades, prevenir distúrbios do desenvolvimento, principalmente no que se refere às atividades funcionais, remediar ou (re) habilitar disfunções que impeçam o desenvolvimento favorável nas atividades, facilitar a capacidade adaptativa da criança, colaborar e cooperar com a criança para alcançar seus objetivos.”


As Atividades de Vida Diária subdividem-se em quatro grupos:
 
Mobilidade (na cama, na cadeira, transferências e deambulação)
Cuidados pessoais (alimentação, higiene básica, higiene elementar, vestir-se e arrumar-se)
Comunicação (escrever, telefonar, digitar e utilizar o computador)
Ferramentas de controle do meio ambiente (manusear chaves, portas, janelas e torneiras)

MOBILIDADE/TRANSFERÊNCIA 

“Simplesmente o ato de mover-se da cama para a cadeira de rodas ou para a cadeira de banho favorece a independência. Quando o indivíduo é capaz de transferir-se sozinho, é necessário orientá-lo e ensiná-lo quanto as técnicas que propiciam maior funcionalidade, segurança e agilidade.” 

VESTUÁRIO

“O ato de vestir-se independente é importante para a estimulação da percepção, equilíbrio, domínio e integração dos movimentos corporais, preensão, noção de tempo e espaço. As manobras ou métodos de independência auxiliam na execução das tarefas, facilitando e promovendo a independência, principalmente nas atividades de vida diária relacionadas aos cuidados pessoais como o 
vestuário.” 

“Nas crianças, a independência ocorre de acordo com o desenvolvimento motor e cognitivo. Dentro dos padrões de normalidade a criança adquire independência para vestuário e complementos até cinco a seis anos de idade.” 
Algumas atitudes práxicas têm por objetivo permitir ao terapeuta ocupacional melhor desenvolver seu trabalho na Pediatria, por exemplo:
proporcionar conhecimento à criança das partes específicas do corpo;
estabelecer ou restabelecer o sentido do tato e cinestésico;
desenvolver os aspectos de compreensão e verbalização da comunicação;
demonstrar a atividade por etapas.

ALIMENTAÇÃO

“A alimentação é uma atividade social e de subsistência por gerar recursos energéticos para lutar pela vida, trazer saúde e disponibilidade para o fazer. A independência nesta área abrange apanhar o alimento e levá-lo à boca, manejar talheres, escolher o alimento, servir-se, cortar, beber líquidos, limpar a face e as mãos. “


HIGIENE
“As tarefas e higiene envolvem administração do vestuário, cuidados com as necessidades de continência (incluindo transferência postural e uso do vaso sanitário), higiene oral (uso de pasta, escova e fio dental), banho (administração dos materiais de banho, lavar e secar as partes do corpo, manter a postura para atividade e transferência).”


“Quando se fala em controle esfincteriano e higiene da criança é muito comum que haja indagação a respeito de quando deve ser iniciado o tratamento. A resposta é relativa, pois depende inteiramente do desenvolvimento neurológico e psicológico da criança.” 

“O treinamento higiênico é altamente individual e geralmente deve estar completo até os 6 anos. Até que se possua uma total independência nos seus hábitos de higiene, ela deve aprender inicialmente a rasgar o papel higiênico sem puxar o rolo inteiro e aprender a vestir roupa, lavar as mãos etc. A permanência de uma criança por muitas horas no sanitário, na posição sentada, pode, em alguns casos, causar um prolapso intestinal.”

BRINCAR
“Para a criança o brincar é de extrema importância e se caracteriza como AVD. Sendo assim, no caso da criança portadora de deficiência, também precisa ser adaptado de forma que ela possa conhecer e explorar o meio de forma criativa, expressiva e participativa.” 

FERRAMENTAS DE CONTROLE DO MEIO AMBIENTE 

A Avaliação das Atividades de Vida Diária
“O objetivo da avaliação é compreender as vantagens da criança e as áreas de preocupação, dentro do contexto dos ambientes dos quais a criança participa. Os membros da família, e outros membros da equipe como os professores, são parte integrante deste processo.”

“A partir de informações colhidas sobre a interação social da criança em contextos como, higiene, alimentação, manuseio, posicionamento etc., o terapeuta possui uma ampla perspectiva funcional da criança. À medida que a criança amadurece, a avaliação expande-se para incluir a escola e a comunidade.”


“O objetivo principal da Terapia Ocupacional é proporcionar à criança a independência nas AVD. Utilizando o brincar como ferramenta de trabalho, o terapeuta ocupacional torna possível a autonomia do indivíduo em seus vários aspectos junto ao meio onde vive.”

“A família é um elemento essencial neste processo, levando ao terapeuta ocupacional informações a respeito do cotidiano do paciente e dando continuidade ao tratamento, onde de fato, acontece as AVD, proporcionando assim, maior qualidade de vida a esta criança.

Fonte:http://terapiaocupacionalatividades.blogspot.com.br/2010/05/atividades-de-vida-diaria.html

Terapia Ocupacional para crianças portadoras de atrasos neuropsicomotor


Se pensarmos no desenvolvimento normal de uma criança, vamos ver que entre ela e seus pais se estabelece uma relação dialética entre o desejo dela e o desejo deles. Desejo para o ser humano, é a própria manifestação da busca da auto-suficiência e da imortalidade, uma vez constatada sua fragilidade. A criança é frágil, depende dos pais para sua alimentação e todas as outras necessidades básicas de sua vida. No aspecto psíquico, é na relação com os pais que a criança vai se experimentando, colocando no mundo a expressão de sua ação e seu desejo. Para os pais, o filho representa a sua própria continuidade.

Uma relação de boa qualidade envolve adultos capazes de entrar em contato com as próprias expectativas e ansiedades no que se refere à criança, valorizá-la, colocar-lhes limites, vivendo junto com ela o seu cotidiano de descobertas. Essa relação permitirá que a criança vá se fortalecendo e adquirindo a autonomia e desenvolvimento necessário e esperado a medida que cresce.

Já com a criança portadora de atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, alguns fatores podem dificultar uma relação de boa qualidade. Por fatores neurobiológicos, muitas vezes, elas apresentam dificuldade de reconhecer e expressar o seu próprio desejo.




Os pais, as vezes, pela sensação de frustração de suas expectativas ao constatarem a deficiência da criança, se não souberem lidar com essa situação e com esses sentimentos, correm o risco de abandona-la a sua própria sorte. Ou então por culpa, criam um esquema de superproteção. Nos dois casos, vão estar deixando de investir no filho. Ou seja, a expectativa dos adultos influenciam a criança. Se os pais não esperam nada, a criança não tem nada que dar em troca.

A atuação do Terapeuta Ocupacional com crianças com atraso no desenvolvimento neuropsicomotor enfoca, principalmente a melhora e competência nas áreas do desenvolvimento neuropsicomotor e auxiliar a família no manejo com a criança.

A prática de Terapia Ocupacional necessita ser adequada para cada criança, ou seja, individualizada. Deve ser percebida em seus aspectos físicos, sensoriais, cognitivos, emocionais e sociais. O Terapeuta Ocupacional deve estar familiarizado com as etapas do desenvolvimento humano, suas seqüências, funções e habilidades e assim relacionar com as necessidades da criança no contexto saúde e disfunção.

No processo terapêutico, a estimulação deve acontecer sempre, em todos os contatos e encontros. Devemos observar também que o ambiente e uma situação diferente para a criança, altera o seu funcionamento normal. Outro aspecto importante é a freqüência e continuidade das avaliações para se adequar a condução, direção do processo terapêutico ocupacional e o registro de suas evoluções.

Para verificar a eletividade de uma criança para um trabalho de Terapia Ocupacional, faz-se a anamnese. O profissional entrevista o responsável pela criança para investigar sobre o histórico pré, peri e pós natal e o motivo de buscar tal atendimento, observando a criança na realização de atividades, identificando a situação sócio-econômica e culturais da família.

Após faz-se a avaliação. A avaliação de crianças com atraso de desenvolvimento neuropsicomotor é realizada através da observação e aplicações de testes, roteiros (padronizados ou não), para identificar os aspectos que estão impedindo um desenvolvimento satisfatório.

A seguir ocorre a interpretação dos dados para identificar as capacidades e as necessidades da criança., elabora-se o plano de tratamento e orienta-se a família quanto as condutas que devem ser seguidas.

É esse o papel transformador do profissional. Ajudar a criança com atraso no desenvolvimento neuropsicomotor a descobrir, manter e desenvolver sua linguagem própria, o que vai lhe permitir dominar o ambiente e ser feliz.

Fonte: http://www.universoautista.com.br/autismo/modules/articles/article.php?id=5

31 de mai. de 2013

A importância do Brincar

Pais não devem subestimar o valor das brincadeiras, essenciais para o desenvolvimento da criança


O princípio VII da Declaração Universal dos Direitos da Criança, aprovada por unanimidade pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 1959, já estabelece: toda criança tem direito ao lazer infantil. Brincar é essencial para o desenvolvimento do seu filho - e o valor da brincadeira não pode ser subestimado.
Brincar tem um viés que vai muito além da simples fantasia. Enquanto um adulto vê apenas uma criança empilhando bloquinhos, para o pequeno aquilo significa experimentar as possibilidades de construir e conhecer novas cores, formatos e texturas. "Para a criança, brincar é um processo permanente de descoberta. É um investimento", explica Tião Rocha, antropólogo, educador popular e folclorista, fundador do Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento, em Minas Gerais.

"A criança que brinca vai ser mais esperta, mais interessada e terá mais facilidade de aprender - tudo isso de forma natural", diz Ruth Elisabeth de Martin, pedagoga e educadora do Labrimp (Laboratório de Brinquedos e Materiais Pedagógicos da Universidade de São Paulo).

Desenvolvimento
A literatura e as pesquisas demonstram que brincar tem três grandes objetivos para as crianças: o prazer, a expressão dos sentimentos e a aprendizagem. "Brincando, a criança passa o tempo, mostra aos pais e professores sua personalidade e descobre informações", resume Áderson Costa, professor do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília.
Crianças menores, mesmo na companhia de outras, costumam brincar sozinhas. Para elas, o ideal são brincadeiras que estimulem os sentidos. Através deles, elas exploram e descobrem cores, texturas, sons, cheiros e gostos.
Por volta dos 3 anos elas desenvolvem outro tipo de brincadeira: o faz de conta. Imitar situações cotidianas - como brincar de casinha ou fingir que é o motorista de um ônibus - permite que as crianças se relacionem com problemas e soluções que passam do fazer imaginário para o aprender real.
A partir dos 5 anos, os pequenos estão aptos para incluir o outro nas brincadeiras. "É a fase em que elas deixam de brincar ao lado de outras crianças e passam a brincar com outras crianças", explica Maria Angela Barbato Carneiro, coordenadora do Núcleo de Cultura e Pesquisas do Brincar da Pontifícia Universidade de São Paulo.

Vale lembrar que o desenvolvimento infantil é individual. Algumas crianças começam a brincar com outras mais cedo, outras mais tarde - não há motivo para preocupação.
Como incentivar seu filho a brincar
Estabelecer um horário diário ou semanal para brincar com seu filho é o primeiro passo para garantir que ele faça esta atividade com frequência. Muitos pais lotam a agenda dos filhos com afazeres extracurriculares, o que extingue o momento da brincadeira. "Toda agenda de criança deve ter um espaço diário para não fazer nada - é aí que surge o espaço para brincar", orienta Áderson.
Participar da brincadeira dos filhos também dá uma vantagem aos pais: conhecê-los melhor. Como a criança se expressa brincando, os pais observadores descobriram as vulnerabilidades e os pontos fortes de seus filhos. "Brincar juntos aumenta o grau de confiança e o vínculo entre pais e filhos", diz.
Dar brinquedos de diferentes materiais e tipos também é recomendável. Por isso, nada de entupir a menina só com bonecas e chegar com um carrinho debaixo do braço a todos os aniversários do menino. As crianças precisam experimentar de tudo. "Cada brinquedo traz uma mensagem e vai despertar o interesse e a curiosidade de alguma forma", ressalta Ruth.
O importante é o brincar, e não o brinquedo. É possível improvisar brinquedos com uma fruta, uma caixa de papelão vazia ou o que quer que esteja à mão. E não se preocupe se não puder dar a seu filho aquele carrinho movido a pilhas de última geração. "Só na visão do adulto um brinquedo eletrônico é divertido. Para a criança, brinquedo que brinca sozinho é enfadonho", completa Tião.
As brincadeiras ideais para cada faixa etária
Reunimos algumas recomendações de especialistas sobre as brincadeiras mais adequadas para cada faixa etária. O desenvolvimento infantil é individual, mas as crianças passam, cada uma a seu tempo, pelas fases abaixo. Todas as atividades devem ser desenvolvidas sob supervisão de um adulto e nos ambientes adequados.
Até os 2 anos 
Nesta fase, a brincadeira tem que estimular os sentidos. Correr, puxar carrinhos, escalar objetos, jogar com bolinhas de pelúcia são atividades recomendadas.

3 a 4 anos 
Começam as brincadeiras de faz de conta. As crianças respondem a brincadeiras de casinha, de trânsito, de escolinha e de outras atividades cotidianas.
5 a 6 anos 
Os jogos motores (de movimento) e os de representação (faz de conta) continuam e se aprimoram. Surgem os jogos coletivos, de campo ou de mesa: jogos de tabuleiro, futebol, brincadeiras de roda.
7 anos acima 
A criança está apta a participar e se divertir com todos os tipos de jogos aprendidos, mas com graus de dificuldade maiores.

Porque é que a Terapia Ocupacional é importante para as crianças com autismo?

Neste artigo a terapeuta ocupacional Corinna Laurie, que exerce funções em contexto escolar e é diretora da “ Evolve Children’s Therapy...