23 de mai. de 2012

Perfil Sensorial


Existem inúmeros relatos de clínicos, pais e pessoas com autismo que referem a manifestação de comportamentos atípicos por parte das crianças autistas quando contactam com estímulos visuais, sons, cheiros ou texturas aparentemente inócuos, seja uma atenção invulgarmente intensa a determinadas sensações, ou uma ansiedade desconcertante que despoleta uma birra, como um alheamento completo ao que as rodeia. Estudos realizados concluíram que as crianças com autismo costumam funcionar em limiares neurológicos extremos, ou seja, são hipo e/ou hiper-reactivas aos estímulos.

Sendo assim, as crianças com autismo podem ser agudamente sensíveis a sons (ex. tapar os ouvidos ao ouvir um cão latir ou o barulho de um aspirador de pó). Outras podem parecer ausentes perante ruídos fortes ou pessoas que as chamam, mas ficam fascinadas pelo som de um papel a ser amarrotado. Luzes brilhantes podem causar stress, ainda que algumas crianças sejam fascinadas pela estimulação luminosa (ex. mover um objecto para a frente e para trás em frente dos seus olhos). Muitas crianças são fascinadas por certos estímulos sensoriais, tais como objectos que giram, enquanto algumas têm prazer com sensações vestibulares, como rodopiar, realizando esta acção sem, aparentemente, ficarem tontas.

Estas reações extremas ao estímulos sensoriais estão intimamente relacionadas com os limiares neurológicos  (também chamados de limiares de estimulação, pois determina a quantidade de informação sensitiva necessária para que o sistema nervoso do indivíduo detecte e processe o estímulo) e podem ser uma forma das crianças se auto-regularem.

Com base nos seus estudos sobre o modo como as pessoas processam a variedade de sensações a que estão continuamente expostas, Winnie Dunn construiu um modelo explicativo do processamento sensorial que descreve a interacção entre a neurociência e o comportamento das pessoas. Além de podermos compreender melhor as desordens sensoriais das crianças com autismo, este modelo também fornece directrizes para a intervenção de acordo com os padrões sensoriais dominantes na pessoa. O autismo está associado a um padrão sensorial de Procura e de Hipersensibilidade. Vejamos:

Quando os limiares de uma criança são mais elevados do que o normal, o sistema nervoso exige estímulos sensorias mais intensos para provocar uma reação - hiporrsponsividade. Isto pode explicar o fato de que muitas crianças com autismo não sentirem dor quando se ferem ou gostarem de serem pressionadas em algumas áreas do corpo, pois sentem a necessidade de se auto-estimularem.
 
Por outro lado, quando os limiares são mais baixos do que o normal, a criança precisa de menos input sensorial para registar a resposta – hiper-reactividade. Sendo assim, muitas crianças com autismo não toleram o toque (defesa táctil) ou ficam fascinadas com o “tique-taque” de um relógio de pulso, pois são muito sensíveis a estímulos tácteis e auditivos.

Frequentemente, as crianças com autismo oscilam entre a procura de sensações e a hipersensibilidade às mesmas.

Através do questionário para pais Sensory Profile os técnicos podem tirar conclusões sobre o padrão de processamento sensorial da criança, e com base nesse conhecimento criar estratégias que respondam às necessidades sensoriais da criança e evitem os comportamentos disruptivos, o que promove a aprendizagem e uma melhor percepção do que se passa em seu redor.

Fonte: http://souautistaesoucapaz.blogspot.com.br/search/label/Perfil%20Sensorial

21 de mai. de 2012

Construindo um ambiente para BRINCAR



Ao trabalhar com crianças que exibem problemas nas áreas emocional e de comportamento, outros fatores precisam ser incluídos no desenvolvimento de um ambiente terapêutico. A seguir são apresentadas sugestões para a construção de um ambiente lúdico para crianças que exibem problemas emocionais e de comportamento no período da segunda infância (de 6 à 12 anos).

1. O ambiente lúdico deve ter vários parceiros. O terapeuta pode começar por uma situação individual, mas assim que possível, um parceiro deve ser incluído. Os parceiros e grupos são dominantes durante a segunda infância e é nessa arena que as crianças portadoras de problemas emocionais frequentemente sentem mais dificuldades. Além de dividir os materiais e equipamentos, elas também precisam compartilhar o espaço e a atenção dos outros, e é dentro de um grupo pequeno que isso pode ser aprendido e praticado.

2. Os programas devem ser conduzidos dentro de modelos naturais de atividade infantil, nos quais as artes e os jogos sejam enfatizados. O Terapeuta Ocupacional precisa examinar o processo na atividade e não ficar preso no produto do jogo ou da arte. As artes e os jogos devem ser vistos em três principais dimensões, para que sua dificuldade possa ser rapidamente intensificada ou reduzida, de acordo com o nível das crianças do grupo. As dimensões das complexidades cognitiva, motora e social de uma atividade precisam ser consideradas em separado com esta população. Complexidade Cognitiva significa uma mistura de processos de resolução de problemas que envolvem etapas de controle e domínio das capacidades necessárias dentro de cada etapa. As atividades devem ser examinadas a partir do número de etapas que exigem, sequencia e complexidade das etapas e do montante de paciência e persistência exigidas na solução do problema. Paciência e persistência são capacidades de controle que as crianças estão aprendendo a desenvolver. Elas costumam ser muito críticas quanto ao seu próprio trabalho e ficam frustradas quando ele não se parece como o modelo. As crianças, durante este período, estão começando a construir projetos e precisam ser encorajadas e persuadidas a seguir as etapas até o fim. Em termos de complexidade motora, uma atividade deve ser examinada em relação à intensidade do controle motor fino ou motor visual exigida e se a criança tem ou não capacidades suficientes nesta área. Além dos problemas nos campos social e emocional, as crianças podem apresentar déficits na integração motora visual, identificados na avaliação ao longo dos anos. Os distúrbios de aprendizagem são proeminentes em algumas disfunções psiquiátricas da infância (Lewis, 1991). Complexidade social significa as oportunidades que a situação oferece para a divisão e a cooperação no uso dos materiais, espaço e atenção e interação com os adversários e adultos. Em geral, é na complexidade social de uma situação que as crianças portadoras de problemas emocionais têm mais dificuldades. Por este motivo, os terapeutas podem simplificar os componentes motores e cognitivos, ou torná-los menos complexos, para que as características sociais da situação possam ser aprendidas e enfatizadas. Por exemplo, as crianças sempre cooperam e conversam umas com as outras com mais frequência quando estão engajadas em atividades repetitivas simples, como enfileirar contas de tamanho médio, porque controlam as demandas da tarefa com mais facilidade. É importante o terapeuta ocupacional conhecer os diferentes processos que uma atividade exige, afim de que os objetivos sociais que estejam almejando possam ser direcionados.

3. O tratamento deve ser embutido nas atividades infantis naturais deste estágio. Isso inclui a ênfase nos clubes, escotismo ou em pequenos grupos que tenham uma identidade distinta. As crianças desta idade procuram “pertencer”, ou fazer parte de algo, e os grupos organizados como o escotismo ou clubes organizados informalmente servem para esta necessidade.

4. As regras são o principal enfoque na segunda infância e devem ser estabelecidas para cada sessão de tratamento ou grupo. As regras de segurança e normais gerais de procedimento devem ser estabelecidas pelo terapeuta e as consequências da obediência ou violação precisam ser conhecidas pelas crianças. Estas regras têm a ver com as expectativas de comportamento do terapeuta sobre a forma que o grupo ou sessão deve proceder. Elas podem incluir coisas como sentar à mesa ao entrar na sala, ou não tocar os materiais até que sejam sugeridos, ou fazer revezamentos. As crianças também devem ter a oportunidade de construir regras e o terapeuta pode sugerir áreas como justiça, ouvir e falar gentilmente com os outros. “As mãos não podem ficar inquietas” e “os pés têm que ficar no chão” são exemplos de regras que as crianças construíram para lidar com o respeito ao espaço pessoal alheio. A obediência às regras podem ser promovida por frases verbais ou símbolos concretos para os esforços positivos, como premiação com adesivos. As crianças portadoras de problemas de comportamento e emocionais frequentemente têm dificuldades em identificar quando fizeram alguma coisa “certa” e uma recompensa concreta de um adesivo sempre serve para este objetivo. O terapeuta ocupacional precisa estabelecer um sistema de organização para o grupo. Isso deve incluir os comportamentos que constituem violação de regras e as consequências da violação.

5. Os materiais e o espaço precisam ser estabelecidos antes da reunião do grupo. Isto é particularmente essencial no trabalho com grupo de crianças que têm dificuldades em concentrar-se e desempenhar atividades. Esta sugestão é simples e direta. Se o terapeuta está despreparado e começa a coletar os acessórios necessários para a atividade depois das crianças terem chegado, uma das crianças ou um grupo pode perder a concentração e necessita-se mais tempo no restabelecimento da atenção dos membros do que na atividade planejada.

Estas sugestões formam alguns parâmetros para o estabelecimento de uma “estrutura” durante o trabalho com as crianças que exibem problemas no controle do comportamento. “Estrutura” é o termo usado no acervo da terapia para descrever os processos sociais que afetam os pacientes, do ponto de vista terapêutico. Ele refere-se à organização do tempo, espaço e atividade (Gibson e Richert, 1993). Este processo não é especificamente definido. Os terapeutas ocupacionais e os profissionais de outras disciplinas, que trabalhem com a psiquiatria, dão os créditos à estrutura do ambiente quando tudo vai bem e referem-se à suas falhas ou ausência quando os pacientes estão desatentos e descontrolados. No trabalho com as crianças, a estrutura tem a ver com a captura da atenção e do interesse, e do direcionamento da atividade para o nível de capacidade dos membros do grupo. Esta estruturação é desempenhada dentro de um ambiente que tenha limites temporais e espaciais definidos, no qual os códigos da conduta comportamental sejam explícitos.

Fonte: A recreação na terapia ocupacional pediátrica (Parhan)

Guia de Treinamento para o Cuidado com os Dentes



PARA AS FAMÍLIAS - Introdução em casa

Saúde oral é um componente muito importante da vida cotidiana saudável. Mas para algumas crianças autistas, hábitos de saúde oral pode ser um desafio. Nossa esperança é que este guia forneça informações para ajudar as famílias a começarem uma vida de boa higiene oral.

Para começar, você e seu filho devem escolher a escova de dente certa. Existem muitos tipos, estilos e cores disponíveis. É importante que a escova seja do tamanho certo para a boca do seu filho e que tenha cerdas macias.

Algumas crianças autistas podem apresentar dificuldade em escovar os dentes. A sensação inicial pode ser desconfortável e a criança pode precisar ser desensibilizada. Você pode iniciar usando a escova de dente para tocar os lábios ou apenas o interior da boca do seu filho.

Você também poderá ensinar seu filho a "abrir completamente." Para melhor entendimento, mostrar para seu filho como você escova os próprios dentes também pode ser útil.

ESCOVAÇÃO E USO DO FIO DENTAL

Escovando os dentes do seu filho

 Fique atrás do seu filho com a cabeça dele em seu peito.

 Coloque uma quantidade do tamanho de uma ervilha de pasta de ente no meio da escova.

 Guie a escova como se você fosse escovar os próprios dentes.

 Existem seis etapas para a escovação:

1. Escovar a superfície externa, interna e os dentes posteriores uperiores e inferiores de cada lado da boca, cinco vezes.

2. Passar para a arcada superior e escovar a superfície interior, xterior e de mastigação, cinco vezes.

3. Escovar a superfície interior e exterior dos dentes frontais da arcada inferior, cinco vezes.

4. Passar para a arcada superior e escovar a superfície exterior e interior dos dentes posteriores, cinco vezes.

5. Escovar a superfície da superfície interior, exterior e de mastigação, dos dentes frontais da arcada superior, cinco vezes.

6. Escovar a superfície interior, exterior e de mastigação dos dentes posteriores da arcada inferior cinco vezes.

Embora a maioria das pessoas escove os dentes no banheiro, para acomodar seu filho e acostuma-lo com a escovação, você pode fazer isso no sofá ou em qualquer outra parte da casa onde ele possa se sentir mais à vontade. O objetivo final é o seu filho escovar os dentes da maneira mais independente possível.

Uso do fio dental

Outra prática de saúde oral importante que deve ser dominada é uso do fio dental. Da mesma forma que a escovação, essa prática deve ser introduzida logo que possível em pequenas etapas, na medida em que cada sucesso é construído.

 Você irá usar a mesma técnica. Coloque a cabeça do seu filho em seu peito e use o

fio dental como se fosse em seus próprios dentes.

 Use o fio dental em cada dente. Novamente, o objetivo é seu filho conseguir realizar essa tarefa sozinho.

Outras dicas que podem ser úteis

 Algumas famílias acham útil utilizar um cronômetro para que o indivíduo com qualquer transtorno do espectro autista (ASD) possa ficar sabendo quando a tarefa irá acabar.

 Os autistas utilizam suportes e planejamentos visuais. Um planejamento visual pode ser criado tirando fotografias das etapas descritas na página anterior.

- As famílias, em seguida, podem imprimir as fotos e criar planejamentos visuais para seu filho. Algumas famílias podem imprimir a página e assinalar as atividades conforme elas ocorrem. As páginas podem ser protegidas por um material transparente e uma caneta que apague pode ser usada, para assinalar cada atividade, de forma que essa página possa ser reutilizada.

- Outras podem cortar as fotografias e protegê-las com um material transparente, e colocar velcro no verso de cada fotografia Essas fotografias são arrumadas num quadro, em ordem cronológica, e a cada etapa vencida a fotografia correspondente é
removida.

 Outra opção é fotografar cada etapa do processo de escovação dental, carregar as imagens para um retroprojetor e programá-lo para que cada fotografia seja exibida durante intervalos de 10 segundos. Isso pode ser usado no banheiro, enquanto a criança estiver escovando os dentes para que ela tenha um lembrete visual do momento em que deve passar para a próxima etapa.

 Alguns indivíduos precisam ser estimulados com um agradecimento verbal ou uma recompensa após cada etapa. Outras podem ser capazes de completar alguma, muitas ou todas as etapas antes de receber um agradecimento verbal ou guloseima. Cada criança precisará trabalhar em seu próprio ritmo para obter as habilidades necessárias para escovar seus dentes.

Uma vez que a escova de dente manual foi dominada, uma escova elétrica pode ser introduzida. A escova elétrica é um pouco diferente no que diz respeito à forma como a escovação é realizada e então, o indivíduo já não precisa mais fazer os "movimentos para a escovação".

Em todos os casos, o objetivo final é o autista escovar os seus dentes da forma mais
independente possível.

Encontrando o consultório adequado

É importante encontrar um dentista que tenha experiência em tratar indivíduos autistas.

Converse com o dentista antes da consulta.

 Informe ao dentista qual o melhor horário do dia para seu filho.

 Descreva as preocupações ou desafios que podem apresentar-se durante a consulta.

 Verifique se ele tem fotos do consultório para que você possa analisá-las junto com seu filho antes da consulta.

Preparando-se para a consulta odontológica

Você pode preparar seu filho antes de ir ao dentista. Para algumas crianças, um planejamento visual pode ser útil para que eles saibam o que vai acontecer durante a consulta. Você também pode experimentar praticar com seu filho sentar-se em uma cadeira reclinável.

Talvez você precise ensinar cada uma das etapas a seguir para que ele compreenda as instruções do dentista.

 Colocar as mãos na altura de seu estômago

 Colocar os pés em linha reta

 Abertura ampla

 Manter a boca aberta

 Contar seus dentes

 Limpar com uma escova elétrica

 Fazer exame radiológico

 Cuspir na pia

Talvez cada etapa precise ser vencida individualmente. Muitos dos instrumentos utilizados em uma consulta odontológica podem ser comprados na farmácia. São eles:

 Lanterna pequena

 Espelho odontológico

 Massageador de gengiva com extremidade de borracha

Você também pode ser capaz de obter alguns suportes para radiografia odontológica com seu dentista antes da consulta, para que seu filho possa praticar mordendo esse suporte e familiarizar-se para caso seja necessário realizar alguma radiografia.
PLANEJAMENTO VISUAL

Os autistas geralmente utilizam suportes e planejamentos visuais. O seguinte planejamento visual descreve as etapas necessárias para uma consulta odontológica (veja em: http://www.autismoerealidade.com.br/). As famílias podem ficar a vontade para imprimir as fotos e criar um planejamento visual para seu filho. Algumas famílias podem imprimir a página e assinalar as atividades conforme elas ocorrem. As páginas podem ser protegidas por um material transparente e uma caneta que apague pode ser usada, para assinalar cada atividade, de forma que essa página possa ser reutilizada em cada consulta Outras podem cortar as
fotografias e protegê-las com um material transparente, e colocar velcro no verso de cada fotografia. As fotografias são arrumadas num quadro, em ordem cronológica, e a cada etapa finalizada a fotografia é removida.

Algumas crianças podem precisar ser estimuladas com um agradecimento verbal, um item preferido ou uma recompensa após cada etapa. Outras podem ser capazes de completar algumas, muitas ou todas as etapas antes de receber um agradecimento verbal ou uma recompensa. Cada criança precisará trabalhar em seu próprio ritmo para obter as habilidades necessárias para uma consulta odontológica

Conhecendo o dentista

Seu filho provavelmente conhecerá o dentista na sala de espera. Você pode ligar antes, para verificar se o dentista está atendendo na hora certa. Caso a agenda esteja atrasada e você julgue que seu filho pode ficar ansioso na sala de espera, você pode perguntar à recepcionista se vocês poderiam esperar no carro e pedir-lhe para ligar para o seu celular quando o dentista estiver pronto para atender seu filho. Leve o brinquedo favorito ou uma recompensa para o trabalho bem feito. Você também pode levar um familiar, professor ou especialista em autismo para ajudar a tornar a consulta um sucesso.

PARA O DENTISTA

O que é autismo?

O autismo é um termo geral usado para descrever um grupo de complexos transtornos de desenvolvimento neurológico conhecido como Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD). Os outros transtornos globais do desenvolvimento são TGD-SOE (Transtorno Global do Desenvolvimento – Sem Outra Especificação), Síndrome de Asperger, Síndrome de Rett e Transtorno Desintegrativo da Infância.

Muitos pais e profissionais se referem a este grupo como transtornos do espectro autista (TEA), que afeta 1 em 110 crianças e 1 em 70 meninos.

Indivíduos com TEA têm dificuldades com:

 Interações sociais

 Comunicação

 Dificuldade relativa em participar de um bate-papo ou interagir

 Comportamento repetitivo ou estereotipado

 Indivíduos com TEA também podem apresenta maior ou menor sensibilidade para visão, audição, tato, olfato ou paladar.

Conselhos para os especialistas

 Desenvolva uma relação com seu paciente autista.

 Fale em uma voz calma e suave.

 Abaixe-se até a altura da criança e transmita segurança e tranquilidade.

 Não pergunte a criança se ela quer vir com você, apenas diga suavemente para ela o que você vai fazer em seguida.

 Seja coerente.
 
Preparando seu consultório

Uma vez que cada criança autista é diferente, algumas sugestões podem funcionar para um paciente, e não funcionar para o outro.

Pergunte primeiro aos pais, se existem algumas sugestões que possam melhor atender as necessidades de seu paciente com TEA.

 Diminua as luzes se necessário.

 Desligue ruídos altos.

 Ligue os instrumentos para que a criança possa observá-los antes de iniciar o procedimento.

 Arrume seu consultório. A bagunça pode distrair a criança ou tornála ansiosa.

 Deixe a criança saber o que você vai fazer. Você pode mostrar para a criança na mão dela, como você vai contar os seus dentes, para que ela saiba o que vai acontecer.

 Certifique-se de fornecer informações claras e precisas, quando falar com a criança.

 Termine cada consulta com uma observação positiva, para que você e seu paciente possam construir o sucesso dessa parceria.

Às vezes, podem ser necessárias várias consultas para completar um exame odontológico. Se você trabalhar com a família nesse processo, você vai construir uma relação em conjunto que irá resultar em um maior tempo de boa saúde oral para as crianças autistas.

20 de mai. de 2012

EXEMPLO DE CASO: ESTIMULANDO A IDEAÇÃO


Willian é um menino de quatro anos que tem tendência a mudar casualmente de um equipamento para outro. Apesar dele às vezes parar para empurrar um balanço ou chutar uma almofada, não parece saber “o que fazer”. Na pré-escola, ele costuma empurrar as outras crianças e seu comportamento está começando a ser considerado problemático. A Terapeuta Ocupacional (TO) de Willian descobriu que precisa ajudá-lo a envolver-se em interações bem simples com os equipamentos. Quando ele se aproxima de um balanço de pneu e parece preparar-se  para chutar, a TO gentilmente coloca um de seus pés dentro do pneu e pressiona-o para cima e para baixo, dizendo “pule, pule, pule”. Ela segura as mãos dele enquanto fica em pé no interior do pneu, entra no pneu junto com ele e ela mesma começa a pular. Quando Willian começa a movimentar seu dorso para cima e para baixo como se estivesse pulando, a TO o ajuda a subir no seu e eles pulam juntos. Nas semanas seguintes, Willian sempre entra primeiro no pneu quando chega a sessão. Depois de algumas sessões, ele parece ter controlado o conceito de uma das coisas que pode fazer com este equipamento. Ao perceber que isto ocorreu, a TO tentar incorporar o “brincar” na atividade dizendo “Sou um sapo! Croc, croc” enquanto pula agachada de dentro do pneu para a esteira. Willian a princípio precisa de ajuda para agachar, mas a ideia de ser um sapo parece chamar sua atenção. Uma vez que ele assumiu o controle sobre esta ação, continuou interessado em brincar de “sapo” e diz “eu sou um sapo, eu pego moscas”. A TO então introduz “moscas” na atividade, jogando fichas para ele pegar. Para Willian, a ideação emergente permite que ele dê novas ideias para a atividade. As interações com a terapeuta durante o “brincar”, em troca, motivam-no a continuar tentando ações desafiadoras e que o organizem.

Fonte: A recreação na Terapia Ocupacional Pediátrica (Parham)

9 de mai. de 2012

Comentários e Sugestões

Acredito que, um trabalho em conjunto nos faz crescer. Deixe aqui seu comentário e/ou sugestão. Bjs

24 de abr. de 2012

O que é Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação ?

Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação (TDC) (APA, 2000) ocorre quando há atraso no desenvolvimento de habilidades motoras ou dificuldades para coordenar os movimentos, que resultam em incapacidade da criança para desempenhar as atividades diárias. O diagnóstico pode ser feito pelo médico, que vai se certificar de que:

1) os problemas de movimento não são devidos a qualquer transtorno físico,
neurológico ou comportamental conhecidos;

2) se mais de um transtorno está presente. As características das crianças com
TDC geralmente são notadas primeiro por aqueles mais chegados a elas, pois as dificuldades motoras interferem no desempenho acadêmico ou nas atividades de vida diária (ex.: vestir, habilidade para brincar no parquinho, escrita, atividades de educação física).

Acredita-se que o TDC afete 5% a 6% das crianças em idade escolar e tende a ocorrer mais freqüentemente em meninos. O TDC pode ocorrer sozinho ou pode estar presente na criança que também tem distúrbio de aprendizagem, dificuldade de fala/linguagem e/ou transtorno do déficit de atenção. Neste livreto, as dificuldades motoras discutidas são aquelas mais freqüentemente observadas em crianças com transtorno do desenvolvimento da coordenação.

Como Ocorrem as Dificuldades de Coordenação?

Não há uma resposta simples para esta pergunta, pois as dificuldades de coordenação
motora podem surgir por várias razões. Problemas podem ocorrer nas diferentes fases, a medida que as informações são processadas e usadas para desempenhar movimentos com habilidade. Nós estamos constantemente recebendo informações do ambiente que nos rodeia por meio dos vários sentidos.
 
Processo 1: A primeira possibilidade é que a criança pode ter dificuldade em interpretar e integrar a informação que está sendo recebida através da visão, tato, equilíbrio, posição das articulações ou pelo movimento dos músculos.

Processo 2: A segunda possibilidade é que a criança tem dificuldade para escolher o tipo de ação motora apropriada para a situação. Para selecionar uma ação, a criança tem que considerar o contexto no qual a ação acontece (ex.: A criança que está se aproximando para subir na calçada deve compreender que dar um passo para cima é mais ou menos como subir escada).

Processo 3: A terceira possibilidade é de que a criança pode ter dificuldade para formular o plano de ação na seqüência correta. A criança tem que organizar os requerimentos motores da tarefa numa seqüência de comandos, que comunicam aos músculos como desempenhar a ação requerida (ex.: Quando a criança se aproxima de degraus, ela tem que transferir o peso para uma perna antes de levantar a outra).

Processo 4: Finalmente, a mensagem que está sendo enviada aos músculos tem que
especificar a velocidade, força, direção e a distância a que tais músculos vão ser
movimentados. Quando a criança tem que se movimentar ou responder a alguma
bola em movimento), essas mensagens também têm que mudar. A criança pode ter
dificuldade para monitorar essa informação ou modificar as mensagens, para guiar e
controlar os movimentos, enquanto eles ainda estão ocorrendo.

Em resumo, a criança pode ter dificuldade para analisar as informações sensoriais do
ambiente; usar essas informações para selecionar o plano de ação desejado; dar seqüência aos movimentos motores individuais da tarefa; enviar a mensagem correta para produzir uma ação coordenada; ou integrar todas essas ações de modo a controlar o movimento enquanto ele está ocorrendo. O resultado de qualquer um desses problemas é o mesmo. A criança vai parecer incoordenada, desajeitada, e vai ter dificuldade para aprender e desempenhar tarefas motoras novas.

Aspectos Característicos de Crianças com TDC

Quando descrevemos crianças com TDC, é importante reconhecer que elas formam um grupo muito variado. Algumas têm dificuldade em várias áreas, enquanto outras
podem ter problemas apenas com certas atividades.

Listamos abaixo algumas das características mais comunsque podem ser observadas na criança com TDC.

Características Físicas

1. A criança pode parecer desajeitada ou incoordenada em seus movimentos. Ela pode trombar, derramar ou derrubar coisas.

2. A criança pode ter dificuldade com habilidades motoras grossas (corpo inteiro), habilidades motoras finas (usando as mãos) ou ambas.

3. A criança pode ter atraso no desenvolvimento de certas habilidades motoras, tais como: andar de velocípede ou bicicleta, agarrar bola, manejar faca e garfo, abotoar a roupa e escrever.

4. A criança pode apresentar discrepância entre suas habilidades motoras e habilidades em outras áreas. Por nexemplo, as habilidades intelectuais e de linguagem podem ser altas, enquanto as habilidades motoras atrasadas.

5. A criança pode ter dificuldade para aprender habilidades motoras novas. Uma vez
aprendidas, certas habilidades motoras podem ser desempenhadas muito bem, enquanto outras podem continuar a ser desempenhadas de maneira pobre.
 
6. A criança pode ter mais dificuldade com atividades que requerem mudança constante na posição do corpo, ou adaptação a mudanças no ambiente (ex.: futebol, beisebol, tênis ou pular corda).

7. A criança pode achar difíceis as atividades que requerem o uso coordenado dos dois lados do corpo (ex.: recortar com tesoura, cortar alimento usando faca e garfo, fazer polichinelo, segurar um bastão com duas mãos para acertar na bola, ou manejar o bastão de hockey).

8. A criança pode apresentar equilíbrio pobre e/ou evitar atividades que requerem essa habilidade.

9. A criança pode ter dificuldade em escrever. Essa é uma atividade que envolve
interpretação contínua da resposta dos movimentos da mão, enquanto novos movimentos são planejados, o que é muito difícil para a maioria das crianças com TDC.

Características Emocionais/Comportamentais

1. A criança pode parecer desinteressada em certas atividades, ou as evita, especialmente aquelas que requerem resposta física. Para a criança com TDC, habilidades motoras são muito difíceis e requerem mais esforço. O fracasso repetido pode fazer com que ela evite participar de tarefas motoras.

2. A criança pode sofrer problemas emocionais secundários, como baixa tolerância à
frustração, auto-estima diminuída e falta de motivação, devido aos problemas para lidar com atividades corriqueiras, requeridas em todos os aspectos da vida.

3. A criança pode evitar socialização com os colegas, principalmente no parquinho.
Algumas crianças procuram crianças mais jovens para brincar, enquanto outras vão
brincar sozinhas. Isso pode ser devido à baixa autoconfiança ou tendência a evitar
atividades físicas.

4. A criança pode parecer insatisfeita com seu desempenho (ex.: apaga trabalho que
escreveu, queixa-se do desempenho em atividades motoras, mostra-se frustrada com o produto do trabalho).

5. A criança pode se mostrar resistente a mudanças na sua rotina ou no ambiente. Se ela tem que fazer muito esforço para planejar a tarefa, depois, mesmo uma pequena mudança na forma de desempenhá-la pode representar um grande problema.

Outras Características Comuns

1. A criança pode ter dificuldade em balancear a necessidade de velocidade com a de
exatidão. Por exemplo, a letra pode ser muito boa, mas a escrita é extremamente lenta.
 
2. A criança pode ter dificuldades acadêmicas em certas disciplinas como matemática, ditado ou redação, que requerem escrita correta e organizada na página.

3. A criança pode ter dificuldade com atividades de vida diária (ex.: vestir-se, usar faca e garfo, dobrar as roupas, amarrar sapatos, abotoar e manejar fechos de correr/zipper, etc.).

4. A criança pode ter dificuldade para completar o trabalho dentro de um espaço de
tempo normal. Uma vez que as tarefas requerem muito mais esforço, ela pode ficar mais inclinada à distração e tornar-se frustrada com uma tarefa rotineira.

5. A criança pode ter dificuldades, em geral, na organização de sua carteira/mesa,
armário, dever de casa ou mesmo do espaço na página.

Se a criança mostrar qualquer uma das características acima e se esses problemas estão interferindo em sua habilidade de participar com sucesso em casa, na escola ou no parquinho, é importante que ela faça uma consulta ao médico da família ou ao pediatra. O médico pode, então, encaminhá-la para um outro profissional de saúde, no centro de tratamento mais próximo. Visto que a criança, geralmente, tem dificuldade com atividades de autocuidado e tarefas escolares, esse profissional de saúde muitas vezes será um terapeuta ocupacional.

Não é incomum que os pais ou professores sejam informados de que a criança vai superar esse distúrbio (Fox & Lent, 1996; Polatajko, 1999). Entretanto, estudos têm mostrado, de maneira bem conclusiva, que a maioria das crianças não supera esses problemas. Embora estas crianças possam aprender a fazer bem certas tarefas, vão continuar a ter dificuldade com tarefas novas, apropriadas para a idade. Além disso, elas estão mais propensas a apresentar problemas acadêmicos, pouca competência social, baixa auto-estima e têm menos chances de manter boa forma física ou participar voluntariamente de atividades motoras (veja Missiuna, 1999 para uma revisão desses estudos).
 
Fonte: Cheryl Missiuna, Ph.D., O.T. Reg. (Ont.)

Tradução: Lívia C. Magalhães, Ph.D., TO (UFMG). Revisão: Jacinta Ribeiro

Crianças com Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação: O Papel do Terapeuta Ocupacional



Terapeutas ocupacionais são educados e treinados para analisar o desenvolvimento das habilidades motoras e também para determinar a habilidade da criança para lidar com demandas e atividades da vida diária. Eles têm a preparação adequada para fazer
recomendações sobre como lidar com a criança que tem problemas de movimento.

Na situação atual dos serviços de saúde, o terapeuta ocupacional (TO) geralmente atua primariamente como consultor. Nesse papel, o TO vai observar e avaliar a criança, para depois fazer recomendações aos pais e professores. Essas recomendações podem incluir estratégias específicas ou acomodações para escrita e outras tarefas na sala de aula; dicas para facilitar o vestir e a alimentação; atividades para melhorar a coordenação motora da criança; idéias para atividades de lazer e esporte na comunidade e o estabelecimento de expectativas apropriadas, para garantir que a criança tenha sucesso.

O TO e outros profissionais de saúde podem ajudar os pais, os professores e a criança a desenvolver melhor compreensão das dificuldades de coordenação que essa criança está tendo. É importante que os pais e professores identifiquem esses problemas o mais cedo possível e aprendam a lidar com eles, de forma a prevenir complicações secundárias (Fox, Polatajko & Missiuna, 1995). Pode ser necessário ensinar à criança estratégias para compensar seus problemas motores, assim como lhe devem ser dadas oportunidades adequadas para praticar as habilidades motoras que precisam ser aprendidas.

É importante educar crianças com TDC de forma que elas se tornem conscientes, tanto de seus pontos fortes como de suas limitações; assim elas passarão a compreender como compensar qualquer dificuldade. Essas crianças experimentarão, assim, mais sucesso e terão mais disposição para tentar as atividades que elas acham difíceis.

Se a criança está tendo muita dificuldade ou mostrando sinais de problemas secundários, emocionais ou de comportamento, o terapeuta pode decidir trabalhar individualmente com a criança, por um curto período de tempo. O TO pode ensinar diretamente as habilidades motoras relacionadas a tarefa que a criança precisa aprender. Ele pode também usar a abordagem cognitiva, para ensinar estratégias de solução de problemas, as quais vão ajudar a criança a aprender qualquer tarefa motora nova (esse tipo de abordagem exige que o TO tenha tido treinamento extra). Em ambos os casos, o motivo e o plano de tratamento serão discutidos com os pais e com a criança. Embora, na maioria dos casos, as dificuldades básicas de coordenação não desapareçam, as crianças mostram melhorias consideráveis na habilidade para desempenhar tarefas específicas e podem ser ajudadas a participar com sucesso das atividades em casa, na escola e na comunidade.

Crianças com Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação: dicas para os Pais



Em Casa

1. Encoraje a criança a participar de jogos e esportes que sejam interessantes para ela e que dêem oportunidade para praticar e se expor a atividades motoras. Devem-se enfatizar atividades físicas e de divertimento, em vez de proficiência e competição.

2. Tente introduzir a criança, individualmente, em atividades esportivas novas ou ao novo parquinho, antes de ela ter que lidar com essas mesmas atividades em situação de grupo. Tente rever as regras e rotinas relacionadas a cada atividade (ex.: regras de futebol ou do basquetebal) em um momento em que a criança não esteja concentrada nos aspectos motores. Faça perguntas simples à criança, para garantir compreensão (ex.: "O que você deve fazer para chutar a bola?"). Aulas individuais podem ser úteis em certos momentos, para ensinar habilidades específicas à criança.
 
3. A criança pode mostrar preferência por esportes individuais (ex.: natação, corrida,
bicicleta, patins) ou obter melhor desempenho neles, em vez de esportes de grupo. Se esse for o caso, então tente encorajar a criança a interagir com colegas em outras
atividades nas quais ela tenha chance de obter sucesso (ex: escotismo, música, teatro, ou artes).

4. Encoraje a criança a ir para a escola com roupas que sejam fáceis de vestir e retirar. Por exemplo: calças de elástico e camiseta de malha, calça de malha ou lycra, suéter e tênis com velcro. Quando possível, use fechos de velcro em vez de botões, fechos de pressão ou cadarços de amarrar. Ensine a criança a manejar fechos mais difíceis quando você estiver com tempo e paciência (ex.: no fim de semana, nas férias), ao invés de quando você está apressada para sair de casa.

5. Estimule a criança a participar de atividades práticas que vão ajudar a melhorar sua
habilidade para planejar e organizar tarefas motoras. Por exemplo: colocar a mesa,
preparar um lanche ou organizar a mochila. Faça perguntas que ajudem a criança a focar na seqüência de passos (ex: “O que você precisa fazer primeiro?”). Reconheça que, se sua criança está ficando frustrada, pode ser que seja o momento de ajudar ou de dar orientação e instruções mais específicas.
6. Reconheça e reforce os pontos fortes da criança. Muitas crianças com TDC
demonstram boas habilidades em outras áreas, tais como: habilidade avançada de leitura, imaginação criativa, sensibilidade para as necessidades dos outros ou habilidade de comunicação verbal elevada.

Fonte:Cheryl Missiuna, Ph.D., O.T. Reg. (Ont.)

Tradução: Lívia C. Magalhães, Ph.D., TO (UFMG). Revisão: Jacinta Ribeiro

Crianças com Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação: dicas para a Escola



Na Escola

Professores e pais podem trabalhar juntos para garantir que a criança com TDC obtenha sucesso na escola. Para os pais, pode ser útil reunir-se com a professora, no início do ano escolar, para discutir as dificuldades específicas da criança e dar sugestões de estratégias que funcionaram bem. Um plano individualizado de educação pode ser necessário para algumas crianças, entretanto, para outras, as seguintes modificações podem ser suficientes.

Na Sala de Aula:

1. Certifique-se de que a criança esteja posicionada apropriadamente na carteira para começar qualquer trabalho. Certifique-se de que os pés da criança estejam totalmente apoiados no chão; que a carteira tenha altura apropriada e que os antebraços estejam confortavelmente apoiados sobre a mesma.
 
2. Tente traçar metas realístas e de curto prazo. Isso vai garantir que, tanto a criança
como a professora, continuem motivados.

3. Tente dar um tempo extra para que a criança complete atividades motoras finas, tais como matemática, escrita, redação, atividades práticas de ciências e trabalhos de arte. Se há necessidade de velocidade, esteja disposta a aceitar um produto de menor qualidade.

4. Quando copiar não for o objetivo, tente preparar folhas de exercício impressas ou préescritas para permitir que a criança foque na tarefa. Por exemplo: dê-lhe folhas com exercícios de matemática previamente preparados; páginas com perguntas já escritas, ou em exercícios de compreensão de texto, ofereça lacunas para preencher. Para estudar em casa, faça fotocópia das anotações feitas por outro aluno.

5. Introduza computador o mais cedo possível, para reduzir a quantidade de escrita à mão que é exigida em períodos mais avançados de escolaridade. Apesar de, a princípio, digitação ser difícil, essa é uma habilidade que pode ser de grande benefício e, na qual, crianças com problemas de movimento podem se tornar bastante proficientes.

6. Ensine às crianças estratégias específicas de escrita à mão, que as encorajem a escrever com letras de forma, ou cursiva, de maneira consistente. Use canetas hidrográficas finas ou seguradores de lápis, se eles parecem ajudar a criança a melhorar o padrão de preensão ou a reduzir a pressão do lápis no papel.

7. Use papel de acordo com as dificuldades de escrita da criança. Por exemplo:
a) linhas bem espaçadas para a criança que escreve com letras muito grandes;
b) papel com linha ressaltada para a criança que tem dificuldade para escrever dentro
das linhas;
c) papel quadriculado para a criança cuja escrita é muito grande ou mal espaçada;
d) papel quadriculado, com quadrados grandes, para a criança que tem problema
para alinhar os números na matemática.

8. Tente focar no objetivo da lição. Se a meta é uma história criativa, então ignore a
escrita bagunçada, mal espaçada ou as várias apagações. Se a meta é que a criança
aprenda a formar um problema de matemática corretamente, então dê tempo para que isso seja feito, mesmo que o problema de matemática acabe não sendo resolvido.

9. Considere a possibilidade de a criança usar métodos alternativos de apresentação para demonstrar compreensão ou domínio do assunto. Por exemplo: a criança pode apresentar o relatório oralmente; pode usar desenhos para ilustrar suas idéias; digitar a redação ou o relatório no computador; gravar a história ou o exame no gravador.

10. Considere a possibilidade de permitir que a criança use o computador para fazer o rascunho ou a cópia final de relatório, da redação ou outros deveres. Se a professora quiser ver o produto antes.

11. Quando possível, permita que a criança dite redações, relatórios de livros ou respostas a perguntas de compreensão para a professora, para um voluntário ou para outra criança. Para crianças mais velhas, pode-se introduzir software para o reconhecimento de voz assim que o padrão de voz da criança estiver maduro o suficiente para ser consistente.

12. Dê tempo adicional, ou acesso a computador, em provas e exames que requeiram
muita escrita.

Na Educação Física:

1. Divida a atividade em partes menores, mas assegure-se de que cada parte tenha sentido e seja possível de ser executada.

2. Tente selecionar atividades que assegurem sucesso para a criança em pelo menos 50% do tempo. Recompense o esforço e não a habilidade.

3. Tente incorporar atividades que requeiram resposta coordenada dos braços e/ou pernas (ex.: pular corda, repicar e agarrar uma bola grande). Encoraje também a
criança para que desenvolva habilidade de usar as mãos no padrão de mão “dominante” e mão “ajudante” (ex.: segurarando a bola de tênis com uma mão para acertá-la com a raquete na outra mão).

4. Mantenha o ambiente o mais previsível possível quando for ensinar uma habilidade
nova (ex.: atirar a bola na altura exata das mãos da criança, iniciar chutando com a bola parada). Introduza mudanças gradualmente, e depois que cada parte tenha sido dominada.

5. Faça com que a participação seja o maior objetivo e não a competição. Por meio de preparo físico e de atividades que construam as habilidades, encoraje as crianças a
competir consigo mesmas e não com os outros.

6. Permita que a criança assuma papéis de liderança nas atividades de educação física
(ex.: capitão de equipe, árbitro). A criança pode desenvolver habilidades de organização e direção, que também são úteis.

7. Modifique o equipamento para reduzir o estresse e o risco de lesões em crianças que estão aprendendo uma habilidade nova. Por exemplo, bolas mais leves, de espuma e borracha com tamanhos graduados, ou balões, podem ser usados para desenvolver
habilidade de agarrar e arremessar.

8. Quando possível, guie passo-a-passo para ajudar a criança a ter a noção do movimento. Isso pode ser feito, por exemplo, pedindo à criança que ajude o professor a demonstrar uma habilidade nova à turma. Além disso, falar alto quando estiver ensinando uma nova habilidade, descrevendo cada passo claramente.

9. Foque na compreensão do objetivo e das regras dos vários esportes e atividades físicas. Quando a criança entende claramente o que ela precisa fazer, fica mais fácil planejar o movimento.

10. Faça comentários encorajadores e positivos sempre que possível. Se estiver dando instruções, descreva as mudanças nos movimentos de maneira específica (ex.: “Você precisa levantar seus braços mais alto.”).

Fonte:Cheryl Missiuna, Ph.D., O.T. Reg. (Ont.)

Tradução: Lívia C. Magalhães, Ph.D., TO (UFMG). Revisão: Jacinta Ribeiro

4 de abr. de 2012

A Importância de como Percebemos o Mundo

Diferentes áreas de funcionamento do sistema nervoso central determinam como nós sentimos, entendemos e reagimos ao mundo.
Como um primeiro esboço para entender estas particularidades biológicas do sistema nervoso central que fazem com que cada indivíduo perceba de forma única o mundo vale caracterizá-las por áreas de funcionalidade.

Do livro “The Child with Special Needs”, Stanley Greenspan e Serena Wieder classificam essas áreas de funcionalidade como:

- Reatividade sensorial: a maneira que nós percebemos as informações através dos sentidos;

- Processamento sensorial: como e quais sentidos nós damos às informações que percebemos no meio através dos nossos sentidos;

- Tônus muscular, planejamento motor e seqüenciamento: a maneira como usamos o nosso corpo e, mais tarde, os nossos pensamentos para planejar e executar uma resposta para as informações que entram em nosso corpo através dos sentidos.

Quando esses três sistemas trabalham harmonicamente eles criam um ciclo contínuo de feedback no qual nós internalizamos sensações como imagens e sons, reagimos a essas sensações com nossas emoções, e tentamos processar e entendê-las e assim organizar nossos pensamentos e comportamentos, além dos nossos sentimentos para interagir harmonicamente com o mundo. Porém, quando uma ou mais partes desse sistema não funciona ou interage bem com os outros, nós perdemos capacidade de funcionar num óptimo estado.

Sem a habilidade de ver, ouvir, cheirar, degustar ou tocar nós viveríamos em total isolamento, seríamos incapazes não somente de sentir, mas também de pensar, pois nós não teríamos nenhuma experiência e as experiências são a base para desenvolver idéias.

Além dos 5 sentidos mais conhecidos, existem os sentidos internos do corpo: o sistema vestibular e o proprioceptivo, estes sistemas são responsáveis pela habilidade de conhecer e reconhecer o próprio corpo, saber aonde ele está no espaço, saber aonde o “eu” termina e o mundo começa.

Esses sentidos nos parecem tão invisíveis por serem automáticos nas nossas ações diárias, mas uma falha no funcionamento ou integração pode ser ilustrada com uma passagem do livro “Sounds of the Gorilla Nation”de Dawn Prince-Hughes: “Eu geralmente não conseguia perceber as pessoas como entidades inteiras, mesmo quando relativamente relaxada. Agora, os pedaços ameaçadores da professora me rodeavam, atacavam-me por todos os ângulos. Eu me vi num furacão de horríveis sensações e criticismo descabido. Eu precisava da minha mãe e sabia que aquele demônio, em forma de sarcasmo que voava em pedaços tinha o poder de manter minha mãe longe de mim. Eu não me lembro como tudo terminou."

Além disso, o sistema vestibular e proprioceptivo permite nos sentirmos seguros e equilibrados quando nos movemos, sentamos ou ficamos em pé, também nos permite perceber a proximidade das outras pessoas sem nos sentir invadidos, além de nos dar alertas de proteção caso nos sentirmos em perigo ou ameaçados. Além disso, nosso afeto ou emoções também funcionam como uma maneira de perceber o que está acontecendo ao nosso redor.

As crianças em que os sistemas sensoriais funcionam em plena harmonia são capazes de perceber e interpretar bilhões de mini pedaços de sinais sensoriais enquanto eles masterizam a habilidade de interagir com as outras pessoas. Mas as crianças que tem o funcionamento do sistema sensorial comprometido ou que não funcione em harmonia com suas várias “partes” podem não perceber ou interpretar de forma peculiar estes pedacinhos de informações enquanto elas aprendem a interagir com o mundo. Aprender a focar a atenção, aprender a interagir e se relacionar com os outros, e a habilidade de aprender a se comunicar provavelmente serão afetados pelo sistema sensorial desbalanceado.

Milhões de vias neurológicas no cérebro interpretam os milhões de pedacinhos de informações sensoriais acumulativas que recebemos e percebemos a cada segundo através do sistema de processamento sensorial. É aqui que damos sentido ao que vemos, ouvimos, cheiramos, degustamos, tocamos e sentimos.

O processamento sensorial (dar sentido ao que sentimos e percebemos) é a primeira forma de processamento que ocorre no cérebro. Os recém-nascidos vivem em um mundo essencialmente sensorial; sua maior tarefa e desafio são lidar com todos os estímulos sensoriais que recebem. Porém, quase que imediatamente começa um segundo tipo de processamento, o cognitivo, que é a capacidade de perceber padrões e criar conexões entre as coisas e acontecimentos.

Um terceiro tipo de processamento que acontece no cérebro é o emocional ou afetivo e refere-se à nossa capacidade de interpretar os sinais emocionais que recebemos dos outros.

Uma das razões das dificuldades que as crianças com necessidades especiais têm com o processamento cognitivo e emocional é que ambos os tipos de processamentos dependem de estímulos sensoriais e em crianças com deficiência, a informação sensorial pode ser confusamente percebida. Quando recebido o estímulo sensorial, ele pode não ser percebido, ser muito forte e exagerado para ser processado ou pode não ter uma forma ou padrão reconhecível para a criança.

O processamento cognitivo que é o pensar, envolve a manipulação dos dados sensoriais que percebemos em volta de nós. Nós combinamos estes diversos dados em vários padrões sobre os quais podemos fazer julgamentos. A maioria de nós somos mais fortes em um sentido do que nos outros, por exemplo, algumas pessoas são mais visuais, isso quer dizer que conseguem receber o estímulo (informação) sensorial através da visão e fazer sentido dela mais facilmente do que se a informação estivesse sido passada oralmente, através de um estímulo auditivo, por isso nós tendemos a confiar um pouco mais sobre a informação que recolhemos através do sentido que é mais dominante.

O sistema de motor é o sistema que nos permite reagir à informação (estímulo) que percebemos no nosso meio. O planejamento motor é a forma de organizar e executar essas respostas motoras.

Dificuldades com o planejamento motor geralmente estão relacionadas com dificuldades gerais de seqüenciamento.

As complexas interações sociais entre as crianças envolvem tipos ainda mais dúbios de seqüenciamento de comportamento, as crianças são imprevisíveis, em comportamento e expectativas. Descobrir qual a distância que se deve manter de alguém numa interação, estar próximo mas não muito grudado que cause desconforto, ou não tão separado que não demonstre interesse, como ser assertivo sem ser agressivo, como brincar sem parecer desrespeitoso ou perigoso - estes e outros comportamentos sociais envolvem padrões complexos de seqüenciamento.

Criar conexões lógicas entre as palavras, idéias ou conceitos envolve também a capacidade de seqüenciação. Freqüentemente, comportamentos com características que pareçam ser um problema de deficit de atenção ou de organização, podem estar relacionados aos desafios subjacentes da capacidade de seqüenciamento.

Na prática, nossos sentidos que são a porta de entrada das informações que nosso corpo terá que processar, entender e reagir podem contribuir ou serem os fatores para diversos comportamentos, alguns exemplos:

Baixa ou não reatividade e sensações de desejo podem tornar algumas crianças ativas e distraídas.
A falta de planejamento motor pode fazer as crianças parecerem perdidas e desorganizadas.
Problemas de processamento auditivo ou visual-espacial pode levar a comportamentos fragmentados e dificuldade em seguir instruções ou regras.
Hipersensibilidade a sons, imagens ou toque pode facilmente fazer as crianças reativas, distraídas e ansiosas ou oprimidas.

Outros marcadores de uma possível dificuldade de processamento sensorial são crianças muito sensíveis ou medrosas, desafiadoras, egoístas, desatentas, excessivamente ativas e buscando sensações:

A reatividade sensorial ou dificuldades de processamento sensorial podem ser a causa para falsas interpretações das informações emocionais e afetivas das pessoas próximas a criança, acabando por culminar reações emocionais inapropriadas e muitas vezes extremas.

O como nós reagimos às sensações, processamos, planejamos nossos movimentos e seqüenciamos nossas ações afeta como nós funcionamos no mundo – como nos relacionamos com as pessoas a nossa volta, quanto somos capazes de comunicar nossos desejos e idéias e como nós vamos conseguir navegar, o muitas vezes conturbado e instável, mundo das emoções.

Um estudo de perfil individual é necessário para se determinar o programa de intervenção adequado. Deve-se observar como a criança reage aos diversos estímulos sensoriais, em diferentes dias e diferentes horários, deve ser observado os padrões de interação da criança com seus pais e parentes mais próximos e vice e versa, também devem ser observadas a linguagem e as capacidades cognitivas, assim como a saúde geral da criança.

Bibliografia:

Greenspan, S I; Wieder - "The Childwith Special Needs - Encouraging Intellectual and Emotional Growth
Prince-Huges, D (2004) - “Songs of the Gorilla Nation” My Journey Through Autism
Winner, M G - "Thinking about You; Thinking about Me - Teaching perspective taking and social thinking to persons with Social Cognitive Learning Challenges"

Texto retirado de: http://umavozparaoautismo.blogspot.com.br/2010/08/importancia-do-como-percebemos-o-mundo.html

2 de abr. de 2012

Vista AZUL e mostre consciência e compromisso com a causa do Autismo

Dia 02 de Abril comemora-se o Dia MUNDIAL de Conscientização do Autismo, data decretada pela ONU (Organização das Nações Unidas), desde 2008, pedindo mais atenção ao transtorno do espectro autista (nome “oficial” do autismo), cuja incidência no Brasil é em torno de 2 milhões, mais da metada ainda sem diagnóstico.

Ano passado o Brasil fez o maior evento de sua história para a data. E agora, em 2012, repete-se com ainda mais força, monumentos serão iluminados de azul, como o Cristo Redentor (no Rio de Janeiro), a Ponte Estaiada, o Viaduto do Chá, o Monumento à Bandeira, a Fiesp e a Assembleia Legislativa (em São Paulo), a torre da Unisa do Gasômetro (em Porto Alegre), o prédio do Ministério da Saúde (em Brasília) e muitos outros locais. No mundo estarão iluminados também vários cartões-postais, como o Empire State Building (nos Estados Unidos), a CN Tower (no Canadá) entre outros — é o movimento mundial chamado “Light It Up Blue”.

O azul foi definido como a cor símbolo do autismo porque a síndrome é mais comum nos meninos — na proporção de quatro meninos para cada menina. A ideia é iluminar pontos importantes do planeta na cor azul para chamar a atenção da sociedade, poder falar sobre autismo e levantar a discussão a respeito dessa complexa síndrome.

SENDO ASSIM, CONVIDAMOS TODOS OS NOSSOS LEITORES A VESTIREM AZUL, A SE PRONUNCIAREM E APOIAREM A CAUSA NO DIA 02 DE ABRIL DE 2012.

NÓS NOS IMPORTAMOS E SABEMOS QUE VOCÊS TAMBÉM!!!!

Dia 02 de Abril comemora-se o Dia MUNDIAL de Conscientização do Autismo


Porque é que a Terapia Ocupacional é importante para as crianças com autismo?

Neste artigo a terapeuta ocupacional Corinna Laurie, que exerce funções em contexto escolar e é diretora da “ Evolve Children’s Therapy...